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PS e AD focam discurso nas mulheres. Rio junta-se a Montenegro
Na aproximação do dia internacional da mulher, os dois maiores partidos ajustam o discurso para captar o voto das mulheres, que lideram indecisos. Iniciativa Liberal (IL) faz do cheque-creche uma exigência numa eventual negociação com PSD.
Marques Mendes pede "voto forte" na AD e diz que Montenegro vai surpreender pela positiva
O ex-líder do PSD Marques Mendes apelou hoje a "um voto forte, um voto maciço" na AD para que haja estabilidade governativa e defendeu que, se Luís Montenegro for primeiro-ministro, vai surpreender o país pela positiva.
"Se ele for primeiro-ministro, como eu espero e desejo, ele ainda vai surpreender muito mais. Eu ainda hei de ver muitos portugueses a dizer: afinal ele é melhor do que eu pensava, afinal ele é melhor do que eu imaginava", afirmou Luís Marques Mendes, num comício da campanha da AD em Barcelos, no distrito de Braga, e que encerra hoje o antepenúltimo dia de campanha.
O atual comentador televisivo e conselheiro de Estado, que liderou o PSD entre 2005 e 2007, fez um discurso dirigido aos que ainda não decidiram o seu voto no próximo domingo, defendendo a necessidade de mudança, de estabilidade, de "um primeiro-ministro de confiança" e alertando contra o voto de protesto.
"Não podemos passar o tempo em eleições e campanhas eleitorais (...) O país precisa de normalidade", considerou Marques Mendes, recordando que em junho haverá europeias, em 2025 autárquicas e em 2026 presidenciais.
Recordando que os portugueses, há dois anos, "mal ou bem" deram uma maioria absoluta ao PS, "mas não correu bem", o antigo deputado e líder parlamentar deixou um apelo aos eleitores.
"Se as pessoas querem mudar com segurança, com tranquilidade, se querem estabilidade, é fundamental um voto forte, um voto maciço na AD, porque é preciso estabilidade para governar, para dialogar na Assembleia da República, para dialogar com os parceiros sociais, para firmar um mínimo de consensos entre os principais partidos a bem do país", defendeu.
Marques Mendes, que liderou em 2002 a lista de deputados por Aveiro pela qual foi eleito deputado pela primeira vez Luís Montenegro, quis deixar a sua garantia pessoal das qualidades do atual líder do PSD para ser primeiro-ministro.
"Uma das questões importantes para os indecisos é saber quem vai ser o primeiro-ministro: as pessoas querem uma mudança, mas não querem uma aventura, querem mudar com segurança", disse.
Segundo o antigo primeiro-ministro, Luís Montenegro "é uma boa garantia para os indecisos, porque é um homem de confiança", dizendo ter a certeza que vai ser "um primeiro-ministro de confiança".
"Há três ou quatro meses havia pessoas em Portugal que tinham dúvidas sobre Luís Montenegro, se ele estava realmente preparado para ser primeiro-ministro (...) Nestas últimas semanas e dias, as pessoas estão muito surpreendidas com Luís Montenegro, agradavelmente surpreendidas, positivamente surpreendidas", disse, elogiando a sua prestação nos debates e uma campanha "como deve ser, pela positiva".
Realçando que conhece Montenegro há 25 anos, Mendes elogiou a sua "enorme capacidade de trabalho, grande firmeza de convicções e de liderança", "espírito reformista e grande capacidade de diálogo e compromisso".
"Digo às pessoas indecisas: eu percebo-as, é preciso um primeiro-ministro de confiança, têm aqui esse homem de confiança, este homem não é um radical, este homem não é impulsivo, este homem está no meio, é um exemplo do que deve ser um primeiro-ministro de Portugal", declarou.
PS e AD focam discurso nas mulheres. Rio junta-se a Montenegro
A quatro dias das legislativas, todos os votos contam. Sobretudo os das mulheres, a julgar pela necessidade que os líderes das duas maiores forças políticas (e não só) tiveram em trazer a proteção das mulheres para o seu discurso.
Numa arruada em Arcos de Valdevez, no Alto Minho, o presidente do PSD foi saudado por centenas de apoiantes, mas alertou que “ninguém ganha as eleições antes do dia”. Luís Montenegro considerou que a vitória está perto, mas pediu “empenho máximo até ao último momento, até que as urnas fechem”. Ao microfone, falou dos pensionistas, dos funcionários públicos e dos jovens.
Depois, o líder da AD (que junta PSD, CDS e PPM) dirigiu-se em especial às “mulheres portuguesas que estão com esta candidatura”, a quem assegurou “igualdade de oportunidades, um tratamento que as valorize e que não as condicione”. À tarde, Rui Rio, que antecedeu Montenegro na liderança, juntou-se à caravana da AD e selou a paz no partido depois de terem sido adversários internos. Questionado sobre a disponibilidade para ajudar um eventual Governo da AD, Rio respondeu “depende do que é ajudar”.
Em Setúbal, Pedro Nuno Santos jogou ao ataque e procurou contrapor o PS e a AD em relação aos direitos das mulheres, criticando a postura de alguns ex-líderes nestas matérias. “Quando é que [os ex-líderes do CDS] Paulo Portas ou Assunção Cristas estiveram ao lado das mulheres? Estiveram sempre contra”, apontou.
“Eu quero apelar ao voto dos indecisos no PS. Está muito em jogo para os mais velhos e para as mulheres. Eles sabem que podem contar com o PS e sabem que, com o PSD, recuaram sempre”, afirmou. Já antes, a ministra dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, tinha piscado o olho às mulheres. “Depois de amanhã [na sexta-feira], celebramos o dia da mulher – e é bom que se preste homenagem às mulheres deste país, esperando que não voltem atrás os seus direitos”, declarou.
Num comício na terça-feira à noite, já a coordenadora do BE, Mariana Mortágua, tinha insistido numa mensagem semelhante – de que, com a direita, os direitos das mulheres não estão protegidos. Membros do Bloco de Esquerda, como Joana Mortágua, têm usado o mote “vota como uma mulher” e apelam à participação na marcha feminista desta sexta-feira, dia internacional da mulher.
Segundo a sondagem desta quinta-feira da Intercampus para o Negócios, CM/CMTV, a AD surge à frente e há ainda uma fatia considerável de indecisos, destacando-se as mulheres.
Iniciativa Liberal pisca o olho às famílias com filhos
Também a Iniciativa Liberal (IL) piscou o olho às mulheres, sobretudo as com filhos. Rui Rocha vincou na quarta-feira, em Valongo, que o cheque-creche de 480 euros é uma das “linhas de exigência” para chegar a um entendimento para um eventual Governo com a Aliança. Mas desvalorizou se tal não for possível.
