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Costa só fala de Pedro Nuno Santos no regresso a Portugal

O primeiro-ministro não quis comentar uma possível saída do ministro das Infraestruturas, por se encontrar no estrangeiro. Promete falar ao regressar a Portugal, esta tarde.

António Costa considera que a inovação empresarial deve ser “alimentada e fortalecida” com reforço no PRR.
José Sena Goulão/Lusa
30 de Junho de 2022 às 12:24
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O primeiro-ministro, que falou aos jornalistas esta quinta-feira a partir de Madrid, onde representou Portugal na cimeira da NATO, remeteu qualquer declaração sobre a possível demissão do ministro das Infraestruturas e da Habitação para o regresso ao solo português.

"Como sabem, tenho uma regra: não comentar no exterior assuntos de política nacional", reiterou, acrescentando que o comunicado emitido pelo seu gabinete transmite "obviamente" a sua opinião. António Costa vai convocar uma conferência de imprensa ainda esta tarde, apurou o Negócios.

Também o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, não fez qualquer comentário sobre a situação durante uma conferência de imprensa conjunta com o homólogo da Nigéria, Muhammadu Buhari, que decorreu esta quinta-feira no Palácio de Belém e que não teve direito a perguntas por parte dos jornalistas.

A polémica instalou-se esta quinta-feira, após o gabinete do chefe do Governo emitir um comunicado a desautorizar o ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, que, na quarta-feira, anunciou a construção de um aeroporto em Alcochete, como solução definitiva para os problemas aeroportuários em Lisboa.

A decisão foi publicada num despacho em Diário da República, assinado pelo secretário de Estado das Infraestruturas, Hugo Santos Mendes, do gabinete de Pedro Nuno Santos, na quarta-feira, mas, menos de 24 horas depois, foi anulada por António Costa.

"O primeiro-ministro determinou ao ministro das Infraestruturas e da Habitação a revogação do despacho ontem [quarta-feira] publicado sobre o Plano de Ampliação da Capacidade Aeroportuária da Região de Lisboa", refere a nota enviada as redações, acrescentando que "a solução tem de ser negociada e consensualizada com a oposição, em particular com o principal partido da oposição e, em circunstância alguma, sem a devida informação prévia ao senhor Presidente da República". 

Ainda antes de o primeiro-ministro falar aos jornalistas, já os partidos reagiam a partir da Assembleia da República, em Lisboa. "Grande trapalhada", "pântano" e "falta de coesão" foram alguns dos comentários feitos pelos representantes políticos para descrever a crise no Governo, que em janeiro saiu das eleições legislativas com maioria absoluta. 

O presidente do PSD, Rui Rio, que está prestes a passar a pasta a Luís Montenegro, disse não haver condições para que Pedro Nuno Santos se mantenha no Governo e reforçou: "Admitindo que o primeiro-ministro não demite o ministro, o próprio Presidente da República deveria forçar essa demissão".

Também o líder da bancada parlamentar do Chega, Pedro Pinto, afirmou que Pedro Nuno Santos deve sair do Executivo e reforçou que a "coesão e credibilidade do Governo estão em causa". A Iniciativa Liberal, por sua vez, afirmou que a luta interna do PS "está a condicionar as decisões políticas no país", comparando o Executivo a uma "má associação de estudantes". 

"Pedro Nuno Santos foi humilhado politicamente. Nos sapatos dele, em 30 segundos tinha escrito a carta de demissão", reforçou, sobre um caso que classificou como "república das bananas". O líder liberal deixou ainda críticas a António Costa, que, nas suas palavras, emitiu "uma nota de enorme violência" para com o ministro das Infraestruturas, "sem a conclusão óbvia, que deveria ser a exoneração". 

O Bloco de Esquerda classificou o caso como "um caos político incompreensível de uma maioria absoluta", que classificou como "pântano político". "É incompreensível que tal esteja a acontecer e que o primeiro-ministro tome decisões como as que está a tomar sem explicar ao país o que está a acontecer no seio do governo", criticou Pedro Filipe Soares, líder parlamentar da bancada bloquista.

Sem comentar diretamente se o ministro das obras públicas deve ou não ser demitido, o PAN considerou a atitude do primeiro-ministro de travar a decisão como "sensata", mas criticou a "grande trapalhada" envolta da mesma. "O entendimento do PAN é que devem ser prestados todos os esclarecimentos sobre as condições em que aquele despacho foi proferido", conclui Inês Sousa Real.
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