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Berlusconi joga hoje cartada de alto risco no Parlamento

O primeiro-ministro italiano tenta hoje fazer aprovar as contas ainda de 2010. Caso falhe de novo, diz que apresentará uma moção de confiança sobre as promessas de rigor feitas a Bruxelas. Caso falhe aqui também, diz que se demite e que pede eleições antecipadas. No meio de tanta incerteza, os juros subjacentes à dívida pública italiana voltaram hoje a quebrar novos máximos.

08 de Novembro de 2011 às 09:18
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O futuro político de Itália volta hoje a jogar-se na arena parlamentar, onde é possível que Sílvio Berlusconi se confronte com o facto de não dispor mais de uma maioria que lhe permita continuar a governar.

A causa próxima da votação de hoje é o relatório sobre as contas de 2010, um documento de rotina, geralmente inócuo, que foi chumbado em Outubro, trazendo a nu a perda de poder do primeiro-ministro e as consequências aritméticas das clivagens na coligação, abertas devidas às medidas de austeridade reclamadas pela Europa, em particular a extensão da idade da reforma.

Se o relatório voltar a não passar hoje, Berlusconi diz que apresentará um voto de confiança sobre as medidas de austeridade prometidas a Bruxelas, e que foram descritas numa carta enviada, designadamente ao Banco Central Europeu, que condicionou as suas compras de dívida pública italiana a políticas de maior rigor orçamental.

“Quero olhar para as caras dos que me vierem a trair”, garantiu ainda ontem o primeiro-ministro ao diário “Libero”, depois de ter assegurado que os rumores que corriam sobre a sua demissão eram “infundados”. Nas contas de alguma imprensa italiana, pelo menos 15 deputados terão já desertado das bancadas do “Partido do Povo”.

Se o Governo perder o voto de confiança, o Presidente Giorgio Napolitano poderá ainda intervir no sentido de nomear um governo provisório capaz de aprovar as reformas económicas prometidas à Europa, mas o cenário de eleições antecipadas ficará sobre a mesa.

Sílvio Berlusconi foi forçado pela comunidade internacional a aceitar que as contas públicas e a aplicação das reformas em Itália passem a ser trimestralmente acompanhadas pelo Fundo Monetário Internacional e pela União Europeia, numa tentativa de fornecer confiança aos mercados que continuam a exigir juros cada vez mais elevados para financiar a terceira maior economia do euro, à medida que o pacote de austeridade vai sendo suavizado pelo primeiro-ministro, que trava já há alguns meses um conflito aberto com o seu ministro das Finanças, Guilio Tremonti (na foto, ao lado de Berlusconi).

Tremonti regressou esta manhã a Roma, tendo abandonado a reunião dos ministros europeus das Finanças, que prossegue hoje em Bruxelas.

Numa linguagem invulgarmente directa, Christine Lagarde, secretária-geral do Fundo, disse na semana passada, no final da cimeira do G20 de Cannes, que "falta credibilidade" a Itália, numa referência ao seu primeiro-ministro.

Juros em novos máximos

No mercado secundário de dívida pública, os indicadores continuam a revelar uma grande pressão sobre os títulos italianos. As "yields" a dez anos já bateram esta manhã um novo recorde, acima de 6,7%, aproximando-se da fasquia de não-retorno que ditou os pedidos de ajuda da Grécia, Irlanda e Portugal.

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