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Cavaco acusa Governo de falta de "bom senso” e de “vontade reformista”
Ex-Presidente escreve no Público, a pedir à oposição, sociedade civil e media ajudem Governo a encontrar “o rumo certo”. Cavaco Silva diz que António Costa "não podia deixar de demitir" Pedro Nuno Santos.
O executivo de António Costa segue "sem rumo, sem ambição e vontade reformista, um governo à deriva navegando à vista", e com "falta de bom senso político". A avaliação é do ex-Presidente, Cavaco Silva, num artigo de opinião publicado nesta sexta-feira no Público, a propósito dos seis meses da atual formação governativa socialista.
No artigo, o antigo chefe de Estado e primeiro-ministro do PSD critica a ausência de sinais de "coragem política para fazer reformas decisivas para colocar a economia portuguesa numa trajetória de crescimento sustentável superior à dos países da União Europeia nossos concorrentes".
"Seria normal que um Governo de maioria absoluta, confrontado com a trajetória de empobrecimento relativo em que o país se encontra, adotasse como uma das suas primeiras prioridades o desenvolvimento de uma estratégia reformista de médio e longo prazo, o que se justificava ainda mais pela pandemia e a guerra na Ucrânia", defende.
Por outro lado, Cavaco Silva evidencia episódios recentes que diz colocarem o Governo como um "conjunto desarticulado e desorientado". Defende que o primeiro-ministro, António Costa, deve exercer maior controlo sobre a agenda do Conselho de Ministros, que deve manter-se como "o centro do processo político de decisão".
O ex-Presidente releva a "afronta política do ministro das Infraestruturas ao primeiro-ministro sobre a questão do novo aeroporto de Lisboa" e entende que "o primeiro-ministro não podia deixar de demitir o ministro" Pedro Nuno Santos.
No artigo, Cavaco Silva defende que partidos da oposição, instituições da sociedade civil e comunicação social devem "ajudar o Governo a encontrar o rumo certo".