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Quem tem de decidir aeroporto é o Governo, diz Montenegro

O líder do PSD descarta a responsabilidade do seu partido no impasse à volta da questão do aeroporto. "Temos um Governo que está a querer transportar o ónus da decisão para cima do PSD, mas a decisão é sua", indica Luís Montenegro.

Montenegro assumirá funções plenas na liderança do PSD a 3 de julho.
Ricardo Castelo
18 de Julho de 2022 às 16:30
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O presidente do PSD, Luís Montenegro, insistiu esta segunda-feira que é preciso o Governo explicar a publicação e posterior revogação do despacho sobre a nova solução aeroportuária para Lisboa, e adiantou que se vai encontrar com o primeiro-ministro "nos próximos dias".

Segundo Luís Montenegro, o Governo liderado por António Costa "tem apresentado um desnorte completo" em relação a esta matéria.

"O primeiro-ministro diz uma coisa, o ministro das infraestruturas diz outra, o ministro das infraestruturas diz uma coisa e depois diz o seu contrário passado uma semana, com um sorriso nos lábios, como se nada tivesse acontecido", acusa o líder social-democrata.

Montenegro afirmou ainda que no seu partido "não reina a confusão e a descoordenação que reinam na equipa do Governo", refutando a "narrativa que está a ser construída" de que a decisão está nas mãos do PSD.

"Temos um Governo que em sete anos não decidiu a questão do aeroporto. Temos um Governo que está a querer transportar o ónus da decisão para cima do PSD, mas a decisão é sua. Quem tem de decidir e quem lidera o poder executivo é o Governo. Se o Partido Socialista não está capaz de governar, pode ir embora, pode pedir a sua demissão. Não estou a pedir a demissão do Governo, estou a dizer que o Governo se está a demitir do cumprimento da sua função", salientou Luís Montenegro.Neg

Após uma visita ao Hospital de Braga, e questionado sobre quando é que se vai encontrar com o primeiro-ministro para transmitir a posição do PSD, Luís Montenegro disse que a reunião vai acontecer "nos próximos dias", acrescentando que o partido "tem uma posição" e que a vai transmitir "em primeira mão e olhos nos olhos" a António Costa.

"Foi muito grave o que aconteceu. E é preciso ainda ser explicado. Nós ainda não admitimos essa tese peregrina de que se tratou de um erro de comunicação. Há um problema grande de coordenação política dentro do Governo, há um problema que tem de ser esclarecido e há decisões que estão no despacho que foi revogado que têm de ser explicadas", disse o líder do PSD.

Para Luís Montenegro, as explicações que o ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, prestou numa audição na Assembleia da República, não foram suficientes.

"O ministro já esteve no parlamento e não quis explicar, também endossando para o PSD essas explicações. Era o que faltava. Não somos nós que vamos explicar a descoordenação entre o primeiro-ministro e o ministro das infraestruturas", declarou Montenegro.

Em 29 de junho, o Ministério das Infraestruturas publicou um despacho a dar conta de que o Governo tinha decidido prosseguir com uma nova solução aeroportuária para Lisboa, que passava por avançar com Montijo para estar em atividade no final de 2026 e Alcochete e, quando este último estivesse operacional, fechar o Aeroporto Humberto Delgado.

No entanto, no dia seguinte, o despacho foi revogado por ordem do primeiro-ministro, António Costa, levando Pedro Nuno Santos a assumir publicamente "erros de comunicação" com o Governo nas decisões que envolveram o futuro aeroporto da região de Lisboa.

"Nós assistimos ao episódio mais lamentável, mais insólito da história governativa de Portugal. Nós assistimos a um primeiro-ministro que diz uma coisa, a um ministro que faz outra, numa solução, que era uma solução de A a Z e que, passado algumas horas, fazem como se nada tivesse acontecido", sublinha o presidente do PSD.
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