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ONU: Diplomata mexicana vai liderar Convenção Quadro para Alterações Climáticas
O secretário-geral da ONU nomeou Patricia Espinosa, ex-ministra mexicana dos Negócios Estrangeiros, para o cargo de secretária-executiva da Convenção Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas (UNFCCC, sigla em inglês).
Patricia Espinosa, ex-ministra mexicana dos Negócios Estrangeiros, foi esta terça-feira nomeada para o cargo de secretária-executiva da Convenção Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas.
A escolha foi de Ban Ki-moon, que vai ainda consultar o organismo que Espinosa irá liderar, em substituição da antiga secretária-executiva Christiana Figueres.
Depois de confirmada a nomeação, será feito um anúncio oficial, indicou um comunicado da organização Business Green, depois de uma mensagem divulgada esta manhã na conta oficial na rede social Twitter de Figueres.
Depois de alcançado o Acordo de Paris no final do ano passado, Figueres anunciou que ia deixar o secretariado executivo da UNFCCC.
Espinosa é embaixadora do México na Alemanha desde 2013, tendo liderado antes as missões diplomáticas na Áustria, Eslovénia e Eslováquia.
Entre 2006 e 2012 ocupou as funções de ministra dos Negócios Estrangeiros no executivo de Felipe Calderón. Nesta qualidade, liderou a conferência sobre alterações climáticas de Cancun (México), em 2010, considerada um êxito e que permitiu lançar o trabalho que culminou no Acordo de Paris, depois do quase fracasso das negociações em Copenhaga em 2009.
Espinosa foi também representante do México na ONU, em Nova Iorque, para as questões do tráfico de droga, direitos humanos, desenvolvimento social, direitos das mulheres e das crianças.
O ex-ministro do Ambiente português Jorge Moreira da Silva era, com Espinosa, um dos finalistas para a nomeação ao cargo.
A notícia desta candidatura foi avançada no domingo pelo ex-ministro Luís Marques Mendes no comentário semanal no Jornal da Noite na SIC e Moreira da Silva confirmou ontem a informação, na sua conta pessoal no Facebook, afirmando que se candidatou no início deste ano e que já ultrapassara as fases do processo de selecção, constituindo-se como finalista ao cargo que reporta directamente ao secretário-geral da ONU.
Hoje, na sua conta no Facebook, Moreira da Silva felicitou Patricia Espinosa. "Caros amigos, acaba de ser anunciado. Foi escolhida Patricia Espinosa, ex-ministra dos Negócios Estrangeiros do México e actual Embaixadora na Alemanha. Estivemos os dois até ao fim como finalistas ao posto de Secretário-Executivo da Convenção Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas, com o ranking de Sub Secretário-Geral da ONU. Fomos os dois entrevistados por Ban Ki Moon na semana passada. Foi uma excelente escolha. Liderou com êxito a Cimeira de Cancun. Desejo-lhe o maior êxito agora na concretização do Acordo de Paris", escreveu.
Se a nomeação for confirmada, como esperado, Espinosa deverá garantir a ratificação do acordo, o cumprimento dos compromissos financeiros iniciais, o desenvolvimento do novo sistema de revisão dos progressos dos países e ultrapassar preocupações de algumas nações relativas ao acordo, tendo em vista a próxima conferência anual da ONU sobre alterações climáticas, em Novembro deste ano, em Marrocos.
A dimensão do desafio que se coloca à UNFCCC ficou clara num relatório divulgado na segunda-feira sobre a redução de emissões de gases com efeito de estufa que será conseguida se os países concretizarem as metas anunciadas (INDC).
Numa mensagem na rede social Twitter, Figueres alertou que as reduções de emissões prometidas pelos governos ainda não eram compatíveis com o objectivo do Acordo de Paris, que é manter o aumento da temperatura global do planeta abaixo dos dois graus centígrados (2ºC) em relação aos valores registados na era pré-industrial.
"O relatório actualizado de INDC mostra que o mundo está a melhorar, mas é precisa uma ambição maior", escreveu a antiga secretária executiva, que assumiu funções em 2010 e cujo mandato termina em Julho.