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Durão Barroso pede aos embaixadores mais sensibilidade para a economia
O primeiro-ministro Durão Barroso admite que os embaixadores portugueses estão «pouco sensibilizados» para as questões económicas, situação que pretende mudar com o novo modelo de diplomacia económica hoje apresentado.
Durão Barroso, ele próprio ex-ministro dos Negócios Estrangeiros, considera que «há ainda muito por fazer na diplomacia portuguesa. Os embaixadores estão pouco sensibilizados para as questões económicas e isto não pode continuar».
Já o ministro da Economia, Carlos Tavares, salientou, na mesma sessão, que as principais vantagens do novo modelo são «o efeito multiplicador do enquadramento político dos temas económicos, a transparência e simplicidade operacionais, a rapidez de implantação, a garantia de representação unificada de Portugal no exterior».
O primeiro-ministro deposita a sua confiança no modelo, afirmando que «este cenário vai mudar com os novos mecanismos».
Carlos Tavares estima que as primeiras mudanças vão ocorrer a curto prazo. «Queremos que este modelo produza resultados já este ano», referiu o governante.
Mas o embaixador de Espanha, João Rosa Lã, disse ao Negocios.pt que «não podemos esperar que daqui a um ano os problemas já estejam todos resolvidos».
Novo modelo de diplomacia económica arranca hojeO modelo aponta para uma dupla dependência em matéria económica dos Embaixadores aos ministérios dos Negócios Estrangeiros e da Economia.
Nas capitais onde exista uma embaixada e uma delegação do ICEP, o Governo irá proceder, gradualmente, à co-localização física das estruturas.
Quando o ICEP não estiver presente, as Embaixadas vão substituir as suas estruturas. Nos países onde a capital económica não coincida com a capital política, as estruturas do ICEP instalar-se-ão nos consulados-gerais.
Os delegados do ICEP no exterior passarão a desempenhar nas embaixadas e consulados-gerais o cargo de conselheiro económico e comercial ou de cônsul adjunto para questões económicas e comerciais.
O ministro dos Negócios Estrangeiros, Martins da Cruz, salientou que «estamos a fazer o que os outros começaram a fazer há 20 anos atrás». O governante fez, neste sentido, um apelo aos embaixadores para que «incluam nas agendas as preocupações em defender o comércio, incentivar o investimento e atrair o turismo».
O objectivo do modelo é evitar duplicações e desperdício de recursos na representação externa do Estado. Sem avançar com um número, o ministro da Economia garante que «as poupanças estimadas serão muitas, até porque não temos dimensão, nem interesse em ter duas redes externas que trabalham separadamente»».
Na segunda fase, o Governo vai dedicar-se à definição de fórmulas para os recursos humanos, financeiros e físicos, necessários à operacionalidade do modelos e dos mercanismos da nova diplomacia económica. O Executivo estima que a segunda fase esteja concluída dentro de 18 meses.
Questionado sobre o destino dos mais de 900 empregados do ICEP, Carlos Tavares limitou-se a afirmar que «não lhe posso dizer se haverá redução de pessoal».
A actual da diplomacia portuguesa é baseada num modelo de afastamentos entre as delegações comerciais do ICEP e embaixadas. A localização física destes organismos é prova disto mesmo, sendo a co-localização inferior a 50%. Em apenas 17 dos 49 países em que o ICEP está presente, existe uma partilha de instalações com a missão diplomática.
Espanha é o mercado prioritário para as empresas portuguesas«As empresas portuguesas têm de se concentrar em mercados-alvo: o ibérico, o europeu, o americano, o asiático e outros como o africano que constituam janelas de oportunidade», salientou Martins da Cruz.
O responsável ressalvou, porém, que «não se devem descurar os mercados emergentes com potencial de expansão, como é o caso do Brasil».
Espanha é indicado pelo Governo como o mercado prioritário para as empresas portuguesas. «É o nosso mercado natural», lembrou Carlos Tavares.
Além disto, o embaixador de Portugal em Espanha, disse que «é preciso diminuir o défice comercial que temos lá. Mas mais do que isso, é importante que as empresas nacionais invistam no país vizinho».
Segundo o responsável, «o investimento de Portugal em Espanha já é maior do que ao contrário», sem avançar com valores.
Por Ana Pereira e Tânia Ferreira