A imprensa oficial chinesa criticou hoje as acções dos Estados Unidos em resposta aos ataques terroristas de 11 de Setembro, no dia em que se cumprem cinco anos após os atentados.

O editorial do jornal com maior circulação no país, o Diário do Povo, jornal oficial do Partido Comunista Chinês, considera que as acções dos Estados Unidos foram "erróneas" e tiveram mais consequências para o mundo do que os atentados de 11 de Setembro de 2001, onde morreram mais de três mil pessoas.

"É justo dizer que o 11 de Setembro mudou os Estados Unidos. Mas o que verdadeiramente mudou o mundo foi a resposta errónea dos Estados Unidos ao 11 de Setembro, em especial a guerra no Iraque," considera o editorial assinado por Y uan Peng, investigador do Instituto Chinês de Relações Internacionais Contemporâneas, uma instituição governamental.

O facto do editorial do Diário do Povo ter sido publicado com assinatura torna-o menos representativo da posição oficial da China do que um editorial não assinado.

O maior jornal oficial chinês em língua inglesa, o China Daily, que se dirige aos leitores estrangeiros a viver na China, fez uma crítica mais oblíqua a Washington.

"Há cinco anos atrás, foi um dia negro para a humanidade. É ainda mais trágico que alguns não tenham ainda retirado lições da tragédia", refere o editorial do China Daily.

"A resposta para o terrorismo, o maior problema que o governo enfrenta hoje em dia, só será dada se as causas que estão na sua raiz forem descobertas e erradicadas", adianta o jornal.

O governo chinês fala com frequência na necessidade de atacar as "causa s do terrorismo" referindo-se, segundo analistas, ao aumento do fosso entre ao p aíses mais ricos e mais pobres, à política externa norte-americana para o Médio Oriente e ao crescimento global do extremismo religioso.

A 11 de Setembro de 2001, os Estados Unidos da América foram vítimas do maior ataque terrorista de sempre, quando dois aviões de passageiros embateram nas duas torres do World Trade Center, em Nova Iorque e, pouco depois, outro aparelho despenhava-se sobre uma das alas do Pentágono, em Washington enquanto um quarto caía num descampado, na Pensilvânia.