Notícia
Coface melhora avaliação de risco de Portugal
A seguradora de crédito Coface anunciou esta terça-feira a melhoria da classificação de risco das empresas portuguesas, passando-o de B para B+, o que sinaliza a proximidade de uma subida.
Na sua avaliação anual do risco de crédito das empresas de cada país, publicada esta terça-feira, 27 de Janeiro, Portugal foi um de quatro países que viu a sua classificação melhorar. Embora continue a ter a terceira pior nota (em sete possíveis), a Coface diz estar mais optimista em relação aos desenvolvimentos económicos do país.
"Depois da recente melhoria da nota de Espanha, Alemanha e Áustria, a Coface anuncia um novo avanço: a classificação B de Portugal está agora em avaliação positiva. Saído do seu programa de resgate, o país está a ter crescimento (1,2% em 2015 [previsão Coface]). A situação financeira das empresas está a melhorar gradualmente e as falências estão a cair", pode ler-se na explicação da Coface para a alteração do perfil de risco.
Entre os factores por trás do crescimento, a seguradora cita confiança das famílias, reforço do emprego e a subida do salário mínimo. Este último motivo terá também ajudado a afastar níveis de inflação ainda mais negativos no final do ano. Ainda assim, avisa que as exportações desaceleraram devido ao arrefecimento da procura interna e ao encerramento temporário da refinaria da Galp em Sines. Ao mesmo tempo, as importações voltam a crescer devido à dinamização do consumo. De qualquer forma, antecipa uma recuperação em 2015 do contributo da procura externa para o PIB.
A Coface elogia a execução do programa da troika, a descida do desemprego e os excedentes externos que Portugal atingiu, bem como o regresso bem sucedido aos mercados financeiros, sem ter de recorrer a um novo empréstimo oficial.
No entanto, refere que a competitividade continua a ser travada pela ineficiência da Administração Pública, a lentidão do sistema judicial, a regulação do mercado de trabalho e a falta de competição no mercado de produto. Além disso, "lidar com o problema do endividamento excessivo vai exigir que sejam retirados incentivos ao crédito e levantadas as restrições à reestruturação de dívida privada." Uma dívida pública alta também é um ponto negativo.
A Coface espera que Portugal cresça 1,2% em 2015, com uma inflação ligeiramente positiva (0,4%), mas um défice orçamental de 3,4% do PIB, muito acima dos 2,7% esperados pelo Governo português.
A Coface é a maior seguradora de créditos do mundo e é responsável por gerir as garantias que o Estado francês concede às suas empresas exportadoras. Esta avaliação de risco que publica pretende ilustrar o risco de um não pagamento por parte das empresas de determinado país nas suas transacções comerciais de curto prazo. O risco de incumprimento da dívida pública não é incluído, excepto pelos efeitos indirectos que pode ter nas empresas.
A avaliação da Coface tem sete níveis: A1, A2, A3, A4, B, C e D. Notas que podem ter avaliações negativas ou positivas, como é o caso de Portugal.