“Em Portugal, hoje, ter filhos pode ser um caminho para a pobreza. E isso não é aceitável, estamos no século XXI. Nós precisamos que as famílias tenham oportunidade de escolher, decidir as suas vidas e ter um futuro para os seus filhos”, assinalou.
Rui Rio: só há duas opções de voto entre "quem acha que país está bem" ou quem quer mudar
O ex-presidente do PSD Rui Rio defendeu hoje que só há duas opções nas legislativas entre quem "entende que país está bem" ou quem entende que é preciso mudar, ao lado de Luís Montenegro em Viana do Castelo.
O atual presidente do PSD e o seu antecessor chegaram hoje juntos, a pé, a uma arruada em Viana do Castelo, e até subiram a uma varanda fazendo o "V" de vitória, no que ambos disseram tratar-se de um sinal de união.
"Sinal de união é seguramente, de desunião é que não seria", afirmou Rui Rio, no final aos jornalistas, em tom bem-disposto.
Montenegro considerou esta presença do anterior líder do partido, contra quem já disputou a liderança e teve grandes divergências no passado, "uma expressão da junção e agregação" com que a AD está a encarar esta campanha.
"O dr. Rui Rio é um político com muita experiência, muito trabalho feito. Foi presidente do PSD, é uma honra estar aqui e poder partilhar esta caminhada pelas ruas de Viana", disse, salientando a ligação afetiva do ex-líder a este distrito.
Questionado sobre a mensagem que quer deixar nesta campanha, Rui Rio, que liderou o PSD entre 2018 e 2022, considerou que "já está praticamente tudo dito, as pessoas já têm os dados todos para pensar no que vão fazer".
"Tudo se resume a uma situação muito simples: quem entende que o país está bem, vai repetir o voto que sempre fez; quem entende que o país não está bem, que quer estar melhor, que deve haver uma mudança, se quer mesmo mudar, só tem realmente uma alternativa", respondeu, sem nomear nem PS nem AD.
Rio acrescentou que "mudança de pessoas vai haver" depois das legislativas de domingo, mas a mudança de políticas não é garantida.
"Quem acha que tudo tem corrido bem, não mexe, quem entende que o país precisa de uma mudança e melhorar em muitos setores, obviamente só tem uma alternativa que é mudar", disse.
O ex-líder do PSD disse que "obviamente" acredita numa vitória da AD, embora alerte que não se deve confiar nas sondagens, e recusou dar conselhos a Luís Montenegro, considerando que não são necessários e, se fossem, seria no início.
"Agora já está praticamente tudo dito, não há mais argumentos a não ser a componente mais emotiva para levar as pessoas a votar", disse.
Questionado se o voto de protesto pode penalizar a AD, Rio defendeu que o primeiro penalizado será o PS.
Já desafiado a comentar o que poderá estar na base de uma eventual derrota na AD, respondeu: "Se isso acontecer tem a ver, na minha opinião, com fatores que foram determinantes como aconteceu também no meu tempo, com aspetos como o salário mínimo e as reformas, que levarem as pessoas a votarem com base nessa historia e esquecendo o futuro do país", disse.
"Ou nós votamos no futuro de amanhã, a 24 horas, ou votamos no futuro a cinco, seis anos de distancia. Quem pensar no futuro do país, dos seus filhos e netos, aí tem de mudar, está provado que esta foi uma governação que pensou no dia de amanhã mas não no futuro de país", disse.
Questionado se, num cenário de vitória da AD, Montenegro pode contar consigo, disse que "como militante do PSD sempre".
"Para lá disso, cada um tem a sua vida. Para ajudar estou disponível, agora depende do que é ajudar", disse, mantendo o tom bem-humorado.
Foi também com ironia que respondeu à pergunta se concordava com a estratégia seguida por Montenegro nesta campanha.
"Nem que eu discordasse, não ia dizer, já viu o que era vir à campanha dizer que discordava? Não tinha pés nem cabeça", brincou, acrescentou que está "basicamente concordante", tal como com a opção de ter sido feita uma coligação com o CDS-PP, que recusou em 2022.
Foi no mesmo tom que respondeu à pergunta sobre qual deve ser a estratégia para lidar com o crescimento do Chega.
"Em Viana do Castelo custa-me um bocado dizer mal do Chega, já não sabíamos como nos havíamos de ver livres do dr. Eduardo Teixeira e o Chega levou-o, prestaram-nos um enorme serviço", ironizou, referindo-se ao ex-deputado do PSD, que é agora cabeça de lista do Chega por este círculo.
Rui Rocha quer "reconciliar os jovens com Portugal" com melhores salários e menos impostos
O presidente da IL assumiu hoje querer "reconciliar os jovens com Portugal", comprometendo-se com melhores salários e menos impostos para que continuem no país e "não fujam" para o estrangeiro.
Na reta final da campanha para as eleições legislativas de domingo, Rui Rocha tem dirigido o seu discurso aos jovens, dizendo querer que eles fiquem em Portugal e que não deixem "uma cadeira vazia à mesa" nas casas das suas famílias.
Depois de uma visita à Qualifica 24 -- Feira de Educação, Formação, Juventude e Emprego em Matosinhos, no distrito do Porto, ao qual dedica hoje o dia, o dirigente liberal insistiu na necessidade de o país se reconciliar com os jovens, considerando ser isso que está em causa no domingo.
À medida que ia abordando e sendo abordado por jovens no certame, a maioria ainda indecisa sobre o curso profissional ou universitário a escolher, Rui Rocha afirmou ser inaceitável que metade dos estudantes universitários admita ou ponha a possibilidade de sair do país.
O presidente da IL classificou ainda de inaceitável que Portugal não dê resposta aos jovens, sendo "urgente criar condições" para que fiquem no país e sejam uma mais-valia para o seu crescimento.
"Isto já não é só uma questão dos jovens, os jovens tomarão a sua posição nas próximas eleições, isto é uma questão das outras gerações. Nós, como pais e avós, temos obrigação moral de construir um país onde os jovens podem e querem ficar", frisou.
Dentro das "muitas coisas que funcionam mal em Portugal", uma das que é preciso melhorar é o ensino superior, disse Rui Rocha.
Nessa matéria há, segundo o dirigente liberal, um "problema sério" que passa pelo país não conseguir reter os jovens qualificados por não lhes dar condições, após investir na sua formação.
A prioridade da IL passa por lhes dar condições, oportunidades, melhores salários e impostos mais baixos, disse.
Com esta fórmula, a economia cresce e os jovens portugueses podem ficar em Portugal, sublinhou.
"Nós queremos um país a facilitar a vida aos jovens", frisou o dirigente liberal.
