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Jovens querem IA como "tema de prioridade" na agenda política

Num painel dedicado aos jovens que estão a dar cartas na IA, Catarina Farinha e Mafalda Rebordão contaram a sua experiência com a IA e falaram sobre os desafios que se colocam em termos políticos, económicos e sociais. Ambas consideram que as políticas públicas devem ir além da regulação.

07 de Novembro de 2024 às 19:31
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O que pensam os jovens sobre a inteligência artificial (IA)? Duas jovens especialistas em inteligência artificial (IA) ouvidas na conferência do Negócios dedicada ao tema consideram que o tema deve ser "uma prioridade" na agenda política e apelam a políticas públicas mais focadas em "desbloquear" o potencial económico da inteligência artificial, para que conhecimento e inovação não sejam travados.


Num painel dedicado aos jovens que estão a dar cartas na IA na conferência do Negócios "O Poder de Fazer Acontecer 2.0", Catarina Farinha, AI Research Manager na Unbabel Labs, e Mafalda Rebordão, economista e especialista em inteligência artificial, contaram a sua experiência com a IA e falaram sobre os desafios que se colocam em termos políticos, económicos e sociais.


Com um mestrado em Engenharia Biomédica pelo Instituto Superior Técnico e doutoramento em Psiquiatria Computacional pela Universidade de Lisboa, Catarina Farinha trabalha com IA "ainda antes do boom" atual. "É preciso ter um bocadinho de cuidado para não travar a inovação, mas também garantir os resultados", argumenta.


Na Unbabel, a IA é usada para fazer tradução automática e "inteligente" para o cliente, que adapta a linguagem às diferenças culturais existentes, com Language Operations (LangOps). Além disso, Catarina Farinha está envolvida diretamente no projeto "Halo", que visa "dar voz literalmente" a doentes com Esclerose Lateral Amiotrófica, permitindo a essas pessoas a falar e escrever apesar da doença e das incapacidadas inerentes.


A Unbabel é líder do consórcio de IA Responsável, que vai investir 75 milhões de euros no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência. Nesse sentido, Catarina Farinha considera que é "fundamental para a inovação" haver uma maior proximidade entre as empresas e a academia, com "líderes de indústria que trazem os problemas, academia que resolvem as grandes questões e startups que comercializam ou fazem o seu produto e fazem a ponte entre a academia e as líderes da indústria".


Em termos de políticas públicas, defende que "é preciso ter as condições para desenvolver a sua atividade da forma a mais ágil possível e de forma responsável". A engenheira biomédica defende que é preciso "responsabilidade, respeitualidade, privacidade e garantir guidelines para garantir que as pessoas conseguem fazer isto de forma a mais simples possível, mas com a barreiras necessárias".


Por outro lado, Mafalda Rebordão, economista e especialista em inteligência artificial, considera que é preciso "criar as condições necessárias para que o primeiro a IA seja um tema de prioridade". A jovem terá começado a trabalhar com a IA na Google, quando estava numa área "mais comercial". "Fazia constantemente pitchs aos clientes de ferramentas que utilizavam inteligência artificial", como é o caso do Google Maps, Google Earth, etc, explicou. Agora que saiu da gigante tecnológica é uma espécie de ativista pelo bom uso da IA.


Segundo a economista, as políticas da União Europeia (UE) sobre IA têm-se focado em "regular o mercado e não regular o produto". "Há pessoas que consideram que a Europa está muito à frente da América do Norte, por ter conseguido colocar documentos - na verdade são 459 páginas muito difíceis de digerir sobre como é que o mercado ia ser regulado", disse, notando que as primeiras páginas são "usadas para definir a IA".


Para Mafalda Rebordão, é importante que as políticas públicas vão "além da regulação", que é apenas uma parte" do que é necessário fazer. A jovem especialista considera que é necessário também promover uma maior literacia "não é só sobre quem é o utilizador, ou seja, quem utiliza a tecnologia, ou as pessoas que podem desenvolver tecnologia, também é para quem pensa a parte pública".


A democratização do chatGPT veio, segundo a economista, trazer "uma série de debates" sobre o bom uso da IA, nomeadamente "se as pessoas vão perder os empregos" e de quem é a responsabilidade em caso de erros. "O output é sempre da responsabilidade do humana. E isto é uma coisa que tem que estar clara nas políticas públicas. É algo que deve ser, na minha opinião, regulado", disse.


Mafalda Rebordão deu como exemplo o Hospital de Santarém, onde foi feito um teste em que colocavam o chatbot a fazer a triagem. "A ideia era perceber qual se o chatbot era mais eficaz mais eficaz do que a triagem tradicional. A realidade é que mais de 60% das pessoas preferiam o chatbot, porque era um método muito mais rápido", notou.


A jovem salientou ainda que "em Portugal já se fazem coisas extraordinárias, apesar de nós acharmos sempre que lá fora está muito mais envolvida". "Há imensas startups e pessoas a trabalhar nesta área", disse.

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