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O futuro da saúde está nos dados

Isabel Vaz, CEO da Luz Saúde, António Ferreira, médico e ex-presidente do Centro Hospitalar de S. João, e as mudança na saúde.

Isabel Vaz, CEO da Luz Saúde, sublinhou a dificuldade da mudança na saúde. David Martins
13 de Dezembro de 2017 às 11:10
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"Que está a ser feito nos hospitais em todo o mundo baseado no valor é uma estratégia tanto no sector privado com um tipo de pagadores, como no público enquanto pagador, mas nenhum de nós é remunerado pelo valor", começou por referir Isabel Vaz, CEO da Luz Saúde na mesa-redonda sob o tema "O Value Based Healthcare posto em prática".

A estratégia com base no valor exige o alinhamento de todos os "stakeholders". Hoje, a grande indústria da saúde, como os grandes equipamentos, os sistemas de informação, os hospitais, está a alinhar pelo valor, mas ainda falta a quem paga dar o último passo.

O medo da mudança

Isabel Vaz confessou que existe medo porque se está em mudança: "Temos medo porque se muda e o sector da saúde dá medo porque é um sistema tão complexo que nunca se sabe, quando se mexe numa variável, o que acontece a todas as outras variáveis, por isso, é natural que os movimentos de mudança não se dêem com a rapidez com que se gostaria."

Garantiu que o futuro está nos dados, nos grandes sistemas de inteligência artificial (IA) e na capacidade analítica de grandes volumes de informação. Contou que esteve com uns alunos de Medicina que estão na fase de escolha de especialidades. Diziam que as especialidades cirúrgicas iriam ser as mais tecnológicas. Mas Isabel Vaz disse-lhes que, "por acaso, as especialidades mais tecnológicas iriam ser a medicina interna e a medicina geral e família".

A ficção é real

António Ferreira, médico e professor da Faculdade de Medicina do Porto, assinalou que "da mesma forma que a inteligência artificial vai criar uma dicotomia entre a vida biológica e o que podemos chamar de vida tecnológica também na saúde vamos ter um grande desafio graças à IA, as tecnologias de 'deep-learning', 'e-learning', 'big data', informação estruturada e não estruturada".

O investimento nas tecnologias não fez o sector da saúde mais produtivo. António Ferreira
Médico, professor universitário e ex-gestor do Hospital de São João

Descreveu uma situação que poderá estar mais próxima do que parece. Um doente chega à urgência de um hospital, diz o nome, clica onde lhe dói, responde a perguntas estruturadas e dá informação não estruturada e o sistema informa o médico e o doente qual é o diagnóstico mais provável, qual é agente etimológico mais previsível, e quais serão as razões e qual poderá ser a terapêutica.

"Pergunta-se afinal para que é preciso o médico, o que cria um grande desafio aos profissionais de saúde. Este é também um instrumento para o 'empowerment' dos doentes, verdadeiro e não o interneteiro", sublinhou o antigo director clínico e presidente do Centro Hospitalar de São João.

Tecnologia sem impacto

Frisou ainda que a produtividade da saúde é baixa comparada com outras indústrias apesar dos biliões que se tem investido em tecnologia. Tem tido " impacto modestíssimo tanto na qualidade clínica, como no controlo de custos e na produtividade".

Explicou que se deve ao facto de se ter olhado para a tecnologia com o objectivo de substituir o papel pelos registos electrónicos. Mas hoje as tecnologias são "meios para transformar as unidades clínicas, melhorando os cuidados, a maneira como se recolhem os dados e transformando os dados em conhecimento, forjando novos modelos operacionais e de negócio".


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