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Bancos vão manter critérios apertados na concessão de crédito às empresas

Os bancos vão continuar a restringir o acesso ao crédito nos próximos meses, sobretudo a pequenas e médias empresas, revela o mais recente inquérito do Banco de Portugal.

Tiago Sousa Dias
19 de Janeiro de 2021 às 13:10
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A banca mantém a rédea curta na concessão de crédito às empresas. Nos próximos meses, os bancos antecipam apertar os critérios de concessão de empréstimos, sobretudo às PME e em empréstimos de longo prazo. Para os particulares, as condições não deverão alterar-se. Também a procura de crédito por parte das empresas e de particulares deverá permanecer "praticamente inalterada" durante o trimestre.


Esta é uma das conclusões do Inquérito aos Bancos sobre o Mercado de Crédito conduzido a cada trimestre pelo Banco Portugal (BdP), e publicado esta terça-feira.


O balanço do último trimestre de 2020 permite concluir que, em termos de oferta, os critérios de concessão de crédito a empresas já foram mais restritivos face ao trimestre anterior, "sobretudo em empréstimos de longo prazo".


São vários os fatores que justificam esta prudência. O BdP destaca a "maior perceção de riscos associados à situação" atual, aliada às "perspetivas de setores ou empresas específicos". Em menor grau, contribuirão também as perspetivas sobre "os riscos associados à situação e perspetivas económicas gerais e às garantias exigidas". A tolerância aos riscos sofreu uma "ligeira" contração.


Os termos e condições gerais exigidos às grandes empresas foram "ligeiramente mais restritivos".Verificou-se uma "ligeira redução dos spreads aplicados nos empréstimos de risco médio a PME". E foram ainda colocadas "condições mais restritivas no que respeita a garantias exigidas e, em menor grau, a comissões e outros encargos e ao montante dos empréstimos".

Segundo o relatório, nos últimos seis meses os critérios mais seletivos foram exigidos a empresas do setor dos serviços (exceto serviços financeiros e imobiliários), do ramo imobiliário comercial e, "em menor grau", do setor do comércio por grosso e a retalho, onde se registou uma subida mais expressiva da procura.

Nos próximos meses, os bancos contam apertar a concessão de crédito sobretudo a empresas do ramo imobiliário comercial.

Já no que toca à procura por empréstimos, no quarto trimestre de 2020, houve uma ligeira diminuição por parte das empresas, sobretudo entre as grandes organizações. A descida ficou a dever-se à "redução das necessidades de financiamento de investimento e de financiamento de fusões/aquisições e restruturação empresarial".

Empréstimos com garantia do Estado aumentaram

O cenário é diferente no que toca à concessão de crédito a particulares, que foi apenas "ligeiramente" mais controlada no crédito ao consumo, devido aos riscos associados à crise pandémica, e manteve-se sem alterações no crédito à habitação. Os termos e condições exigidos também não se alteraram.


Por sua vez, a procura de crédito por parte de particulares manteve-se "praticamente inalterada", tanto no crédito à habitação como no crédito ao consumo. O BdP sugere que a "evolução da confiança dos consumidores contribuiu ligeiramente para diminuir a procura de crédito ao consumo". Para os próximos três meses, os bancos antecipam que a procura de crédito por parte de empresas e particulares se mantenha "praticamente inalterada".

O Banco de Portugal pediu ainda aos bancos que fizessem um balanço sobre a concessão de créditos com garantia pública, associados à pandemia. Aqui, a banca reportou que os critérios exigidos foram menos restritivos face ao semestre anterior. A procura por este tipo de soluções por parte das empresas foi "forte" e espera-se um "ligeiro aumento" nos próximos seis meses.

A cobertura de necessidades de liquidez urgentes, a reserva de liquidez por precaução e a substituição de empréstimos existentes são os motivos apontados para a subida.

"A procura de empréstimos com garantia pública registou fortes aumentos no primeiro semestre de 2020, em Portugal e na área do euro, e novamente no segundo semestre de 2020 em Portugal. Pelo contrário, a procura por empréstimos não garantidos reduziu-se em ambos os semestres em Portugal e, na área do euro, diminuiu ligeiramente no primeiro semestre e permaneceu praticamente inalterada no segundo", conclui o BdP. 

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