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João Oliveira: "Há um problema de percepção dos resultados da intervenção do PCP"

João Oliveira entende que a mensagem do PCP é muitas vezes barrada e até deturpada. Quanto a vestir mais a camisola pelas medidas da geringonça, afirma: “há critérios de verdade na nossa acção política de que não prescindimos”. A entrevista ao líder parlamentar comunista para ler na íntegra esta terça-feira no Negócios.

09 de Outubro de 2017 às 22:12
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Nem o PCP assume uma derrota nas autárquicas, nem entende que esta resulte do apoio do partido à solução governativa. Mas admite que possa haver um problema de percepção do eleitorado, ao mesmo tempo que aponta o dedo à forma como a mensagem do PCP é barrada e até deturpada.


Há vários factores que ajudam a explicar os resultados decepcionantes da CDU em algumas autarquias. O PCP reconhece que um desses factores é nacional e relacionado com a solução política de governação que existe em Portugal.

Primeiro, não acho que os resultados da CDU se possam classificar como decepcionantes.


Não lhe parece que o PCP pode não capitalizar devidamente muitas das medidas aprovadas?

Talvez haja ainda um problema de percepção daquilo que é resultado da acção e intervenção do PCP.  Admitimos que possa haver uma dificuldade, do ponto de vista da visibilidade da nossa acção e intervenção em relação aos resultados, que tem de ser ultrapassada.

"Pode haver uma dificuldade  do ponto de vista de visibilidade da nossa acção." 

Como é que poderia melhorar?

Há aspectos que não são do nosso controlo. A barragem que muitas vezes é feita à informação sobre a nossa acção e intervenção e por vezes até a deturpação, atribuindo a outros coisas que resultam da nossa iniciativa, é um problema real que não resulta da nossa opção e decisão.

Quando o PCP fala do aumento do salário mínimo, fala do aumento do Governo, insuficiente na sua opinião. Não era mais vantajoso se o PCP vestisse a camisola pelas medidas?

O mais fácil que pode haver é a adesivagem a propostas que outros apresentam. A técnica da adesivagem não é nenhuma novidade, nem é uma coisa pouco praticada. Muitas vezes se calhar até pode dar resultados imediatos. Agora, há critérios de verdade na nossa acção política de que não prescindimos. Se propomos um aumento do salário mínimo para 600 euros e o Governo entende aprovar um aumento inferior, naturalmente não podemos dizer que foi aprovada a proposta do PCP.

"Não reclamamos como nossas iniciativas tomadas por outros. Adesivagem não é connosco."

Seria mais fácil se o PCP integrasse o Governo. As pessoas tendem a considerar que quem dá o aumento é o Governo.

As questões da participação no Governo não podem ser vistas com base nessa lógica. Não havendo uma identificação ao nível do programa do Governo... 

Há uma luta entre o Bloco de Esquerda e o PCP para terem dividendos pelas medidas pelas quais se bateram. Não há aqui falta de articulação entre os dois partidos?

Batemo-nos pelos objectivos que consideramos justos. Não reclamamos como nossas medidas que são discutidas ou iniciativas que são tomadas por outros. Isso não fazemos, de maneira nenhuma. Adesivagem não é connosco.

Nada está decidido sobre Lisboa 

"Nada". Em Lisboa, nada está definido sobre a solução governativa da cidade, agora que a lista do PS, liderada por Fernando Medina, perdeu a maioria absoluta. João Oliveira sublinha que "não há uma solução que encaixe em todas as situações de Norte a Sul do país" e que cada caso é um caso. "Essa avaliação tem de ser feita e tenho a certeza que esta está a ser feita". Porém, sobre se estão a decorrer negociações, nem uma palavra. "Sobre isso não consigo dizer-lhe porque não sei mesmo". Recorde-se que o Bloco de Esquerda já admitiu estar em negociações com o PS sobre eventuais entendimentos.

PCP nega tensão na geringonça

"Nem mais tensa, nem menos tensa". O líder parlamentar do PCP rejeita qualquer desgaste na relação entre os partidos que formam a chamada geringonça. "Nunca alimentámos qualquer ilusão", começa por dizer, sublinhando que o PCP "conhece bem os partidos portugueses". João Oliveira garante que não há qualquer tipo de tensão entre os partidos que garantem apoio parlamentar ao Governo, "a não ser a tensão que temos e que é preciso manter para resolver os problemas que falta resolver e para completar a solução dos problemas que ficaram só resolvidos pela metade".

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