Questionado sobre o modelo de propinas atual, o presidente da IL vincou que o partido não faz nenhuma proposta de alteração do atual modelo porque não faz lhe sentido aumentar o custo da formação dos jovens que "já têm sido suficientemente punidos pela falta de oportunidades".
A visão da IL assenta na alteração das regras de funcionamento das instituições superiores com mais sucesso, mais mérito e que atraem novos estudantes.
"A regra de funcionamento é, neste momento, desequilibrada em função do sucesso das instituições superiores", concluiu.
Pedro Nuno afasta Orçamento retificativo e diz que medidas do PS são acomodáveis
O secretário-geral do PS afastou hoje a possibilidade de apresentar um Orçamento retificativo, alegando que as medidas do seu programa "são acomodáveis", e criticou o cenário macroeconómico da AD, que considerou irrealista.
Em declarações aos jornalistas no final de uma arruada em Torres Vedras, distrito de Lisboa, Pedro Nuno Santos foi questionado se, tendo em conta medidas que foi apresentando, como o fim das portagens nas ex-SCUT, é necessário o PS apresentar um Orçamento retificativo para as conseguir implementar.
"Nós não fazemos como a AD (Aliança Democrática), que tem um cenário macroeconómico que é irrealista, e que obviamente torna impossível realizar muitos dos seus compromissos. As nossas são acomodáveis", afirmou Pedro Nuno Santos.
O líder do PS sublinhou que o partido já apresentou o cenário macroeconómico, com taxas de crescimento "compatíveis com as previsões das agências internacionais" e, apesar de ambicionar "crescer mais", apresenta uma previsão "realista", que lhe permite realizar e cumprir os seus compromissos.
"Há medidas que são [para implementar] de imediato, há medidas que são ao longo da legislatura. O que nós sabemos é que o nosso cenário permite cumprir os nossos compromissos, e sabemos também que é muito provável que o cenário que a AD apresentou não seja realizável e os obrigue a cortar", defendeu.
Pedro Nuno Santos defendeu que, até ao momento, a AD ainda não respondeu "onde é que vai cortar caso o seu cenário não se verifique e não seja cumprido".
"Isso nunca dirão. Aliás, como não fizeram no passado e, depois, quando chegaram ao poder, cortaram e cortaram aos mesmos de sempre. Isso não pode voltar a acontecer", defendeu.
Ventura: "Nós somos extremistas contra a corrupção"
O presidente do Chega respondeu hoje ao líder do PSD, dizendo ser "extremista" e "radical" no que toca à luta contra a corrupção, e defendeu que o único voto que "moderará alguma coisa" é no seu partido.
"Nós somos extremistas. Somos extremistas contra a corrupção, somos extremistas contra os tachos, somos extremistas por uma saúde decente em Portugal", afirmou André Ventura.
A partir de um almoço/comício em Beja, o líder do Chega respondeu ao presidente do PSD, Luís Montenegro, que se dirigiu na terça-feira à noite aos potenciais eleitores do Chega e pediu-lhes para ponderarem votar na AD, afirmando que os respeita, que sabe que não são extremistas nem racistas e compreende a sua frustração.
Ventura reagiu considerando que "Luís Montenegro está muito engando" e que o "extremismo inabalável" do Chega é "por um país decente" e contra "a corrupção que tem destruído os alicerces do país".
"Somos radicais contra a corrupção", insistiu.
O presidente do Chega referiu que PS e PSD "podem andar com a trouxa às costas por todo o país a dizer que não vale a pena votar no Chega" e salientou que "o povo comum sabe que o único sinal de mudança no dia 10, o único que mudará alguma coisa é o voto no Chega".
Raimundo critica proposta europeia para compra conjunta de armamento
O secretário-geral do PCP criticou hoje o compromisso definido pela Comissão Europeia para a compra conjunta pelos Estados-membros de pelo menos 40% dos equipamentos militares para a União Europeia (UE) até 2030.
"Qual foi o cálculo que a UE fez para decidir que os nossos compromissos têm de ser na ordem dos 40%? Nós podemos ter necessidades de 60% ou de apenas 20%... É alguém que está lá e, na sua folha de Excel, decide quanto é que sai de saúde, quanto é que se deixa de gastar na habitação, quanto é que se deixa de pagar em salários para gastar em armamento? É um caminho que não acompanhamos", afirmou Paulo Raimundo.
Em declarações aos jornalistas à margem de uma iniciativa de campanha da CDU na Baixa da Banheira, no distrito de Setúbal, o líder comunista fez ainda uma analogia com a operação de capitalização da TAP para denunciar a falta de soberania de Portugal em função dos compromissos europeus.
"Estamos recordados da UE que permitiu ao Estado português, com o dinheiro de todos nós, injetasse três mil milhões de euros na TAP, desde que, após a limpeza da TAP, ela fosse privatizada. Onde quero chegar com isto? Estamos numa situação em que o estado não tem qualquer soberania para decidir o seu caminho, ora, isto não é possível. Não há nenhum Estado que se desenvolva sem soberania das suas decisões", frisou.
De acordo com a proposta apresentada na terça-feira sobre a estratégia para a indústria da defesa na UE, o executivo de Ursula von der Leyen quer que os 27 países do bloco comunitário se comprometam com a aquisição conjunta de pelo menos 40% de todos os equipamentos militares para reforçar a defesa europeia nos próximos seis anos.
Em simultâneo, a Comissão Europeia quer que até 2030 o valor do comércio intraeuropeu em defesa seja de pelo menos 35% o mercado da defesa na UE.
Em conferência de imprensa de apresentação desta estratégia, a vice-presidente executiva da Comissão Margrethe Vestager recordou que "não muito longe daqui os ucranianos estão a lutar pela liberdade e pelos valores europeus".
"Nos últimos dois anos enfrentámos uma situação de uma indústria de defesa incapaz de produzir com a celeridade necessária", completou.
A Comissão Europeia apresentou uma estratégia industrial europeia de defesa, para criar uma "economia de guerra" na UE, com um programa para investimento no setor que deverá requerer 100 mil milhões de euros, segundo as contas do comissário europeu do Mercado Interno, Thierry Breton.
Em causa está a proposta sobre a Estratégia Industrial de Defesa Europeia para responder às lacunas de investimento no setor com instrumentos europeus e contratos públicos conjuntos e, assim, reforçar a capacidade e apoiar a Ucrânia devido à invasão russa.
Câmara de Lisboa acata ordem da CNE de retirada de cartazes mas irá contestar
A Câmara de Lisboa vai acatar a ordem da Comissão Nacional de Eleições (CNE) de retirada de cartazes sobre medidas do município na área da habitação após queixas sobre violação da lei eleitoral, mas irá contestar a deliberação.
