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FMI: Alemanha tem de crescer mais pela procura interna (act.)

A Alemanha tem tido um desempenho macroeconómico "notável", mas já começou a ressentir-se da degradação da conjuntura – na Zona Euro, mas também nos EUA e Ásia, mercados que têm alimentado o crescimento do seu sector exportador. Circunstâncias que forçam a uma recuperação agora mais assente na procura interna, que ajudará também a reduzir os desequilíbrios na Zona Euro.

03 de Julho de 2012 às 14:23
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O Fundo Monetário Internacional (FMI) apresentou hoje novos números para o desempenho da economia alemã, estimando que, depois de ter crescido 3,1% no ano passado, o PIB se expanda 1% neste ano, projectando para 2013 uma nova aceleração, para 1,4%.

Em Abril, aquando da divulgação das Perspectivas Económicas Mundiais, o FMI inscrevera uma previsão de crescimento do PIB de 0,6% para este ano e de 1,5% para o próximo. Os técnicos da instituição liderada por Christine Lagarde (na foto) esperarão agora uma dinâmica mais forte neste ano, mas ligeiramente mais lenta em 2013.

Os novos números acompanham a análise mais detalhada anualmente realizada pelo FMI ao abrigo do artigo IV dos seus estatutos, que obriga os Estados-membros da organização a submeterem a avaliação a sua política económica para averiguar se esta é compatível com a estabilidade económica e financeira mundial.

Escreve o FMI que a economia alemã tem registado um desempenho "notável", com taxas de crescimento em 2010 e 2011 acima de 3% e com um desemprego no patamar mais baixo desde a reunificação - desempenho que está agora mais comprometido dada as incertezas e degradação da conjuntura que assola a Zona Euro, mas também EUA e Ásia, mercados que têm alimentado o crescimento do seu sector exportador.

Crescer por "dentro" ajudará os de fora

"Várias condições estão agora presentes na Alemanha para que uma recuperação seja liderada pela procura interna", considera o Fundo, ao salientar o facto de, "ajudado pelas reformas implementadas na primeira década de 2000, o mercado de trabalho estar a caminhar para uma taxa natural de desemprego [rondará neste actualmente 5,3%]", o que tem levado à subida dos salários (2% em termos nominais, quase 3% na massa salarial).

Vários economistas têm pedido para que a Alemanha consuma mais e compre mais dos seus parceiros do euro, ajudando-os a combater a recessão e os défices externos, que contrastam com um sólido excedente alemão. O FMI deixa essa mensagem implícita, ao escrever que a Alemanha está em condições de tolerar uma taxa de inflação "algo mais elevada do que na média da Zona Euro", ajudando a reduzir o fosso competitivo entre as economias do centro e da periferia.

"Além deste processo natural, a adopção de políticas para encorajar mais investimento e aumentar o potencial de crescimento através de fontes domésticas poderia também desempenhar um papel" nesse processo de redução dos desequilíbrios macroecomicos instalados na Zona Euro.

A parte do relatório mais política, assinada pelos directores e não pelos técnicos do FMI, sublinha essa mensagem de forma clara, ao alertar para o lugar "pivôt" da Alemanha na tarefa de reduzir os desequilíbrios na Zona Euro e até globais. "Pedimos às autoridades alemãs que continuem a trabalhar com os parceiros europeus para definir uma estratégia clara e concreta para alargar a resposta europeia à crise" e "apelamos às autoridades [alemãs] que implementem políticas para fortalecer o crescimento da procura interna, o que gerará benefícios importantes para a Zona Euro e para a economia global".


(notícia actualizada às 14h25)
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