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Banco de Portugal alerta que custo da dívida pública pode vir a aumentar

Entidade liderada por Mário Centeno defende que um dos principais riscos para a estabilidade financeira no médio prazo é o "agravamento das condições de financiamento a nível internacional", o que "poderá ter reflexo no custo de financiamento do soberano". 

#11 - Mário Centeno
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O Banco de Portugal (BdP) alertou esta segunda-feira que os custos de financiamento de Portugal nos mercados podem vir a aumentar devido à inflação. O supervisor teme que esse aumento ponha em risco a estabilidade financeira do país, apesar de as instituições financeiras terem reduzido a exposição à dívida pública.

No Relatório de Estabilidade Financeira publicado esta segunda-feira, a entidade liderada por Mário Centeno defende que um dos principais riscos para a estabilidade financeira no médio prazo é o "agravamento das condições de financiamento a nível internacional, o que poderá ter reflexo no custo de financiamento do soberano". 

Isto porque, apesar da "bem-sucedida preservação da estabilidade financeira", o regulador bancário entende que "alguns dos efeitos da pandemia tenderão a perdurar no tempo, notavelmente o acréscimo da dívida, pública e privada". É o caso da inflação, que acredita que pode perdurar mais tempo do que o esperado.

"Nos próximos meses, é importante uma abordagem prudente e criteriosa na adaptação das medidas de apoio, que permita preservar valor e relações económicas, mas não impedindo o necessário processo de ajustamento do tecido económico, com a saída de mercado de empresas não viáveis", lê-se no referido relatório.

Para conter um possível agravamento dos custos de financiamento de Portugal nos mercados, o Banco de Portugal defende que é preciso avançar com "a prossecução de um plano credível de consolidação orçamental, em particular de reversão do aumento da despesa permanente acima da trajetória do PIB [Produto Interno Bruto]".

Além disso, o supervisor defende ainda que também os bancos devem tomar medidas, apesar "da redução relativa da exposição à dívida pública nacional". Isto porque outro dos riscos identificados pelo Banco de Portugal é a "materialização do risco de mercado decorrente de um aumento das taxas de juro de longo prazo com impacto na desvalorização dos ativos financeiros em carteira, com destaque para a dívida pública".

"Como a experiência passada demonstrou, a acumulação de dívida constitui uma vulnerabilidade que potencia a materialização de riscos de crédito e de mercado para os setores residentes", reitera.

Riscos para famílias e empresas

O Banco de Portugal avisa ainda para perturbações na atividade das empresas, com "impacto no incumprimento e materialização do risco de crédito, em particular nos setores mais afetados pela pandemia".

O supervisor nota ainda uma subida do crédito improdutivo nalgumas empresas que recorreram a moratórias e estão no setores mais afetados pela crise, o que que levou a um aumento de imparidades bancárias. 

Este fator não impediu, no entanto, que o rácio global de crédito malparado (na sigla inglesa, NPL, ou "Non-performing Loans") continuasse a cair: "o rácio de NPL continuou a trajetória descendente iniciada em junho de 2016, e os rácios de NPL bruto e líquido de imparidades situaram-se em 4,3% e 1,9% em junho de 2021", lê-se no documento.

Quanto às famílias, a instituição liderada por Mário Centeno teme numa "subida do rácio de endividamento dos particulares em relação ao rendimento disponível, sobretudo decorrente do crescimento do crédito à habitação", fator que "afetaria a resiliência financeira dos particulares a variações do desemprego e consequentes quebras de rendimento".
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