Em causa estão queixas recebidas pela CNE contra a Câmara Municipal de Lisboa (CML), por se considerar que a autarquia violou a lei eleitoral ao ter feito publicidade institucional durante o período da campanha das eleições legislativas, com cartazes relativos às medidas implementadas pelo município na área da habitação, relativamente ao apoio às rendas e à reabilitação de fogos devolutos.
Em resposta à agência Lusa, a CML adiantou que "a informação referida pela CNE foi colocada em dezembro do ano passado e não em qualquer período eleitoral".
"Essa informação é o resultado do extraordinário trabalho das equipas e serviços municipais na capacidade de reabilitação de imóveis que não se encontravam a uso e que foram recuperados e disponibilizados como habitação municipal, bem como na atribuição de apoios ao arrendamento, ajudando muitas famílias a conseguirem ter um lar e condições para os seus filhos", indicou a CML, presidida por Carlos Moedas (PSD).
Na perspetiva da autarquia, os cartazes em causa são "um ato de prestação de contas, transparência e informação para com os munícipes, numa área fundamental e reconhecidamente tão difícil como é o acesso à habitação na cidade de Lisboa".
Neste sentido, a interpretação da CML é que "esta mera informação institucional não se enquadra no âmbito da publicidade pública, revestindo-se apenas de um caráter meramente ordinário e declarativo", considerando que não está abrangida pela proibição constante da legislação relativa à realização de campanha eleitoral.
"De qualquer forma, e de acordo com o solicitado pela CNE com base em denúncias anónimas, a CML pediu para a empresa responsável dar início ao processo de retirada dos cartazes", acrescentou a autarquia.
Contudo, apesar de cumprir com o pedido de retirada dos cartazes no prazo de 24 horas, "a CML irá contestar a posição e interpretação da CNE".
A agência Lusa solicitou à CNE mais informação sobre esse assunto, aguardando ainda resposta.
As eleições legislativas ocorrem este domingo, 10 de março, tendo a campanha eleitoral arrancado em 25 de fevereiro.
A atual legislatura, que terminaria apenas em 2026, foi interrompida na sequência da demissão do primeiro-ministro, António Costa (PS), em 07 de novembro, após ter sido tornado público que era alvo de um inquérito judicial instaurado pelo Ministério Público no Supremo Tribunal de Justiça a partir da Operação Influencer.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, aceitou de imediato a demissão do primeiro-ministro e dois dias depois anunciou ao país a dissolução do parlamento e a convocação de eleições legislativas antecipadas para 10 de março.
São 19 o total de forças políticas a concorrer nestas eleições legislativas, designadamente PS, Aliança Democrática (PSD/CDS/PPM), Chega, IL, BE, CDU (PCP/PEV), PAN, Livre, Nós, Cidadãos!, Alternativa 21 (MPT/Aliança), ADN, PTP, RIR, JPP, Ergue-te, MAS, Nova Direita, Volt Portugal e PCTP/MRPP.
Pedro Nuno afirma que PS é "porto seguro" e AD corta nas pensões e funcionários públicos
O secretário-geral socialista afirmou hoje que o PS é um "porto seguro" para pensionistas e para a generalidade dos trabalhadores, contrapondo que a AD corta nas pensões e nos salários da função pública logo que há aperto.
Esta advertência, dirigida sobretudo aos eleitores indecisos, foi feita por Pedro Nuno Santos no discurso que proferiu no final de uma arruada no Barreiro, durante a qual esteve acompanhado pelo presidente da Câmara, Frederico Rosa, e pela cabeça de lista socialista por Setúbal, Ana Catarina Mendes.
Com o antigo ministro Eduardo Cabrita a ouvi-lo, bem como o secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro, António Mendonça Mendes, o líder socialista procurou dramatizar os alegados riscos de uma vitória da Aliança Democrática (AD) no domingo.
"A AD não é confiável, nunca foi. O PS é um porto seguro, porque nós protegemos as pessoas", declarou, já depois, de ter falado sobre o que poderá fazer um Governo liderado pelo presidente do PSD, Luís Montenegro, num cenário de crise internacional.
"Tenho a certeza que ninguém quer voltar a 2015. Ao contrário do que prometem em campanha, fazem depois o contrário. Ao primeiro aperto, logo com a primeira crise, cortam sempre nos mesmos de sempre, os pensionistas, nos trabalhadores do Estado e nos trabalhadores em geral", acusou.
Em contraponto, de acordo com o secretário-geral do PS, com os socialistas no Governo, quando há crises, "sabe-se quem se protege em primeiro lugar".
"Não hesitamos: Protegemos os mais velhos. Temos uma relação de confiança com que trabalhou uma vida inteira. O mesmo com os trabalhadores que menos recebem. Continuaremos aumentar o salário mínimo os próximos anos, porque o aumento do salário mínimo faz bem à economia em geral", disse.
Pedro Nuno Santos procurou ainda contrapor o PS e a AD em relação aos direitos das mulheres, dizendo que estes direitos avançaram sempre com os socialistas e nunca com os conservadores.
"Trazem para a campanha vários nomes a achar que engrandecem, mas aquilo que fazem é trazer à memória o que eles defendiam. Quando é que [os ex-líderes do CDS] Paulo Portas ou Assunção Cristas estiveram ao lado das mulheres? Estiveram sempre contra", acrescentou.
Montenegro recebe apoios no Alto Minho mas alerta que "ninguém ganha eleições antes do dia"
O presidente do PSD, Luís Montenegro, foi hoje saudado por centenas de apoiantes nas ruas de Arcos de Valdez, no Alto Minho, mas alertou que "ninguém ganha as eleições antes do dia, muito menos depois do dia".
Esta ação de rua da Aliança Democrática (AD), que durou cerca de 45 minutos e a que se juntou o cabeça de lista da coligação pelo distrito de Viana do Castelo, o antigo ministro da Defesa José Pedro Aguiar-Branco, foi animada pela música e pelos cantares do Grupo de Amigos dos Arcos de Valdevez.
No Largo da Lapa, Rosa, Alice e Isabel improvisaram algumas rimas alusivas à campanha para as legislativas antecipadas de domingo como "Daqui nos vamos retirar, vamos ver se o Montenegro nos vai saber governar".
Alguém sugeriu uma rima com um apelo direto ao voto na coligação PSD/CDS-PP/PPM, e o pedido foi acedido: "Ai querido pessoal, eu saúdo-vos com carinho, pegai no papel à direita, votai na AD no domingo".
