Carlos Costa, futuro governador do Banco de Portugal (BdP), afirmou que a aposta nas obras públicas "depende da capacidade de recuperar o investimento" e "gerar lucro adicional". O ainda vice-presidente do Banco Europeu de Investimento acrescentou que estas são premissas que se colocam a qualquer tipo de investimento, seja ele público ou privado.
A declaração surgiu durante um colóquio sob o tema “Os quatro grandes desafios da União Europeia”, ontem à noite, na Universidade Católica do Porto, após Carlos Costa ter sido desafiado por uma pergunta do público. O participante queria saber se o investimento público se enquadrava na aposta na inovação, que Costa havia definido, durante a palestra, como essencial para melhorar a conjuntura económica da UE.
O próximo governador do BdP assinalou ainda que sempre que se projecta um investimento, tem que se pensar se há poupança para todos os projectos, ou se “se tem de racionalizar”. “Nenhuma empresa faz todos os investimentos se não houver crédito suficiente no mercado e se não se puder alcançá-lo me boas condições”, lembrou.
Carlos Costa ainda acrescentou que na hora de investir é preciso responder a três questões. “Haverá um enriquecimento para a comunidade? Se fizer este investimento estou a sacrificar outro? Há quem queira financiar?”
Se a resposta à primeira e última pergunta não forem afirmativas, a solução, na óptica do futuro governador, é “adiar” os projectos até que as condições se tornem favoráveis. A culminar o seu raciocínio, Costa salientou que a decisão de investir está sempre relacionada “com o momento em que se faz, quer seja no investimento quer na sua oportunidade”.