O interesse da Air France-KLM na privatização da TAP não arrefeceu. O CEO do grupo franco-neerlandês, Ben Smith, revelou que a reunião com o Governo português sobre o processo "correu bem", mas relembra que a venda da companhia aérea ainda não arrancou formalmente.

"Estamos focados em prosseguir com esta oprtunidade" que é "estratégica" para a Air France-KLM, explicou o responsável durante a conferência de imprensa no âmbito dos resultados dos primeiros nove meses.

Questionado se durante o encontro o Executivo detalhou a percentagem a alienar, Ben Smith reiterou apenas que estão interessados em "qualquer fatia" que o Governo queira alienar.

No final de outubro, responsáveis da Air France-KLM reuniram com o ministro das Infraestruturas para falarem sobre o processo de venda da TAP. Como fonte oficial do grupo franco-neerlandês tinha dito ao Negócios, estão "abertos a ambos os cenários - privatização maioritária ou minoritária". Tal como a Lufthansa, que a par com a IAG - dona Iberia e British Airways, também estão interessadas em entrar na corrida. 

No âmbito do relançamento do processo da venda da companhia aérea de bandeira, que ficou em "stand by" com a saída do Governo de António Costa, o Executivo liderado por Luís Montenegro já pediu também novas avaliações do valor da companhia aérea, esperando concluir o processo ainda em 2025.

Depois de fechar a ronda de reuniões com os potenciais interessados, o Governo irá então desenhar a proposta de alienação da TAP, isto é, decidir a percentagem que pretende vender. No início do mês, primeiro-ministro disse ser favorável a uma privatização da totalidade do capital da TAP. Mas, para isso, diz ser preciso que sejam garantidas as rotas estratégicas e o "hub" em Lisboa.

Lucro cai 68%

A Air France-KLM fechou os primeiros nove meses do ano com um lucro de 380 milhões de euros, o que representa  uma quebra de 68% face ao período homólogo do ano passado. Analisando só o terceiro trimestre, o resultado líquido recuou 16% para 780 milhões de euros. A empresa justifica os resultados com o impacto dos Jogos Olímpicos e o aumento de custos de 7%, em grande parte relacionados com aumentos salariais.

Os Jogos Olímpicos, que ocorreram entre 26 de julho e 11 de agosto, levaram a uma redução do tráfego internacional em Paris e, consecutivamente, a uma diminuição das viagens a partir de França, um cenário que contribuiu para uma descida das receitas de 160 milhões de euros.  Excluindo este impacto, os proveitos teriam crescido 1,4 %, segundo o grupo franco-neerlandês. 

De janeiro a setembro, a Air France-KLM transportou 74,5 milhões de passageiros, mais 4,6% face a 2023.  Só no terceiro trimestre, a subida foi de 3,5% para 27,9 milhões de passageiros.

As perspetivas para o resto do ano continuam a ser de crescimento, com a companhia aérea a estimar um aumento de 4% face ao atual nível de reservas. Porém, para 2025, o quadro já não é tão otimista. 

A Air France-KLM antecipa um impacto negativo no seu resultado de exploração de entre 90 e 170 milhões de euros no próximo ano devido ao aumento do imposto sobre os bilhetes de avião que está a ser debatido no Parlamento francês.