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Declarações de Merkel recebidas pelos partidos entre a crítica e a aprovação

As declarações da chanceler alemã, Angela Merkel, de que a Madeira constitui um mau exemplo da aplicação dos fundos estruturais europeus, merecem opiniões favoráveis e desfavoráveis das forças políticas da Região.

08 de Fevereiro de 2012 às 13:38
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Numa palestra com estudantes, a chanceler sublinhou que na região autónoma as verbas "serviram para construir túneis e auto-estradas, mas não para aumentar a competitividade".

O vice-presidente da Assembleia Legislativa e ex-vice presidente do Governo Regional e responsável pelo Plano e Finanças, Paulo Fontes, lembra que a Madeira, durante muitos anos, "foi considerada uma região europeia com excelente aproveitamento dos fundos estruturais" pelo que as declarações de Ângela Merkel têm de ser apreciadas no actual contexto de crise económica e estrangeira.

Realça que houve um grande investimento em Obras Públicas mas que "numa fase de crise económica devem ser direccionados mais para o apoio à economia e para as empresas e todos nós sabemos isso, isso é das regras".

Paulo Fontes defende também que, no actual contexto, os fundos devem aplicados para fomentar a economia ao invés de "fazer construção ou infra-estruturas" e lembra que "os planos são aprovados na União Europeia" - "se há alguma discordância isso tem a ver com os últimos anos", disse.

Lino Abreu, deputado do CDS/PP-M, diz que as declarações da chanceler "são previsíveis e são aquilo que nós andamos a dizer há muitos anos porque a política do betão não cria valor acrescentado à economia".

"Infelizmente temos hoje infra-estruturas que eram desnecessárias o facto é que hoje temos estruturas que não têm riqueza para passar em cima delas, não se criou capacidade produtiva, não se criou riqueza, não se criou economia de forma a justificar as infra-estruturas que foram feitas", acrescentou o deputado centrista.

Para Lino Abreu, a chanceler alemã "tem toda a razão em dizer que havia algumas infra-estruturas necessárias no início da nossa autonomia mas o que é um facto é que muitas delas, especialmente nos últimos dez anos, foram investimentos que não eram prioritários".

Vítor Freitas, deputado e presidente do PS-M, realça, em primeiro lugar, que a chanceler alemã "vai ficar na História da Europa como alguém que não esteve à altura do momento de crise que a Europa atravessa".

Sobre as declarações proferidas, Vítor Freitas reconhece que "de fato existiu aqui mau investimento por parte do Governo Regional e que devia ter sido potenciado na economia".

"O que interessa é o futuro e que o a-tual QREN e fundos estruturais que temos à disposição sejam aplicados naquilo que interessa ou seja nas empresas", refere o presidente dos socialistas madeirenses.

Vítor Freitas considera preocupante afirmações deste tipo feitas em fóruns internacionais devido "aos custos de credibilidade para a Região Autónoma da Madeira e para os madeirenses".

"Há duas situações na Europa de governos que esconderam dívida - o caso grego e o caso da Região Autónoma da Madeira - e hoje a região é confrontada com dirigentes europeus a darem declarações que nos colocam numa situação muito grave em termos de credibilidade europeia que poderá ter custos quer ao nível do turismo, quer em outros níveis nas negociações com a banca", acentua.

"Apesar de terem algum conteúdo de verdade, são declarações infelizes que prejudicam a Madeira e os madeirenses", finaliza.

Para o deputado e coordenador regional do PCP-M, Edgar Silva, "é a confirmação, a nível internacional, de que houve ao longo de tantos anos, na Madeira, um investimento irracional".

"O que choca mais são os berbicachos e se a senhora Merkel ficou escandalizada com o fato de os fundos estruturais tenham contribuído para termos estradas bonitas (...) mas como não ficaria a chanceler quando percebesse que boa parte desses fundos foram para berbicachos, para projectos, alguns inaugurados duas e três vezes e que nunca foram concluídos, com milhões e milhões que vieram da União Europeia para elefantes brancos, alguns inaugurados mas que continuam fechados e não têm qualquer utilização", apontou.

"A senhora Merkel está escandalizada com o fato de os fundos estruturais terem garantido um investimento não reprodutivo como não ficaria a senhora se tivesse a lista dos cerca de 80 a 100 berbicachos que se multiplicaram ao longo dos 30 anos de autonomia que serviram apenas para inaugurar obras de carácter eleiçoeiro", acrescentou. "Acho que a senhora aí ficaria de cabelos em pé", concluiu.

Rui Almeida, deputado do PAN, considera também que houve "um exagero" na aposta em obras públicas em detrimento do apoio industrial "pelo que não censuramos as declarações pois vêm também no sentido da nossa apreciação".

Roberto Vieira, do MPT-M, acha também que algum dinheiro foi mal gasto mas realça o esforço que foi feito das pessoas que vivem em lugares distantes em acederem com facilidade ao centro da capital que é o Funchal.

"Algum dinheiro foi mal gasto mas a sua maioria foi uma mais-valia para a Região", declara.

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