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FMI volta a atirar Portugal para pódio das dívidas mais elevadas

Previsões da instituição, que não tem ainda em conta os resultados das contas públicas em 2022, apontam para um rácio de endividamento de 112,4% do PIB no final deste ano. O Governo espera 110,8%.

Vítor Gaspar lidera o departamento de Assuntos Orçamentais do FMI.
Michael Reynolds /Epa
12 de Abril de 2023 às 13:02
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O Fundo Monetário Internacional agravou as previsões quanto à evolução do nível de dívida pública portuguesa nesta quarta-feira, com as novas projeções a voltarem a atirar Portugal para o terceiro lugar no pódio dos rácios de endividamento mais elevados da Zona Euro.

 

Em outubro, o departamento de finanças públicas do FMI, dirigido pelo ex-ministro das Finanças Vítor Gaspar, antecipava um resultado melhor, e em linha com as expectativas do atual titular da pasta, Fernando Medina, de colocar a dívida pública nacional junto do grupo constituído por Espanha, França e Bélgica, que ocupavam em 2021 as quarta a sexta posições nos rácios mais elevados de dívida relativamente ao PIB.

 

O FMI esperava então que Portugal chegasse ao final destes ano com 111,2% do PIB no nível de endividamento, atrás de Grécia, Itália, França e Espanha, passando ao quinto rácio mais alto no espaço da moeda única.

 

Mas o novo Monitor Orçamental da instituição, com projeções atualizadas para a evolução das finanças públicas dos países que apontam para uma subida dos níveis de endividamento global, vê agora Portugal com a dívida pública a pesar no final deste ano 112,4% do PIB, mais 1,2 pontos percentuais do que nas previsões de há seis meses.

 

Na proposta de Orçamento do Estado para 2023, o Governo espera  reduzir a dívida pública a 110,8% do PIB.

 

Com a evolução prevista pelo FMI, contudo, o país mantém a terceira posição no pódio das dívidas da Zona Euro, atrás de Grécia (166% do PIB) e Itália (140,3%). Já França surge com 111,4% do PIB, Espanha com 110,5%, e Bélgica com 106%.

 

Neste grupo, só Portugal e Bélgica (0,9 pontos percentuais) veem as previsões agravadas, com o FMI a melhorar os dados para a Grécia em 3,8 pontos percentuais, para Itália em 5,8 pontos percentuais, e para Espanha em 1,6 pontos percentuais.

 

Nas projeções, porém, o FMI não considera ainda os resultados das contas públicas de 2022, que colocaram o rácio de endividamento público nacional em 113,9% do PIB no final do ano passado, numa quebra apoiada pela inflação e pelo encaixe extraordinário de receitas. No Monitor Orçamental continua a figurar uma estimativa para o peso de dívida de 116% do PIB em 2022.


Também para 2024, as projeções do departamento de finanças públicas do FMI continuam a oferecer uma posição relativa pior para Portugal do que aquela que era esperada em outubro. O país surge no quarto lugar das dívidas públicas do euro, com 108,6% do PIB, mas agora sendo ultrapassado por França. E só em 2027 o fundo admite que o rácio nacional da dívida pública fique abaixo dos 100% do PIB.

 

Os dados do FMI socorrem-se, para Portugal, da proposta de Orçamento do Estado para 2023 e das projeções atualizadas de crescimento do PIB para o país, que a instituição vê crescer apenas 1% neste ano, abaixo dos 1,3% previstos pelo Governo.

 

Também relativamente ao saldos das contas públicas, a atualização do Monitor Orçamental, apesar de melhorada face a outubro, continua a ficar aquém do que espera o Governo. A previsão de défice do ministro das Finanças é de 0,9% do PIB, com o FMI a apontar para 1,2% (ainda mantém os 1,9% de défice para 2022, previstos no Orçamento do Estado de 2023, apesar do resultado final de défice de 0,4% no ano passado).

 

Já no saldo primário, livre de despesas com juros, as novas projeções apontam para 1,1% de excedente em 2023, abaixo dos 1,6% previstos na proposta de Orçamento do Estado para este ano.

 

No saldo primário ajustado do ciclo, indicador que ajuda a avaliar o carácter mais expansionista ou restritivo das políticas orçamentais, o FMI conta com um excedente de 0,7%.

 

As novas projeções do FMI apontam para níveis de endividamento público que serão de uma forma global mais elevados neste ano, crescendo a um ritmo mais rápido que antes da pandemia por influência das duas maiores economias do mundo, China e Estados Unidos, que deverão aumentar consideravelmente os rácios de endividamento em 2023.

 

Já o resto do mundo vê tendencialmente os níveis de endividamento regredirem, mas mais lentamente após a forte inflação inesperada e a recuperação económica de 2022 terem sustentado reduções expressivas. O FMI já avisou que o mesmo fator surpresa já não estará presente em 2023, com uma chamada à consolidação orçamental nos países mais endividados.

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