Ao longo do percurso pela Rua Soares Pereira, colorida por bandeiras do PSD e da AD, Luís Montenegro recebeu constantes palavras de incentivo e apoio. "Parabéns, meu amigo, continue na mesma linha", disse-lhe um homem. "Sempre numa linha direita, meu amigo, vamos ganhar", reforçou.
"É tudo nosso aqui, vamos embora que isto é tudo nosso", exclamou outro, mais à frente.
O presidente do PSD agradeceu aos apoiantes e quando subiu as escadas do fonte do Largo da Lapa para discursar considerou que "a vitória está perto", mas acrescentou que "só se constrói no dia das eleições".
"Por isso, caras e caros amigos, tenho pedido a todos empenho máximo até ao último momento, até que as urnas fechem, para que consigamos ter na AD o maior número de votos possível", pediu.
Ana Catarina Mendes afirma que AD entrou em delírio pondo Portas a falar de demissões
A cabeça de lista socialista por Setúbal, Ana Catarina Mendes, acusou hoje a AD de ter "entrado em delírio", pondo Paulo Portas a falar sobre mudanças em governos, ele que foi o ministro da "demissão irrevogável".
Ana Catarina Mendes falava no final de uma arruada no Barreiro, num discurso que antecedeu o do secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, e que se seguiu ao do presidente da Câmara, Frederico Rosa.
Nas suas primeiras palavras, a ministra prestou homenagem ao "vulto da cultura", o realizador de cinema António-Pedro Vasconcelos, que hoje faleceu.
De acordo com Ana Catarina Mendes, nos lados da AD, entrou-se "em delírio" e "a perplexidade é maior quando se ouve Paulo Portas, o ministro da demissão irrevogável" no executivo de Pedro Passos Coelho, "falar sobre demissões".
"Estamos conversados", reagiu, numa alusão ao discurso feito pelo antigo líder do CDS-PP, na terça-feira à noite, sobre as circunstâncias em que ocorreu a demissão de Pedro Nuno Santos das funções de ministro das Infraestruturas e da Habitação, em dezembro de 2022, no terceiro Governo de António Costa.
A ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares atacou depois outras figuras da AD, que, segundo ela, representam "um regresso ao passado".
"Pasme-se, o retrocesso é tal que Paulo Núncio [dirigente do CDS e candidato pela AD] veio dizer que é preciso um novo referendo ao aborto. Depois de amanhã [na sexta-feira], celebramos o dia da mulher - e é bom que se preste homenagem às mulheres deste país, esperando que não voltem atrás os seus direitos", declarou.
Antes, acusou a AD de ter "entrado em delírio", apresentando figuras como o antigo primeiro-ministro Durão Barroso, que "manifestou orgulho pelos resultados da troika, que trouxe empobrecimento e desemprego".
Ana Catarina Mendes referiu-se ainda a outro ex-primeiro-ministro, o social-democrata Pedro Passos Coelho, por colocar em causa a política de imigração, contrapondo que Portugal "é um país para todos" e que Setúbal "e um distrito que representa a diversidade".
Livre quer "capacidade de cooperação em Defesa" dentro da UE e comissário dedicado à área
O porta-voz do Livre Rui Tavares manifestou-se hoje a favor de uma "capacidade de cooperação em Defesa" dentro da União Europeia, pedindo que os investimentos tenham em conta aspetos ambientais, e defendendo a criação de um comissário europeu para esta área.
Rui Tavares falava aos jornalistas na estação de Lisboa-Santa Apolónia à margem de uma iniciativa de campanha para as legislativas, altura em que foi questionado sobre a decisão da Comissão Europeia que pediu um compromisso dos estados-membros para a compra conjunta de pelo menos 40% dos equipamentos militares para a UE até 2030.
"Devemos ter capacidade de cooperação em Defesa dentro da União Europeia com o devido escrutínio pelo Parlamento Europeu, com uma comissão de Defesa neste parlamento - é uma subcomissão apenas agora - e com um comissário que possa ser fiscalizado", defendeu.
O porta-voz do Livre pediu que "os investimentos em Defesa, que no atual cenário europeu se verifiquem absolutamente imprescindíveis, sejam sempre feitos tendo em conta aspetos que também têm vantagem do ponto de vista ambiental e social".
O historiador referiu que se vivem "tempos de guerra na Europa" e alertou para os riscos que a UE pode correr caso o republicano Donald Trump seja eleito Presidente dos Estados Unidos da América e as consequências que tal acontecimento pode ter para a NATO.
"A Europa não deve depender de terceiros, nem ceder a ameaças de terceiros. A única maneira de o fazer é os países médios e pequenos do continente europeu se unirem, e também na cooperação e Defesa, terem políticas conjuntas", sustentou.
Quanto à industria de Defesa na Europa, Tavares afirmou que a UE descobriu na pandemia da covid-19 que, "além de todos os seus aspetos sociais, políticos e ecológicos, a UE é uma boa central de compras, é possível ter mais poder negocial, baixar os preços e cada estado membro poupar".
"E é juridicamente mais vinculativa do que a NATO, além de não sabemos o que vai acontecer à NATO", avisou.
O deputado único recusou "o incentivo à criação de uma indústria de armamento e militar em Portugal", argumentando que existem "indústrias da paz em que Portugal pode marcar a agenda".
No âmbito da Defesa, Rui Tavares falou ainda dos antigos combatentes, para os quais o Livre inclui algumas medidas no seu programa eleitoral, como a criação de um instituto do veterano.
A Comissão Europeia quer um compromisso por parte dos Estados-membros para a compra conjunta de pelo menos 40% dos equipamentos militares para a União Europeia (UE) até 2030, anunciou hoje o executivo comunitário.
De acordo com a proposta apresentada sobre a estratégia para industrial da defesa na UE, o executivo de Ursula von der Leyen quer que os 27 países do bloco comunitário se comprometam com a aquisição conjunta de pelo menos 40% de todos os equipamentos militares para reforçar a defesa europeia nos próximos seis anos.
Em simultâneo, a Comissão Europeia quer que até 2030 o valor do comércio intraeuropeu em defesa seja de pelo menos 35% o mercado da defesa na UE.
Pedro Nuno diz que personalidades nos comícios da AD fazem "lembrar o pior" do passado
O secretário-geral do PS afirmou hoje que cada nova figura que aparece nos comícios da AD faz "lembrar o pior" do passado, durante uma arruada no Barreiro em que recusou brindar já a uma vitória socialista.
Acompanhado pela cabeça de lista do PS por Setúbal, Ana Catarina Mendes, e pelo autarca local, Frederico Rosa, Pedro Nuno Santos percorreu esta manhã as ruas do Barreiro, no distrito de Setúbal, rodeado por centenas de pessoas, tendo entrado em vários estabelecimentos comerciais e no mercado local.
