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Bloco quer Lula a discursar no 25 de Abril, mas diz que decisão é da AR

Catarina Martins diz que o ministro dos Negócios Estrangeiros "tentou destruir uma boa ideia porque foi anunciar o que não pode anunciar, sem dizer nada ao Parlamento", mas espera que "a trapalhada" não impeça a ida de Lula da Silva.

José Sena Goulão/Lusa
25 de Fevereiro de 2023 às 12:39
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A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE) defendeu este sánbado que será ótimo se o presidente brasileiro discursar no Parlamento nas comemorações do 25 de Abril, mas criticou o Governo pelo anúncio, defendendo que essa decisão cabe à Assembleia da República.

"A vinda de Lula da Silva a Portugal é uma boa notícia, que discurse no 25 de Abril, a mim parece-me ótimo, mas tem de ser uma decisão do Parlamento", afirmou Catarina Martins, que falava aos jornalistas em Lisboa, à margem de uma conferência internacional sobre autismo promovida pela representação do BE no Parlamento Europeu.

Questionada se esse discurso deve acontecer na sessão solene que decorre todos os anos na Assembleia da República, a líder do BE respondeu: "Não vejo porque não, mas isso será a decisão tomada em conferência de líderes".

"A posição do BE é clara, não aceitamos que o Governo decida dar ordens ao parlamento, era o que mais faltava, nós acreditamos na democracia, acreditamos na separação de poderes, achamos muito bem que Lula da Silva venha ao 25 de Abril no parlamento", salientou.

Catarina Martins considerou que o ministro dos Negócios Estrangeiros "tentou destruir uma boa ideia porque foi anunciar o que não pode anunciar, sem dizer nada ao parlamento" e disse esperar que "a trapalhada" de João Gomes Cravinho "não impeça agora essa vinda de Lula da Silva ao Parlamento".

A coordenadora do BE -que anunciou que não se recandidatará ao cargo na próxima convenção do partido, no final de maio - afirmou não perceber "porque o fez, não tinha que o fazer, bastava conversar com o Parlamento para poder fazer o convite antes".

A bloquista sublinhou que o que aconteceu "é absolutamente inaceitável" e criticou que, "às vezes, a arrogância da maioria absoluta leva a decisões completamente absurdas que podem depois até matar boas ideias".

"Espero que não seja o caso e que Lula da Silva possa vir ao Parlamento", defendeu, apontado que "tinha todo o interesse" que isso acontecesse, sustentando que é "um momento importante de reatar laços normais entre Portugal e o Brasil, um momento importante da normalidade democrática das instituições de um lado e do outro do Atlântico".

O ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, anunciou na quinta-feira que Lula da Silva iria discursar na sessão solene do 25 de Abril.

Mais tarde, numa declaração enviada à Lusa, afirmou que "a Assembleia da República é soberana nas decisões que toma".

O anúncio do ministro motivou protestos do PSD, Chega e da Iniciativa Liberal.

O BE acusou Gomes Cravinho de ter metido "a pata na poça" ao avançar com o anúncio, enquanto o PCP considerou que "faz todo o sentido" a participação de Lula da Silva, "seja numa sessão solene específica dedicada, seja na sessão solene de comemoração do 25 de Abril".

Questionada pela Lusa na quinta-feira, fonte oficial do gabinete do presidente da Assembleia da República disse que Augusto Santos Silva vai decidir a ordem do dia da sessão solene do 25 de Abril "em devido tempo" e após ouvir a conferência de líderes.

Já na sexta-feira, interpelado sobre o assunto durante a sessão plenária, o presidente do parlamento afirmou que está a recolher "toda a informação" necessária para propor aos partidos a forma de organizar a "sessão de boas-vindas" ao Presidente do Brasil, durante a sua visita de Estado em abril.
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