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Banco de Inglaterra corta taxas de juro pela segunda vez este ano. Taxa diretora nos 4,75%

A autoridade monetária não deu pistas sobre quando poderia voltar a aliviar os juros, mas deixou um aviso: o novo orçamento trabalhista pode levar a um aumento da inflação em meio ponto percentual.

Justin Tallis/Reuters
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Pela segunda vez este ano, o Banco de Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) decidiu cortar a taxa de juro de referência. O Comité de Política Monetária deliberou um novo corte de 25 pontos base – que se segue ao de agosto na mesma magnitude –, com oito votos a favor e apenas um contra. A taxa de juro diretora encontra-se agora nos 4,75%.

No entanto, a redução não acontece sem avisos por parte da autoridade monetária britânica. O novo orçamento do Reino Unido, apresentado na semana passada pela ministra das Finanças, prevê o maior aumento fiscal em mais de 30 anos e uma expansão da dívida pública, que, de acordo com o BoE, pode traduzir-se numa aceleração da inflação em cerca de meio ponto percentual.

"Precisamos de garantir que a inflação se mantém perto do objetivo, pelo que não podemos reduzir as taxas de juros de forma demasiado rápida ou em demasia", afirmou o governador do BoE, Andrew Bailey, em declarações esta quinta-feira em Londres. "Se a economia evoluir como esperamos, é provável que as taxas de juro continuem a descer gradualmente a partir de agora", explica.

Este cenário já estava contemplado pelos investidores, mas o futuro da política monetária britânica continua incerto. A chegada de Donald Trump à Casa Branca pode vir a complicar o caminho do BoE no seu ciclo de alívio da política monetária, que se encontrava no nível mais elevado em 16 anos antes do primeiro corte em agosto. O executivo de Keir Starmer prevê gastar 70 mil milhões de libras por ano, um valor financiado em quase metade por empréstimos. E, com Trump a ameaçar aumentar tarifas numa nova guerra comercial, este caminho pode tornar-se ainda mais tumultuoso.

Quando o Reino Unido começou a subir os juros de referência, em dezembro de 2021, vinha de um contexto de baixas taxas – que nessa altura estavam num mínimo histórico de 0,1%. O início do ciclo de aumentos deu-se no âmbito dos esforços para controlar a inflação – que tinha começado a subir no rescaldo da pandemia de covid-19 e que se agravou com a guerra na Ucrânia.

Inflação só volta a cumprir meta em 2027

Com uma perspetiva de redução das taxas de juro até 3,7% no final do próximo ano, os membros do banco central britânico preveem que a inflação se mantenha acima do objetivo de 2% nos próximos dois anos. Só no decorrer de 2027 é que o BoE prevê que a evolução dos preços abrande para os 1,8% - abaixo do objetivo também traçado pela Reserva Federal norte-americana e pelo Banco Central Europeu.

A taxa de inflação no país está, atualmente, abaixo do objetivo de 2% do banco central, tendo-se cifrado nos 1,7% em setembro. No entanto, as previsões mais recentes veem a evolução dos preços na ótica do consumidor crescer para 2,5% em dezembro, impulsionados por maiores custos de energia.

No Relatório Trimestral de Política Monetária que acompanhou a decisão do BoE, os membros do banco central preveem que o novo orçamento que vai guiar as finanças públicas no próximo ano leve a inflação a aumentar meio ponto percentual em relação à previsão de agosto, atingindo um máximo de 2,8% no terceiro trimestre do próximo ano.

Apesar da decisão do BoE proceder a eleição de Donald Trump como o próximo presidente norte-americano, as atas da reunião não fazem uma referência direta a este fator, nem a uma possível guerra comercial entre os EUA e outros países ou blocos. "Existem riscos para os preços dos bens e das matérias-primas decorrentes de uma maior fragmentação do comércio e de desenvolvimentos geopolíticos adversos, incluindo os acontecimentos no Médio Oriente", lê-se nas minutas.

Notícia atualizada às 12h46

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