A meio do percurso, o líder socialista falou aos jornalistas mas recusou reagir às declarações de Paulo Portas - que, num comício na terça-feira, o acusou de ziguezagues sobre a governabilidade em Portugal -, sublinhando que o antigo líder do CDS não apareceu na campanha só ontem, "ele está em campanha todos os domingos", numa referência ao seu programa de comentário televisivo.
"Eu não tenho nenhum comentário a fazer a Paulo Portas. A memória que ele deixou aos portugueses não é boa e, portanto, não me preocupa muito o que ele diz", afirmou, para logo de seguida criticar as várias personalidades - como Durão Barroso, Pedro Passos Coelho ou Assunção Cristas - que têm participado nos comícios da AD.
"Nós não podemos andar para trás. Os nomes que a AD tem apresentado nestas eleições fazem-nos lembrar o pior", frisou.
Depois de ter distribuído cumprimentos e tirado várias 'selfies', o líder do PS entrou na Tasca da Galega, paragem obrigatória para o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que aqui vem todos os anos na véspera de Natal para beber uma ginja.
Pedro Nuno Santos repetiu a tradição, com quase três meses de atraso, e também quis experimentar o licor local com Ana Catarina Mendes, Frederico Rosa e António Mendonça Mendes - candidato por Setúbal e atual secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro -, mas recusou brindar à vitória.
"Não [vou brindar à vitória]. Nós temos muito respeito pelas eleições e pelo dia 10 de março. Portanto, nós trabalharemos com muita humildade para convencer o povo português a estar connosco, a fazer a mudança connosco e a não andar para trás", disse.
Pedro Nuno Santos argumentou que "o ambiente é bom" e as pessoas confiam no PS, salientando que "ninguém quer voltar para trás" e voltando a criticar a coligação composta por PSD/CDS-PP/PPM.
"Cada nova figura que aparece em cada novo comício da AD lembra-nos o pior, lembra a todos o pior: aos mais velhos, às mulheres", defendeu.
Já questionado sobre as palavras que trocou esta terça-feira à noite com António Costa, no final de um comício na Aula Magna, em Lisboa, Pedro Nuno Santos disse que fala muitas vezes com o primeiro-ministro.
"Eu quero é apelar ao voto dos indecisos no PS para não andarmos para trás, nomeadamente aos mais velhos. Está muito em jogo para os mais velhos e para as mulheres. Eles sabem que podem contar com o PS e sabem que, com o PSD, recuaram sempre. Connosco, avançam", afirmou, voltando a apelar à concentração do voto no PS "para derrotar a direita".
"Só se derrota a AD de uma maneira: votando no PS", disse.
Mortágua traça meta de recuperar deputados perdidos em distritos como Braga
A líder bloquista mostrou-se hoje confiante que o BE vai crescer nestas eleições e tem como objetivo recuperar deputados perdidos em 2022 por Braga, Aveiro, Coimbra, Santarém e Faro para dar "representação da esquerda" a esses distritos.
Mariana Mortágua esteve esta manhã na Feira de Famalicão, Braga, acompanhada pelo cabeça de lista por aquele distrito, Bruno Maia, mas também por Pedro Filipe Soares, que decidiu deixar o parlamento com o final desta legislatura.
"Com o aproximar do fim da campanha a certeza que cresce é que vamos crescer e essa é a maior certeza que eu tenho ao ver esta campanha e ao ver tanta gente que se junta à campanha do Bloco de Esquerda", respondeu aos jornalistas quando questionada sobre os objetivos eleitorais do partido depois do desaire de 2022.
A meta do BE, de acordo com a sua líder, é "poder mudar a vida do país" e "ter a força necessária" para no dia seguinte às eleições "impor soluções" nas áreas do salário, da habitação e da saúde.
"Acredito que vamos voltar a eleger em Braga, Aveiro, Coimbra, Santarém e Faro. Há tantos distritos neste país que perderam a representação da esquerda no parlamento e nós sabemos que essa representação é necessária", respondeu, perante a insistência dos jornalistas.
Estes deputados que Mariana Mortágua quer conseguir recuperar serão "para construir essa grande maioria com a esquerda", mostrando-se confiante que o "Bloco é a esquerda que pode eleger em todos estes distritos".
"Contamos em Braga com o Bruno Maia. É um candidato que deu provas, tem uma luta de anos pelo SNS, conhecedor das medidas para salvar o SNS e nós contamos com toda a sua experiência e garra para estar no parlamento para defender o SNS", disse, com o candidato a seu lado.
Evitando estabelecer uma meta quantitativa concreta, a coordenadora do BE reiterou que "o objetivo é crescer, ter tantos deputados quanto possível e que a esquerda eleja em distritos onde perdeu essa representação".
"O objetivo, acima de tudo, é que esses deputados sirvam para construir uma maioria com a esquerda, com capacidade para impor soluções e que consiga corrigir os problemas que a maioria absoluta deixou", disse.
PAN diz que país não pode ficar refém de maiorias absolutas
A porta-voz do PAN, Inês de Sousa Real, defendeu hoje a necessidade de haver mais pluralidade na Assembleia da República, considerando que o país não pode ficar refém de maiorias absolutas nem de alianças "muito pouco democráticas".
Em Braga, no final de uma visita ao Centro Novais e Sousa, que atende pessoas com deficiência mental, Inês Sousa Real acrescentou que, com a legislatura que agora termina, "já ficou bastante claro que uma maioria absoluta não serve o país e que o voto chamado voto útil foi um voto absolutamente inútil".
"Em democracia, é fundamental não deixarmos o país refém nem de maiorias absolutas, nem de alianças muito pouco democráticas que fazem retroceder os direitos das pessoas", referiu.
Lembrou que o PS já teve uma maioria absoluta e "foi uma oportunidade desperdiçada".
"O PS traiu a confiança dos eleitores quando trouxe uma instabilidade política para o país que o país não tinha atravessado ainda. Tivemos casos e casinhos que sucederam, tivemos falta de transparência, tivemos também questões associadas à corrupção, o que põe em causa a confiança dos nossos concidadãos nas instituições e no poder político", apontou.
Por isso, apelou a "mais pluralidade" na Assembleia da República, com "mais representação de partidos políticos como o PAN".
Sobre a participação, na terça-feira, do antigo líder do CDS-PP Paulo Portas na campanha da Aliança Democrática (AD), Inês Sousa Real disse que "parece o regresso ao passado" e a políticas que puseram o país "numa situação de aperto" e de asfixia para famílias e empresas.
"Não queremos o regresso a esse tipo de políticas. Precisamos, sim, de olhar para o futuro, garantir que damos confiança às pessoas, à economia e ao desenvolvimento social, mas numa transição para uma economia verde", sublinhou.
