Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Como vai reagir Wall Street ao novo presidente dos EUA?

Energia, finanças ou defesa são alguns dos sectores que vão reagir às eleições nos Estados Unidos. Saiba como vão ser afectados.

04 de Novembro de 2008 às 13:43
  • ...
É hoje que os americanos vão às urnas eleger o próximo presidente. O democrata Barack Obama ou o republicano John McCain, um dos dois será o futuro presidente dos Estados Unidos. E, de quatro em quatro anos, a pergunta repete-se: qual será o melhor candidato para os mercados?

Para os analistas, uma administração republicana será mais favorável aos sectores petrolífero, farmacêutico e da defesa. Já numa gestão de Obama deverão ser beneficiadas as energias renováveis e os biocombustíveis.

Apesar de tradicionalmente se pensar que as bolsas beneficiam com uma vitória republicana, é com os democratas que os índices registam melhores "performances".

Com propostas de governação diferentes, o impacto nos mercados será distinto caso seja eleito Obama ou McCain. Os sectores que tendem a suportar melhor a candidatura republicana, como as grandes farmacêuticas, as petrolíferas e a defesa serão os grandes perdedores numa eleição democrata.

"A defesa, a saúde e as indústrias do sector financeiro podem ser favorecidas por uma vitória republicana. Energias alternativas, indústrias de vento, água e energia solar podem ser favorecidas por uma vitória democrata", adiantou James Swanson, responsável pela estratégia de investimento da gestora MTS, citado pela Citywire.

Obama defende um investimento de 150 mil milhões de dólares durante dez anos em energias limpas e quer que 25% da energia consumida no país provenha de fontes sustentáveis.

Já o republicano manifesta-se favorável à exploração de petróleo no Alasca e é contra a atribuição de subsídios ao etanol, pelo que beneficia o sector petrolífero no país.

O sector da defesa é outro dos que normalmente é beneficiado por uma gestão republicana. Mas Robert Doll, responsável pelo investimento de acções globais do BlackRock, citado pelo "Wall Sreet Journal", considera que é um erro pensar que uma vitória de McCain vai ter um impacto imediato no sector. "Dado o tempo que leva a ter efeito no orçamento da defesa, vai haver uma menor diferença nos primeiros anos".

A presidência da maior economia do mundo decide-se amanhã. Um e outro candidato afectam a bolsa de formas diferentes.


Quedas dos mercados indiciam vitória de candidato democrata

As quedas recentes das bolsas americanas podem estar a descontar uma vitória de Obama nas eleições de amanhã. Segundo uma análise do BPI, "no passado, a evolução dos mercados accionistas serviu como barómetro para o resultado das eleições presidenciais". Ou seja, os mercados têm uma preferência pela continuidade e "quando nas semanas anteriores às eleições, os índices americanos sobem, existe uma probabilidade razoável para que o presidente em funções ou o sucessor escolhido pelo seu partido seja eleito".


Vitória de Obama


Finança

Deverá enfrentar uma maior pressão com uma vitória de Obama, pois o candidato defende mais impostos sobre os dividendos, bem como um aumento da regulação, o que penaliza os "hedge funds".

Energia

Uma das marcas do democrata passa pelo incentivo às energias renováveis, que deverão receber um impulso com uma vitória de Obama. Também a indústria de produção de etanol seria beneficiada.

Saúde

O candidato apoia um plano de saúde universal, bem como uma maior concorrência entre as farmacêuticas, para levar a uma diminuição dos preços dos medicamentos.

Defesa

O democrata defende uma política militar dos EUA menos interventiva. Obama deverá diminuir as despesas com o sector, direccionando esses fundos para empresas tecnológicas mais avançadas.










Vitória de McCain

Finanças

McCain deverá tornar permanentes os cortes de imposto do actual presidente dos EUA e sugere que o governo absorva as perdas originadas pela crise do crédito de alto risco.

Energia

A política energética de McCain deverá ser de continuação da política de Bush. O republicano é ainda defensor da exploração de petróleo na costa dos EUA, além de ser contra a atribuição de subsídios ao etanol. O candidato aposta ainda no nuclear.

Saúde

As farmacêuticas serão um dos sectores vencedores com uma vitória de McCain. O republicano não deverá prejudicar a actividade da indústria farmacêutica, ao contrário do rival.

Defesa

McCain defende uma posição militar dos EUA mais activa, pelo que deverá beneficiar o sector. Ainda assim, num momento em que a crise financeira domina não deverão ocorrer muitas alterações nesta área.




O que dizem os gestores portugueses

Novo presidente ajudará a repor confiança na economia e animar os mercados de acções

O próximo presidente americano não tem uma tarefa nada fácil. Com uma crise financeira pela frente e a economia em recessão, o novo líder da maior economia mundial vai ter de canalizar as suas atenções para revitalizar a actividade económica. Ainda assim, os gestores de fundos portugueses consideram que uma mudança poderá ajudar a restaurar a confiança e animar os mercados.

