Notícia
Como é que o coronavírus está também a contagiar a economia chinesa?
O vírus chinês está a gerar muitos receios entre os investidores e arrastou os mercados para o "vermelho". Agora, e depois de uma semana de contágio, está também a começar a quebrar a segunda maior economia do mundo.
O Governo chinês confirmou esta segunda-feira, 27 de janeiro, que o número de mortes causadas pelo coronavírus aumentou para 80 e o total de casos confirmados no país subiu para 2.744, sendo que desses, 461 são considerados graves.
As autoridades chinesas decidiram prolongar o feriado referente ao Ano Novo Lunar até ao dia 2 fevereiro, numa tentativa de desencorajar viagens e diminuir os riscos de proliferação da doença. As escolas estão encerradas e não têm ainda data para reabrir.
Os índices acionistas do país estarão encerrados até quinta-feira, dia 30 de janeiro, mas existe a hipótese de se manterem suspensos por mais tempo, tal como sucedeu em 2003, quando o vírus SARS atingiu o país.
A China decidiu isolar a província de Hubei, onde se encontra a cidade de Wuhan, tendo proibido os voos de e para a região, numa altura em que o número de países com casos confirmados aumentou. Agora, o coronavírus foi detetado em outros 12 países, como Taiwan, Tailândia, Japão, Coreia do Sul, Estados Unidos, Singapura, Vietname, Nepal, Malásia, França, Austrália e Canadá.
Para além do impacto na saúde pública, o vírus está a fazer-se sentir também nos mercados bolsistas, que foram arrastados para território negativo, assim como o petróleo, que hoje negoceia em mínimos desde setembro.
Numa conferência de imprensa este domingo, o Governo da China disse que a propagação da doença se ia manter nos próximos dias. O Presidente Xi Jinping alertou que a "situação era grave" e existe o receio de que a China seja incapaz de parar a proliferação da doença.
No plano económico, existe o receio de que os estragos causados pelo novo vírus sejam maiores dos que a SARS causou em 2003. Para já, o coronavírus com origem na cidade de Wuhan, no centro da China, está deixar a sua marca no setor das viagens, que agrupa operadoras aéreas e hotéis, mas não só.
Um relatório da Economist Intelligence Unit (EIU) mostrou que o impacto económico na China poderá ser entre 0,5 e 1 ponto percentual do produto interno bruto (PIB) do país para este ano, sendo que as previsões iniciais apontam para uma subida de 5,9%.
Aviões parados e hotéis com menos turistas
Com a ameaça de um rápido contágio a outras partes do mundo, as autoridades chinesas ordenaram o encerramento de várias cidades, com todos os transportes bloqueados. A cidade de Wuhan, com 11 milhões de habitantes, é uma das oito cidades fechadas no país. No total, existem cerca de 40 milhões de habitantes na China impedidos de viajar, de acordo com os meios de comunicação do país.
Numa altura tipicamente movimentada para o setor do turismo, devido ao feriado do novo Ano Lunar, o ministro dos Transportes da China, Liu Xiaoming, revelou que as viagens no passado sábado, o primeiro dia das comemorações, caíram 28,8% face ao mesmo período do ano passado. Para além disso, o representante do Governo chinês disse que, em termos homólogos, os voos civis no país diminuíram 42,6%, as viagens de comboio caíram 41,5% e o transporte rodoviário encurtou 25%.
As maiores companhias aéreas da China têm-se ressentido e viram as suas ações despenhar-se desde que o vírus deu os primeiros sinais de contágio. A Air China, por exemplo, desvalorizou 11,35% desde então. Este sentimento contagiou também o setor na Europa que desvalorizou 4,75% desde as primeiras notícias da pneumonia viral.
Hospitais e serviços médicos com falta de material
Para prevenir e tentar controlar o contágio, as autoridades chinesas realçaram a importância do uso de proteção de máscaras, tendo mesmo chegado a impor multas em certas regiões para quem descartar o seu uso. Para além de máscaras, são necessários kits de teste do vírus e roupas específicas de proteção.
Dada a corrida a este tipo de produtos, os hospitais e autoridades do país estão a sentir dificuldades para cobrir toda a procura, segundo o vice-ministro da Indústria e Tecnologia, Wang Jiangping. Na cidade de Wuhan, o epicentro do vírus, são necessárias 100 mil roupas de proteção por dia, mas a capacidade de produção está muito aquém desse valor.
