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Sem surpresas, Banco de Inglaterra encerra o ano com pausa nos cortes de juros
A autoridade monetária liderada por Andrew Bailey enfrentou em novembro a uma segunda subida da taxa homóloga da inflação. As pressões sobre os preços são sobretudo internas. Os juros fixam-se assim em 4,75%.
O Banco de Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) terminou a última reunião de política monetária deste ano com uma decisão que já era esperada pelo mercado e pelos analistas: manter a taxa de referência inalterada em 4,75%. A decisão foi tomada com seis votos do Comité de Política Monetária a favor contra três contra, sendo que esta minoria preferia uma descida da taxa de referência em 25 pontos base.
Esta decisão é tomada depois o banco central ter cortado a taxa de referência em 25 pontos base em agosto (a primeira vez desde 2020) e em novembro.
A autoridade monetária liderada por Andrew Bailey enfrentou em novembro a uma segunda subida da taxa homóloga da inflação, em concreto para 2,6%, acima da meta da instituição que se fixa em 2%. No comunicado em que dá conta da sua decisão o banco central reconhece que este valor "ficou ligeiramente acima das expectativas iniciais, devido em grande parte a uma inflação mais robusta nos bens básicos e nos alimentos".
Para o futuro, a tendência deverá ser de subida dos preços, ainda que de forma moderada."Prevê-se que a inflação global, medida pelo IPC [índice de preços do consumidor] continue a aumentar ligeiramente a curto prazo". O banco central sublinha ainda que embora as "expectativas da inflação das famílias se tenham, em grande medida, normalizado", outros indicadores acabaram por se depreciar.
Mais do que os efeitos externos, a inflação no Reino Unido tem sido sobretudo pressionada por fatores internos. "Nos últimos trimestres, assisitram-se progressos a nível da desinflação, em especial devido à atenuação dos choques externos que se verificaram anteriormente", já as pressões inflacionistas internas que ainda restam estão "a ser resolvidas de forma mais lenta", explica o BoE.
Assim sendo, o banco central assegura que "continua a acompanhar de perto os riscos de persistência da inflação". Apesar destes números, o BoE acredita que "continua a ser adequada uma abordagem gradual que elimine a política monetária restritiva". Ainda assim, não será tudo de uma vez. "A política monetária terá de continuar a ser restritiva durante um período suficientemente longo até que se tenham dissipado os riscos de a inflação regressar de forma sustentada, a médio prazo, até à meta dos 2%".
O Comité de Política Monetária repete ainda o mantra que já utilizou no passado - e que também tem sido utilizado pela Reserva Federal (Fed) norte-americana e pelo Banco Central Europeu (BCE) - ou seja que as decisões sobre o quão restrita deverá ser a política monetária serão tomadas "reunião a reunião".
Dos preços para o crescimento económico, a instituição liderada por Andrew Bailey espera que "o crescimento do PIB no final do ano tenha sido mais fraco do que o projetado em novembro. Já olhando para o mercado de trabalho o Banco de Inglaterra aponta para um "equílibrio global", ainda assim, o banco central alerta que "a evolução do mercado de trabalho continua a ser objeto de grande incerteza".
A decisão do BoE surge um dia depois de a Fed ter anunciado mais um corte da taxa dos fundos federais em 25 pontos base, decisão que já tinha sido tomada na Zona Euro pelo BCE na semana passada.