A porta-voz do Pessoas-Animais-Natureza acusou ainda a AD de "revivalismo das touradas e do tiro aos pombos", práticas que classificou de "monstruosidades cruéis".
"É claramente uma visão curta e uma visão errada daquilo que é o mundo rural. Para quem confunde o mundo rural com a crueldade das touradas ou até mesmo com a crueldade do tiro ao pombo claramente não percebe as necessidades que os nossos agricultores têm, a necessidade de promovermos uma agricultura de subsistência e soberania alimentar e promovermos também a agricultura biológica no nosso país", considerou.
Para a líder do PAN, um voto na AD ou no Chega é "um voto contra direitos humanos fundamentais, contra o progresso do país, contra a civilização".
A propósito da visita ao Centro Novais e Sousa, onde assistiu a um "miniconcerto" de bombos pelos utentes, visitou uma horta e deu uns pontapés na bola, Inês Sousa Real defendeu que é preciso colocar o tema da inclusão nas agendas políticas, para apoiar aquelas instituições, designadamente as que trabalham na área da saúde mental e na autonomia dos utentes.
Disse que é necessário canalizar fundos para aquelas instituições e criticou o alegado desaproveitamento do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
"Irmos mais longe na próxima legislatura é garantir que estas pessoas não continuam sem ter um apoio do Estado em matéria de inclusão social e laboral", afirmou, alertando para o perigo de "forças políticas antidemocráticas, que põem em causa os apoios sociais e os direitos sociais", disse ainda.
IL vinca que cheque-creche é "linha de exigência" para acordo de Governo
O presidente da Iniciativa Liberal (IL), Rui Rocha, vincou hoje em Valongo que o cheque-creche de 480 euros é uma das "linhas de exigência" para chegar a um entendimento para um eventual Governo com a Aliança Democrática.
"Já me perguntaram ao longo desta caminhada nesta campanha eleitoral várias vezes se há linhas de exigência da Iniciativa Liberal relativamente a pontos programáticos e a questões que propomos. Pois esta é uma linha da qual eu não prescindo mesmo", disse hoje Rui Rocha aos jornalistas, durante uma visita a uma creche privada em Alfena, concelho de Valongo, no distrito do Porto.
Questionado sobre se este tema é uma obrigatoriedade de inclusão num eventual acordo com a AD, Rui Rocha anuiu, frisando que "esta é realmente uma diferença de ambição e de visão da Iniciativa Liberal", que foi incluída nos dez pontos que entregou ao líder da AD, Luís Montenegro, no debate televisivo entre ambos.
Já sobre se não for possível obter um entendimento acerca deste tema, o presidente da IL recusou "criar dramatizações", mas vincou que "é um ponto essencial" para os liberais, já que no seu entender "começa a resolver o problema da perda dos jovens" e da "incapacidade que hoje existe para constituir uma família".
"Em Portugal, hoje, ter filhos pode ser um caminho para a pobreza. E isso não é aceitável, estamos no século XXI. Nós precisamos que as famílias tenham oportunidade de escolher, decidir as suas vidas e ter um futuro para os seus filhos", assinalou.
O líder da IL e candidato a deputado no distrito de Braga disse querer "no futuro, que as famílias portuguesas possam dispor deste apoio e que o possam fazer decidindo elas onde é que o utilizam, qual é a instituição que melhor as serve, se é perto de casa ou perto do emprego, pelo projeto".
Em causa está um cheque-creche de 480 mensais, 5.760 por ano, "para que as famílias possam, desde cedo, construir o futuro educativo dos seus filhos", explicou o presidente da IL, assinalando ainda que esta medida "traz uma alteração fundamental relativamente à situação que existe hoje".
"Hoje existe um programa que é o Creche Feliz, que promete creches gratuitas para as famílias e para as crianças portuguesas, mas que não funciona", apelidando-o Rui Rocha de "Creche Infeliz", pela "burocracia, pelas limitações, pela ausência de vagas que existe hoje", causando "mais problemas às famílias do que aquilo que resolve".
Questionado sobre quanto custaria ao Orçamento do Estado tal medida, Rui Rocha disse que "não custa rigorosamente mais nada", já que a IL pretende "pegar no modelo que existe atualmente" e "dizer às famílias que passem a escolher".
Rui Rocha comentou ainda a assinatura, por mais de 100 profissionais de saúde, de um manifesto de apoio à AD, destacando que "a visão do PSD para a saúde é uma visão de remendos", e que não há "mais tempo para estar com remendos", sendo necessária uma "mudança estrutural".
Depois da visita à creche em Alfena, a campanha da IL tem mais dois pontos previstos para hoje: uma visita à Qualifica 24 - Feira de Educação, Formação, Juventude e Emprego, na Exponor, em Matosinhos, um jantar na Foz, no Porto, e uma arruada noturna em Braga.
Pedro Nuno Santos quer privatizar parte da TAP se formar governo. Tema fora do programa do PS
A quatro dias das eleições legislativas, o candidato a primeiro-ministro pelo Partido Socialista assumiu que, caso venha a formar governo, quer manter a maioria do capital da TAP no Estado, mas que "seria errado" não abrir parte dele a outras empresas privadas.
"Não privatizar nada, não. Acho importante que a TAP esteja enquadrada com outras empresas no setor da aviação", garantiu, em entrevista à Renascença.
Sem querer abordar possíveis entendimentos à esquerda num cenário pós-eleições, como fez com a "geringonça", Pedro Nuno Santos considerou que o PSD tem de se reconciliar não só com os pensionistas, mas também com os professores, "porque também não os tratou bem enquanto esteve no Governo" já que, durante o governo da PáF se perderam "quase 28 mil professores e hoje pagamos caro essa desistência".
Relativamente a trazer de volta ao ensino profissionais aposentados, consoante uma compensação monetária, explicou que a medida no programa eleitoral socialista consiste em fazer o que já foi feito no SNS, "até nós conseguirmos ter novos professores e não termos falta que é aquilo que temos neste momento e que resulta de opções erradas no passado", assegurou.
Pedro Nuno Santos não quis comentar as declarações de Rui Tavares, do Livre, que confessou abrir portas a entendimentos à direita, mas admitiu que há áreas em que o próprio PS terá de "preservar consensos alargados" com a AD, como a escolha de um novo Procurador-Geral da República, não querendo tecer comentários à saída de Lucília Gago em contexto de pré-eleições.
O sucessor de António Costa reiterou que o partido "não está a fazer contas" para uma maioria absoluta, como quer o seu "maior adversário", a AD, mas sim "ter o melhor resultado possível". Neste sentido, o líder socialista lamentou os "ataques de caráter" proferidos por Luís Montenegro, que o acusou de não ter "estabilidade emocional".