Os custos com seguros médicos ascenderam aos milhares de milhões de euros. O ministério das Finanças da China revelou que emitiu 1,6 mil milhões de dólares em subsídios para assistência médica e compra de equipamentos.
A importância económica de Wuhan
A cidade de Wuhan, capital da província de Hubei, na China central, é conhecida como "via da China", tem 11 milhões de habitantes - ligeiramente mais do que Portugal - e serve como centro de transportes e da indústria para a zona central do país.
Em 2019, o PIB da cidade cresceu 7,8%, mais 1,7 pontos percentuais do que a média de todo o país, segundo os dados do Governo. O valor das importações e das exportações atingiu os 35,3 mil milhões de dólares, um recorde histórico para a cidade e que representou 61,9% do comércio de toda a região de Hubei.
Cerca de 300 das maiores empresas do mundo estão presentes na cidade, como é o caso da Microsoft, da alemã SAP e da fabricante de automóveis PSA.
Nos últimos anos, a cidade conheceu um desenvolvimento tecnológico muito grande, principalmente nos setores automóvel e ótico, e tornou-se um importante "hub" tecnológico e centro financeiro no país. Dadas as dimensões da cidade, o número de habitantes e de serviços que alberga, uma paralisação da cidade e da região terá um impacto significante na economia do país.
A epidemia SARS a ecoar
Depois de, em 2002 e 2003, a China ter sido o epicentro da epidemia SARS, que matou 774 pessoas e contagiou 8.098 em 34 países diferentes, as autoridades chinesas receiam que desta vez, o impacto económico possa ser semelhante ou superior. Na altura, de acordo com o Instituto Nacional de Saúde, a SARS custou 40 mil milhões de dólares aos cofres chineses.
Tal como a SARS, o novo coronavírus que desencadeou em Wuhan está a bloquear cidades e a impedir pessoas de sair de casa, o que penaliza o setor dos serviços na China, que corresponde a 52% da economia local. A epidemia SARS também forçou o cancelamento de grande parte dos transportes em muitas cidades chinesas e levou ao prolongamento do feriado do Ano Novo Lunar.
A SARS teve também um grande impacto na economia do país e a taxa de crescimento da economia chinesa caiu para 9,1% no segundo trimestre de 2003, altura do pico da epidemia, face aos 11,1% registados no primeiro trimestre daquele ano.
As autoridades chinesas decidiram prolongar o feriado referente ao Ano Novo Lunar até ao dia 2 fevereiro, numa tentativa de desencorajar viagens e diminuir os riscos de proliferação da doença. As escolas estão encerradas e não têm ainda data para reabrir.
A China decidiu isolar a província de Hubei, onde se encontra a cidade de Wuhan, tendo proibido os voos de e para a região, numa altura em que o número de países com casos confirmados aumentou. Agora, o coronavírus foi detetado em outros 12 países, como Taiwan, Tailândia, Japão, Coreia do Sul, Estados Unidos, Singapura, Vietname, Nepal, Malásia, França, Austrália e Canadá.
Para além do impacto na saúde pública, o vírus está a fazer-se sentir também nos mercados bolsistas, que foram arrastados para território negativo, assim como o petróleo, que hoje negoceia em mínimos desde setembro.
Numa conferência de imprensa este domingo, o Governo da China disse que a propagação da doença se ia manter nos próximos dias. O Presidente Xi Jinping alertou que a "situação era grave" e existe o receio de que a China seja incapaz de parar a proliferação da doença.
No plano económico, existe o receio de que os estragos causados pelo novo vírus sejam maiores dos que a SARS causou em 2003. Para já, o coronavírus com origem na cidade de Wuhan, no centro da China, está deixar a sua marca no setor das viagens, que agrupa operadoras aéreas e hotéis, mas não só.
Um relatório da Economist Intelligence Unit (EIU) mostrou que o impacto económico na China poderá ser entre 0,5 e 1 ponto percentual do produto interno bruto (PIB) do país para este ano, sendo que as previsões iniciais apontam para uma subida de 5,9%.
