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Montenegro admite falar com Costa sobre aeroporto, mas rejeita chantagem

O presidente eleito do PSD reconhece que "o país e Lisboa precisam de reforçar a sua capacidade aeroportuária", mas diz que o seu partido "não é nem vai ser a muleta do Governo".

Montenegro assumirá funções plenas na liderança do PSD a 3 de julho.
Ricardo Castelo
02 de Julho de 2022 às 10:00
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O presidente eleito do PSD, Luís Montenegro, admitiu esta sexta-feira à noite falar com o primeiro-ministro sobre a futura solução aeroportuária para a região de Lisboa, mas rejeitou chantagens.

"Eu próprio e, seguramente, a nova direção do PSD não aceitamos qualquer chantagem psicológica, política ou institucional nem sobre o 'timing' nem sobre o conteúdo da decisão", assinalou o novo líder social-democrata na sua primeira intervenção no 40.º Congresso Nacional do PSD, que decorre até domingo no pavilhão Rosa Mota, no Porto.

O novo líder social-democrata indicou que transmitirá "pessoalmente e em primeiro lugar ao primeiro-ministro a opinião do PSD sobre este assunto bem como a metodologia e as condições que os novos órgãos do PSD possam definir oportunamente como requisitos para um eventual diálogo".

No rescaldo da polémica com o ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, sobre a solução aeroportuária para Lisboa, Montenegro assegurou: "O novo líder do PSD não trata destes assuntos com ligeireza nem com estados de alma, nem o novo nem aquele que cessa funções".

O antigo líder da bancada social-democrata assegurou que o PSD tratará esta questão "com sentido de Estado e com sentido de proteção do interesse nacional".

Apesar de reconhecer que "o país e Lisboa precisam de reforçar a sua capacidade aeroportuária", Luís Montenegro assegurou que "o PSD não é nem vai ser a muleta do Governo quando o Governo é confrontado com a sua incompetência".

Falando em "balbúrdia", Montenegro exigiu algumas "explicações que ainda não foram dadas", a primeira das quais "o que andou o Governo a fazer" nos últimos sete anos para o país estar "exatamente como estava" quando António Costa foi eleito como primeiro-ministro pela primeira vez.

"Como é que o Governo quer ser levado a sério se o primeiro-ministro diz publicamente estar à espera da posição de um partido político para decidir quando o mesmo Governo tinha, mostrou e publicou no Diário da República uma decisão completa de A a Z?", questionou, continuando: "como podemos levar a sério um Governo e um primeiro-ministro que diz ao país que não tinha conhecimento não é do 'timing' em que isto foi conhecido, é do conteúdo concreto que aquele despacho que agora foi revogado continha".

E apontou que "ninguém acredita" que esta situação se possa "resumir a um erro de comunicação".

O presidente do PSD desafiou António Costa a esclarecer igualmente se "conhecia esta decisão no seu conteúdo", se sabia que "este caminho estava a ser trabalhado para poder ser apresentado", ou se "isto é mesmo roda livre" e "tudo isto é feito dentro do Governo sem o primeiro-ministro saber".

Considerando que "qualquer que seja a resposta é sempre mau", Montenegro salientou que "se sabia e ainda não disse é gravíssimo, se o primeiro-ministro não sabia e isto aconteceu tudo assim é igualmente gravíssimo".

Para o presidente eleito dos sociais-democratas, a polémica que envolveu Pedro Nuno Santos e António Costa constituiu "a mais inusitada, estranha e mal explicada briga entre um primeiro-ministro e um ministro em toda a história democrática".
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