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Helena Roseta para António Costa: “É preciso merecer o poder que se tem”
O Governo não esteve à altura. Foi incompetente. Falhou e não foi capaz de perceber a dimensão da tragédia. Num texto duro e pontuado de críticas, a deputada independente eleita nas listas do PS deixa um recado a Costa: “É preciso coragem para reconhecer os erros”.
"É preciso merecer o poder que se tem. É preciso coragem para reconhecer os erros e mudar o que tem de ser mudado. Devemos isso aos que morreram pela nossa inépcia". O recado é directo e tem destinatários concretos: o Governo e o primeiro-ministro. Num texto de opinião publicado no jornal Público desta quinta-feira, 19 de Outubro, Helena Roseta, deputada independente eleita nas listas do PS, faz uma análise dura aos acontecimentos dos últimos dias e da actuação dos responsáveis públicos.
"Sabia-se do clima e da meteorologia, das elevadas temperaturas, do tufão "Ophelia" e da seca generalizada. E que no Outono as pessoas começam a fazer as suas queimadas. Ninguém se preocupou em alertar o país rural para o perigo dessa prática este ano? O Governo esteve à espera de relatórios independentes, sabemos bem, mas que medidas imediatas tomou? Por que é que o Ministério da Administração Interna não conseguiu sequer programar devidamente a disponibilidade de meios aéreos e no terreno? Desculpem, mas isto tem um nome: incompetência", escreve a deputada.
Dura nas palavras, Roseta não poupa nas críticas, certeiras e direccionadas: No meio do "colapso do sistema nacional de protecção civil" e perante "pessoas desamparadas" que tentavam "apagar as chamas com baldes e enxadas e acabavam a chorar os seus mortos, não se pode dizer-lhes que sejam resilientes. Nem falar em férias sacrificadas. Nem voltar a remeter para relatórios. Não se pode", sublinha.
"O Estado falhou e o Governo não foi capaz de perceber a dimensão da tragédia. Como disse o Presidente da República, é preciso "humildade cívica e ruptura com o que não provou ou não convenceu", lamenta.
Salientando, embora, que "há causas estruturais que não se vencem de um dia para o outro", Helena Roseta sublinha que "não estivemos à altura". Depois de Pedrógão, "uma tragédia imensa que nos apanhou de surpresa, tínhamos o dever da vigilância, da previsão e da prontidão para mobilizar os meios que impedissem um novo desastre. Não fomos capazes", conclui.