Aviões parados e hotéis com menos turistas
Com a ameaça de um rápido contágio a outras partes do mundo, as autoridades chinesas ordenaram o encerramento de várias cidades, com todos os transportes bloqueados. A cidade de Wuhan, com 11 milhões de habitantes, é uma das oito cidades fechadas no país. No total, existem cerca de 40 milhões de habitantes na China impedidos de viajar, de acordo com os meios de comunicação do país.
Numa altura tipicamente movimentada para o setor do turismo, devido ao feriado do novo Ano Lunar, o ministro dos Transportes da China, Liu Xiaoming, revelou que as viagens no passado sábado, o primeiro dia das comemorações, caíram 28,8% face ao mesmo período do ano passado. Para além disso, o representante do Governo chinês disse que, em termos homólogos, os voos civis no país diminuíram 42,6%, as viagens de comboio caíram 41,5% e o transporte rodoviário encurtou 25%.
As maiores companhias aéreas da China têm-se ressentido e viram as suas ações despenhar-se desde que o vírus deu os primeiros sinais de contágio. A Air China, por exemplo, desvalorizou 11,35% desde então. Este sentimento contagiou também o setor na Europa que desvalorizou 4,75% desde as primeiras notícias da pneumonia viral.
Hospitais e serviços médicos com falta de material
Para prevenir e tentar controlar o contágio, as autoridades chinesas realçaram a importância do uso de proteção de máscaras, tendo mesmo chegado a impor multas em certas regiões para quem descartar o seu uso. Para além de máscaras, são necessários kits de teste do vírus e roupas específicas de proteção.
Dada a corrida a este tipo de produtos, os hospitais e autoridades do país estão a sentir dificuldades para cobrir toda a procura, segundo o vice-ministro da Indústria e Tecnologia, Wang Jiangping. Na cidade de Wuhan, o epicentro do vírus, são necessárias 100 mil roupas de proteção por dia, mas a capacidade de produção está muito aquém desse valor.
Os custos com seguros médicos ascenderam aos milhares de milhões de euros. O ministério das Finanças da China revelou que emitiu 1,6 mil milhões de dólares em subsídios para assistência médica e compra de equipamentos.
A importância económica de Wuhan
A cidade de Wuhan, capital da província de Hubei, na China central, é conhecida como "via da China", tem 11 milhões de habitantes - ligeiramente mais do que Portugal - e serve como centro de transportes e da indústria para a zona central do país.
Em 2019, o PIB da cidade cresceu 7,8%, mais 1,7 pontos percentuais do que a média de todo o país, segundo os dados do Governo. O valor das importações e das exportações atingiu os 35,3 mil milhões de dólares, um recorde histórico para a cidade e que representou 61,9% do comércio de toda a região de Hubei.
Cerca de 300 das maiores empresas do mundo estão presentes na cidade, como é o caso da Microsoft, da alemã SAP e da fabricante de automóveis PSA.
Nos últimos anos, a cidade conheceu um desenvolvimento tecnológico muito grande, principalmente nos setores automóvel e ótico, e tornou-se um importante "hub" tecnológico e centro financeiro no país. Dadas as dimensões da cidade, o número de habitantes e de serviços que alberga, uma paralisação da cidade e da região terá um impacto significante na economia do país.
A epidemia SARS a ecoar
Depois de, em 2002 e 2003, a China ter sido o epicentro da epidemia SARS, que matou 774 pessoas e contagiou 8.098 em 34 países diferentes, as autoridades chinesas receiam que desta vez, o impacto económico possa ser semelhante ou superior. Na altura, de acordo com o Instituto Nacional de Saúde, a SARS custou 40 mil milhões de dólares aos cofres chineses.
Tal como a SARS, o novo coronavírus que desencadeou em Wuhan está a bloquear cidades e a impedir pessoas de sair de casa, o que penaliza o setor dos serviços na China, que corresponde a 52% da economia local. A epidemia SARS também forçou o cancelamento de grande parte dos transportes em muitas cidades chinesas e levou ao prolongamento do feriado do Ano Novo Lunar.
A SARS teve também um grande impacto na economia do país e a taxa de crescimento da economia chinesa caiu para 9,1% no segundo trimestre de 2003, altura do pico da epidemia, face aos 11,1% registados no primeiro trimestre daquele ano.