Paulo Raimundo: "Vamos ser a grande surpresa da noite eleitoral"
O secretário-geral do PCP considerou hoje que a CDU vai ser "a grande surpresa da noite eleitoral" e expressou confiança em conseguir travar a "bipolarização" com o voto dos trabalhadores, lembrando também o 103.º aniversário do partido.
"São 103 anos de história, uma história que se confunde com a história do país e dos trabalhadores. Enfrentámos todas as incógnitas ao longo dos anos e ultrapassamo-las por uma razão: ligados aos trabalhadores. E essa ligação aos trabalhadores vai também resolver as incógnitas e vamos ser a grande surpresa da noite eleitoral, não tenho dúvidas disso", afirmou Paulo Raimundo.
Em declarações aos jornalistas hoje de manhã à entrada dos estaleiros da Lisnave, em Setúbal, o líder comunista assinalou o "dia muito especial", salientando que o PCP está esta manhã "em mais de 100 empresas a esta hora em todo o lado a contactar os trabalhadores".
Enquanto entregava folhetos da CDU aos trabalhadores que entravam ao serviço, reiterou ainda que só o voto na Coligação Democrática Unitária (CDU, que junta PCP e PEV) pode ser uma resposta contra a "bipolarização" para as eleições legislativas de 10 de março.
"O voto dos trabalhadores não pode ser igual ao dos donos da EDP, Galp, CTT ou Lisnave. Estamos muito confiantes que os trabalhadores vão dar força ao seu partido, que é a CDU. Se é para querermos mais salários, menos precariedade, mais estabilidade de vida e melhores condições de vida esse voto só pode ser na CDU. E é isso que vai estar em jogo, não é esta falsa bipolarização entre PS e PSD. O que vai estar em jogo é entre os salários, a precariedade, os direitos e aqueles que querem apertar mais os direitos dos trabalhadores", acrescentou.
Mais de 100 profissionais de saúde lançam manifesto de apoio à AD
Mais de 100 profissionais de saúde subscrevem um manifesto de apoio à AD, afirmando que a coligação de direita liderada por Luís Montenegro é quem apresenta o programa eleitoral "mais indicado para corrigir a grave situação atual" no SNS.
"Tendo sido divulgadas as propostas da coligação AD (Programa Eleitoral - Aliança Democrática (ad2024.pt)), manifestamos o nosso apoio a este programa, que julgamos ser o mais indicado para corrigir a grave situação atual e oferecer a toda a população a verdadeira Universalidade de Cuidados de Saúde", lê-se no manifesto enviado à agência Lusa.
Entre outros prestadores de cuidados de saúde no Serviço Nacional de Saúde (SNS), subscrevem o documento os médicos João Queiroz e Melo, Alexandre Valentim Lourenço, Fernando Coelho Rosa, Maria José Cartaxo Rebocho, António Amorim, Victor Manuel Machado Gil, Mário Jorge Amorim e Rui Anjos.
Na lista de subscritores estão também o técnico de radiologia Vasco Bettencourt, a enfermeira Ana Albuquerque, os clínicos Pedro Bastos, Hélder Monteiro, Miguel Mendes, Emanuel Vigia e Miguel Sousa Uva, bem como o diretor do Centro de Responsabilidade de Cirurgia Cardíaca, Hospitais da Universidade de Coimbra, Manuel Antunes.
Os signatários do manifesto referem que "são, ou foram, prestadores de cuidados de saúde no SNS, e são independentes de partidos políticos", e "consideram que, nos últimos anos, a governação em Portugal foi responsável por uma grave deterioração desses cuidados, patente aos olhos da população e de que os doentes sofrem as graves consequências, por efeito duma governação antiquada e ideológica".
"As eleições legislativas são uma ocasião privilegiada para acabar com este ciclo de mediocridade e deterioração", sublinham.
Os subscritores defendem ainda a restruturação do SNS, articulada com os "restantes prestadores, sociais e privados, num Sistema Nacional de Saúde".
PS e AD privilegiam contacto com eleitores e Rui Rio e Marques Mendes juntam-se à campanha
Os líderes do PS e da AD vão dedicar o 11.º dia de campanha eleitoral aos distritos de Lisboa, Setúbal, Braga e Viana do Castelo, com agendas que privilegiam o contacto com os eleitores.
A cinco dias das eleições legislativas de domingo, o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, tem previstos contactos com a população no Barreiro e em Torres Vedras.
O presidente do PSD, Luís Montenegro, também vai contactar com a população em Arcos de Valdevez, Viana do Castelo e Barcelos, onde terminará o dia de campanha com o habitual comício ao início da noite. Será em Viana do Castelo que a comitiva da AD contará com a presença do anterior líder social-democrata, Rui Rio, que entra nesta campanha pela primeira vez. Também Marques Mendes deverá juntar-se à campanha, no comício de Barcelos, segundo o Observador.
André Ventura, do Chega, participa numa arruada e num comício em Beja e segue para o Algarve para mais um comício à noite, que deverá contar com a presença do líder do partido espanhol de extrema-direita Vox, Santiago Abascal.
O presidente da IL, Rui Rocha, estará no distrito do Porto, onde visita um infantário e a feira de Educação, Formação, Juventude e Emprego na Exponor, terminando o dia com um comício e ainda com uma arruda noturna em Braga.
Paulo Raimundo, secretário-geral do PCP, dedica-se hoje a Setúbal e a Évora, começando cedo com contactos com os trabalhadores da Lisnave, fazendo de seguida uma viagem de comboio, para depois participar num desfile da CDU na Moita e num comício em Évora.
Ainda à esquerda, Mariana Mortágua, coordenadora do BE, vai estar a Norte, reservando a manhã para visitar a feira de Famalicão e a tarde para uma arruada no Porto, num dia que vai terminar com um comício em Braga com o cabeça de lista, Bruno Maia, e Francisco Louçã.
Os mesmos dois distritos foram também escolhidos pela porta-voz do PAN para o 11º dia de campanha, com Inês Sousa Real a visitar o Centro Novais e Sousa e o hospital de Braga e, no Porto, o centro de apoio psicológico e intervenção em crise do INEM, o centro de acolhimento para pessoas em situação em vulnerabilidade social e uma associação de apoio à causa animal.
Já o porta-voz do Livre, Rui Tavares, vai dedicar o dia à mobilidade em Lisboa, com uma declaração na estação de Santa Apolónia, pedalando à tarde pela capital.
Mais de 10,8 milhões de portugueses são chamados a votar no domingo para eleger 230 deputados à Assembleia da República.
A estas eleições concorrem 18 forças políticas, 15 partidos e três coligações.