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Krugman defende queda relativa dos salários de até 30% em Portugal

O prémio Nobel da Economia, Paul Krugman, acredita que a solução para os desequilíbrios na Zona Euro passa por uma descida dos salários nos países com menor competitividade da região. Dado que Grécia, Espanha e Portugal não podem desvalorizar a moeda, a solução passa por cortar nos salários, diz o professor de Princeton.

18 de Maio de 2010 às 09:22
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O prémio Nobel da Economia, Paul Krugman, acredita que a solução para os desequilíbrios na Zona Euro passa por uma descida dos salários nos países com menor competitividade da região. Dado que Grécia, Espanha e Portugal não podem desvalorizar a moeda, a solução passa por cortar nos salários, diz o professor de Princeton.

“Com uma moeda única, um ajustamento a choques requer ajustamento nos salários relativos – e como os países da periferia europeia passaram do crescimento à crise, o seu ajustamento tem de ser feito em baixa”, diz Paul Krugman no seu blogue do New York Times, de que é colunista. “Nesta altura, os salários na Grécia/Espanha/Portugal/Lituânia/Estónia, etc., precisam de cair qualquer coisa como 20 a 30% face aos salários relativos na Alemanha."

O economista, que esteve em Portugal em 1977, numa equipa do MIT onde estudava, começa por dizer que o que é “surpreendente e frustrante no debate sobre o destino do euro, é a forma como quase todos evitam confrontar a questão essencial”.

Mas ninguém está disposto a dizê-lo, “até o sempre pessimista e portanto realista” colunista do Financial Times, Wolfgang Munchau, diz que “nenhuma das medidas discutidas até agora sequer ensaiam uma resposta às questões de como a Espanha vai sair deste buraco e de como o hiato de competitividade será fechado”.

Depois de reiterar, em maiúsculas, que “os salários na periferia precisam de cair 20 a 30% relativamente à Alemanha”, o economista pergunta “quão difícil será conseguir isto?”

“A Letónia perseguiu uma austeridade incrivelmente draconiana. O desemprego cresceu de 6% para 22,3% - e os salários estão de facto a cair. Mas mesmo na Lituânia, os custos de trabalho caíram apenas 5,4% face ao seu pico; por isso serão exigidos anos de sofrimento para restaurar a competitividade”.

O debate em torno do euro, que aconteceu por volta de 1990 segundo Krugman, era justamente acerca do facto de “ninguém ter mercados de trabalho assim tão flexíveis”. Mas “se o euro não funciona com salários nominais altamente flexíveis, bem, então não funciona”.

“Em todo o caso”, concluiu ontem no seu blogue, “este é o meu discurso do euro da manhã”.

A Estónia e a Letónia não pertencem à Zona Euro mas não podem desvalorizar as suas divisas face ao euro porque estão em processo de adesão à moeda única.

Leia aqui o artigo de Krugman.


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