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Antes das tarifas recíprocas já Fed estava preocupada com estagflação
A ata da última reunião de política monetária do banco central dos EUA revela que os responsáveis da Fed já receavam risco de inflação se manter elevada devido às tarifas alfandegárias.
A Reserva Federal (Fed) norte-americana manteve os juros diretores no intervalo entre 4,25% e 4,50% na sua última reunião de política monetária, realizada a 18 e 19 de março. O presidente do banco central, Jerome Powell, já vinha a dizer que não havia pressa no corte da taxa dos fundos federais e nessa reunião a Fed decidiu uma vez mais – depois de já o ter feito em janeiro – deixar os juros no nível onde os tinha colocado em dezembro passado (quando procedeu a um corte de 25 pontos base).
No entanto, o comunicado do Comité Federal de Mercado Aberto (FOMC) trazia algo novo, ao sublinhar que "a incerteza em torno do panorama económico aumentou".
Agora, com a divulgação da ata da reunião, é sublinhado que já nesse encontro os responsáveis da Fed tinham abordado o risco de estagflação – com o crescimento económico a abrandar e a inflação a manter-se elevada.
Nessa reunião, os membros do FOMC viam os riscos inflacionistas "com tendência de subida", ao mesmo tempo que viam o emprego "com tendência de descida". Alguns responsáveis apontaram mesmo para um panorama de "soluções de compromisso difíceis" se a inflação se revelasse persistente e, ao mesmo tempo, o crescimento e o emprego se debilitassem.
Desde a reunião de março – a próxima decorre nos dias 6 e 7 de maio –, o Presidente Donald Trump anunciou a 2 de abril "tarifas recíprocas" a mais de 75 países numa ação a que chamou dia da libertação. Estas tarifas entraram hoje em vigor, mas Trump acaba de anunciar uma redução na dimensão dessas taxas, durante 90 dias, para 10% no caso de os países em causa não retaliarem. A exceção é a China, sobre a qual os EUA intensificaram hoje as tarifas para um total de 125%.