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Brilhante Dias defende aumento "sustentado" das importações
O secretário de Estado da Internacionalização sustenta que o crescimento do investimento e dos rendimentos dos portugueses traz "necessidades adicionais de importação", lamentando que as exportadoras não estejam a ganhar quota nos principais mercados.
Eurico Brilhante Dias considera que "a política mais virtuosa é fazer a ligação" entre o que Portugal capta em Investimento Directo Estrangeiro (IDE) e como ele contribui para arrastar as exportações, sublinhando o contributo desse investimento externo na produção de bens e serviços transaccionáveis no país e para a qualificação e modernização do tecido económico nacional.
"Essa ligação virtuosa entre investimento e exportações é o que perseguimos para que, de forma sustentada, o país possa importar mais", declarou o secretário de Estado da Internacionalização. Admitindo que pode "[parecer] menos bem a um político dizê-lo", argumentou que "o país não vai poder continuar a crescer se não puder investir mais" e que os investimentos trazem necessidades adicionais de importação".
Além disso, prosseguiu o governante durante uma intervenção numa conferência organizada pelo Millennium BCP, no Porto, o Executivo socialista liderado por António Costa tem "a expectativa também de que os portugueses merecem – e é para isso que se conduzem políticas públicas – ter mais rendimento". "E com mais rendimento sabemos que temos mais importações", acrescentou.
Em 2017, Portugal deu um salto de 2,4% no stock de IDE, segundo os cálculos apresentados, levando Brilhante Dias a considerá-lo "o valor mais impressivo" em termos económicos, já que nos últimos anos só teve paralelo com a evolução registada entre 2013 e 2014, explicada então por várias operações financeiras realizadas com a alienação de activos nos sectores energético e financeiro durante o período da troika.
Por outro lado, o peso das exportações no PIB ascendeu a 42,5% em 2017. Face ao ano anterior, as vendas de mercadorias ao exterior aumentaram mais de cinco mil milhões de euros, o que equivaleu a uma variação de 10,1%, a mais elevada desde 2011. Os mercados do Brasil e Angola voltaram a ajudar e, em termos de sectores, os principais responsáveis foram os combustíveis e os automóveis que valeram juntos um terço (32%) da variação anual.
Ora, a "questão central" colocada pelo secretário de Estado é como é que o país cresce, como cresceu 2,7% no ano passado, "mantendo a balança de bens e serviços equilibrada". "Daí o nosso esforço contínuo em aumentar as exportações. E ligá-las a uma maior intensidade de capital na nossa economia é fundamental para o país. Tem sido uma prioridade política nos últimos anos", justificou.
A reboque do comércio internacional
Perante uma plateia de gestores que participaram esta sexta-feira, 16 de Fevereiro, nos Roteiros Millennium Exportação, em que o embaixador alemão alertou para o "valor simbólico" da Autoeuropa para outros investidores, Brilhante Dias admitiu que a trajectória ascendente das exportações portuguesas apenas tem acompanhado o crescimento do comércio internacional. Frisando que Portugal não tem ganho relevo nas quotas de importação dos principais mercados, que apresentou como o "desafio mais complexo e duro" para as empresas nacionais.
Parte do problema prende-se com o facto de, apesar de aumentar o volume de exportações, Portugal "continuar com uma base exportadora muito limitada", que há uma década se mantém estável entre as 21 e as 22 mil empresas. Perto de 60% das exportações portuguesas estão concentradas em menos de 200 empresas e, além disso, metade das exportadoras vende apenas para um mercado externo – tipicamente o espanhol ou o angolano.