Para Hugo Custódio, gestor do fundo Espírito Santo Acções América, apenas a médio e longo prazo é que as mudanças ao nível da administração se deverão tornar evidentes e, neste âmbito, considera que Barack Obama deverá ser a melhor opção para os mercados. "Uma reacção positiva dependerá, no entanto, da capacidade que o novo presidente terá em transmitir uma mensagem de confiança e de forte liderança", realçou o gestor, ao Negócios, adiantando que "por agora, Obama é visto como o candidato melhor posicionado para o conseguir atingir".

Já o Santander Gestão de Activos realça que, "independentemente de qual o candidato vencedor, a redução de incerteza quanto à política futura, bem como, a execução mais rápida da mesma, tenderá a ser positiva para restaurar a confiança na economia, com natural possível leitura positiva também para os mercados accionistas". A mesma fonte lembra que desde 1944, nos dois meses antes da eleição, o S&P 500 obteve valorizações médias de 2,3%, logo "se a história se repetir poderemos ver uma recuperação nos dois últimos meses do ano por parte dos mercados accionistas". Contudo, acrescenta que "a história também nos diz que nos dois meses anteriores a uma eleição registam-se uma subida de 1,4%, facto que este ano não se verificou".

Neste contexto, Hugo Custódio manifesta-se mais positivo em relação aos sectores mais resistentes à crise, nomeadamente "empresas com maior visibilidade nos seus resultados, com valorizações atractivas e com balanços saudáveis e sem necessidade de financiamento no curto prazo".

Quanto aos diferentes sectores, "do ponto de vista teórico, a indústria financeira prefere uma governação republicana, devido às suas políticas menos proteccionistas, no entanto este é seguramente um momento diferente", lembra o mesmo gestor. Em relação a este tema, o BPI, numa análise da última semana, destaca que "a tendência por uma regulamentação mais rigorosa e apertada deverá ser inevitável, independentemente de quem pertença a vitória".

O Santander Gestão de Activos destaca que, seja qual for o vencedor, "será de esperar a continuação do aumento do endividamento externo dos Estados Unidos", devido aos gastos com programas eleitorais, redução de impostos e mais subsídios às classes menos favorecidas.



Moeda

Eleições sem impacto no preço do dólar

Ao contrário do que acontece com os mercados accionistas, as eleições não têm um efeito significativo na política monetária, que é influenciada por outros factores. De acordo com uma análise do JPMorgan, as agendas políticas dos dois candidatos à presidência não deverão ser determinantes para a evolução do dólar. Ainda assim, a retórica proteccionista do governo pode enfraquecer o dólar.

Para a casa de investimento, as opiniões dos candidatos sobre a moeda e as suas propostas a nível internacional têm mais impacto na cotação do dólar a curto prazo, do que as suas agendas fiscais.

No caso de Obama, o democrata é apologista de que uma economia forte reflecte-se numa moeda forte, enquanto pessoas da campanha de McCain já deram a entender que poderiam considerar uma intervenção política para fortalecer o dólar, uma visão que poderá animar a divisa. Mas os analistas Gabriel de Kock e Holly Huffman manifestam-se "cépticos" em relação a esta hipótese e adiantam que, seja qual for o futuro presidente dos EUA, a administração em vigor deverá manter a actual política de não intervenção na política cambial.

Apesar de considerarem que as diferenças políticas entre os dois candidatos vão resultar em dois orçamentos distintos, com implicações económicas a longo prazo, os analistas realçam que a liberdade de actuação do futuro presidente está fortemente limitada pelo abrandamento cada vez mais acentuado do país. Num momento em que a crise financeira domina o discurso, os dois candidatos deverão, assim, enfrentar algumas restrições na construção do seu orçamento. "A liberdade orçamental para novas iniciativas políticas parece muito limitada", explicam os analistas.

Efeitos positivosEfeitos negativos
- McCain já adiantou que poderão ser tomadas medidas para fortalecer o dólar, caso se justifique;

- O republicano deverá continuar a concretizar os pacotes de cortes de impostos;

- O candidato do partido republicano defende um mercado mais aberto e liberal, sem a intervenção do governo, o que é benéfico para a moeda.
- Obama defende que uma economia forte reflecte-se numa moeda forte, não apoiando interferências na política cambial;

- O senador do Illinois deverá diminuir os impostos para os mais pobres e aumentar aos mais ricos;

- O democrata poderá conceder períodos livres de impostos a empresas com problemas. Medidas mais proteccionistas penalizam o dólar.
Ver comentários
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio