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Crédito malparado em Portugal e Itália preocupa economista-chefe do FMI

Maurice Obstfeld, economista-chefe do FMI, já tinha alertado no início deste mês que a instituição estava preocupada com a banca portuguesa. Veja o que disse na entrevista ao Negócios.

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O FMI citou hoje a banca portuguesa e italiana como uma das principais fragilidades da economia mundial. No relatório publicado esta terça-feira o FMI nada mais diz sobre o assunto, mas o economista-chefe da instituição já tinha alertado sobre esta preocupação.

 

Foi em entrevista ao Negócios, publicada a 4 de Julho, cujo excerto agora recuperamos:

  

Depois das reformas dos últimos anos no sistema financeiro e nos bancos, estamos mais seguros?
Estamos sem dúvida mais seguros. Os bancos estão melhor capitalizados e isso é significativo. E as alterações de regulação também foram positivas. Não quer dizer que não exista margem para melhorias. Mas se olharmos para as reacções ao Brexit, os mercados continuaram a funcionar suavemente, apesar dos receios de falta de liquidez.

Como pode a indústria bancária sobreviver num contexto de taxas de juro baixas?
Os  lucros dos bancos estão mais baixos, mas os lucros estão baixos em toda a economia, pois o crescimento é baixo. Eu vejo as taxas de juro baixas como uma resposta a esse crescimento baixo. Por isso não há muito que se possa fazer. Se alguns bancos fecharem, haverá menos bancos e mais bancos lucrativos. Em alguns países, há claramente bancos a mais: Itália é novamente um exemplo. Mas estou eu preocupado que as pessoas não consigam aceder a serviços bancários? Não, não estou.

Qual o seu nível de preocupação com a situação da banca na Europa?
É sem dúvida desafiante. Alguns países têm elevados níveis de crédito malparado – o que inclui Portugal e Itália; e em geral a valorização de mercado dos bancos é muito baixa quando comparada com os valores inscritos nos balanços, o que indica falta de confiança da rendibilidade da banca e dos modelos de negócio daqui para a frente. A saúde do sistema bancário é sem dúvida uma preocupação.
 
A Europa deveria considerar um programa europeu de recapitalização da banca?
Numa união bancária completa seria isso que aconteceria porque, em princípio, é uma boa ideia. Mas a política em torno disso é intratável devido às responsabilidades que estão nos bancos e que vêm do passado e a preocupações de política interna.

Temos na união bancária um instrumento para a recapitalização directa dos bancos através do Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE)...
Não estamos num ponto que permita isso. A dimensão política seria muito difícil. Não apenas a dimensão externa, mas também a política interna. Não estou por exemplo a ver o Governo português a querer um programa do MEE. Mas se não for possível limpar os balanços de forma expedita, há obviamente espaço para a instabilidade financeira.

 

Excerto da entrevista a Maurice Obstfeld, economista-chefe do FMI, publicada no Negócios a 4 de Julho

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