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Ao fim de 14 anos, China muda postura sobre política monetária (e faz frente a Trump)
O quadro de ação do banco central tem sido pautado, desde 2011, por uma postura "prudente". Além desta mudança, o Partido Comunista Chinês promete mais despesa orçamental no próximo ano, numa altura em que Trump já prometeu tarifas sobre as importações chinesas.
A China vai mudar a sua postura, pela primeira vez em 14 anos, em matéria de política monetária, uma posição que vem acompanhada de uma promessa de maior despesa pública, numa altura em que o país se prepara para uma segunda vaga da guerra comercial com os EUA.
O Politburo - o Comité Central do Partido Comunista Chinês, composto por 24 membros liderados pelo presidente Xi Jinping – anunciou que vai adotar uma estratégia "moderadamente flexível" no próximo ano. O gabinete de política do partido prometeu ainda uma política orçamental mais "pró-ativa".
Entre políticas monetárias restritivas e acomodatícias, o quadro de ação do banco central tem sido pautado, desde 2011, por uma postura "prudente", que na altura foi vista como uma mudança de capítulo, depois de Pequim ter adotado anos antes uma política de "moderado alívio", para fazer face à crise financeira que assolou o mundo.
O Banco Popular da China – a autoridade monetária do país – tem cortado os juros e reduzido as quantidades de dinheiro que devem ser alocadas às reservas das instituições financeiras.
A reunião de dezembro do Partido Comunista Chinês é o conclave que determina a agenda e a meta de crescimento económico para o ano seguinte. Este anúncio do Politburo já foi visto pelos analistas e pelo mercado como uma mudança radical de estratégia.
"A formulação desta declaração do Politburo não tem precedentes", defende Zhaopeng Xing, estratega sénior do Australia &New Zeland Banking Group, citado pela Bloomberg. Para o especialista, o tom destas palavras "mostra confiança contra as ameaças de Trump".
O presidente eleito dos EUA anunciou que pretende impor tarifas adicionais de 10% sobre os produtos chineses.
A economia chinesa tem estabilizado nos últimos meses, depois das autoridades terem lançado um pacote de estímulos desde setembro. No entanto as tarifas a serem impostas por Donald Trump aumentaram a pressão sobre a economia do país. Agora, com esta estratégia, tudo pode mudar.
Bruce Pang, economista-chefe do departamento para a China da Jones Lang LaSale defende mesmo que, com estas medidas, "a probabilidade da meta de crescimento económico ser definido em torno dos 5% pode crescer significativamente."
O mercado aplaudiu estas medidas. O renminbi inverteu a tendência, tendo chegado a subir 0,1%, tendo entretanto aliviado para uma subida de 0,09% para 0,1375 dólares. No mercado da dívida, a "yield" das obrigações chinesas a 10 anos caíram 3,2 pontos base para 1,914%.