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Tancos: Azeredo Lopes diz que não informou António Costa sobre memorando da PJM
O ex-ministro da Defesa Nacional José Azeredo Lopes garantiu hoje que não deu conhecimento ao primeiro-ministro da existência de um informador no caso da recuperação do material militar furtado em Tancos, em 2017.
Azeredo Lopes, que foi ouvido durante mais de quatro horas na comissão parlamentar de inquérito ao furto de Tancos, foi questionado diversas vezes, por todos os partidos, do CDS-PP ao PS, se dera conhecimento da informação a António Costa e deu sempre a mesma resposta - "não".
"Tive conhecimento do informador e não transmiti ao senhor primeiro-ministro deste conhecimento lateral, tendo em conta as circunstâncias", afirmou Azeredo Lopes, que considerou o documento entregue por dois responsáveis da PJ Militar ao seu então chefe de gabinete, general Martins Pereira, não um memorando, mas sim um documento apócrifo, não timbrado e sem data.
O antigo ministro recusou, igualmente, ter tido acesso à informação de que a PJ Militar fez uma encenação à volta da operação da recuperação das armas, em outubro de 2017. "Não houve memorando nenhum, houve um documento apócrifo que me foi reportado", insistiu.
Durante a audição, Azeredo Lopes admitiu que o seu ex-chefe de gabinete o informou do essencial do documento, mas que só o leu, em papel, no dia em que se demitiu, em 12 de outubro de 2018.
Tanto o CDS-PP, através de Telmo Correia, como o PSD, por Berta Cabral, questionaram o ex-ministro pela falta de memória sobre alguns factos, como, por exemplo, se viu o documento da PJ em papel antes de se demitir.
Além disso, perguntaram também a Azeredo Lopes se não deveria ter falado com o primeiro-ministro sobre as informações obtidas da PJ Militar através do seu chefe de gabinete. "Não considero que tenha faltado ao dever de diligência", afirmou, em resposta à deputada Berta Cabral, que considerou que o antigo ministro "não cumpriu o seu dever de lealdade" para com António Costa. "A conclusão é sua, eu não comento as suas considerações", limitou-se a responder.
"Perante a gravidade dos acontecimentos com o furto, afirmou Berta Cabral, "se [Azeredo Lopes] não informou o primeiro-ministro, devia ter informado".
Igualmente críticos foram os dois deputados quanto à reação de Azeredo Lopes à informação de que a PJ Militar tinha agido, no processo que levou à reaparição do material, de forma contrária ao que a Procuradoria-Geral da República, que entrou a direção da investigação à PJ. "O Governo soube durante um ano que havia atuação ilegal [da parte da PJM] e não fez nada", acusou.
Azeredo Lopes explicou que, numa conversa com a então procuradora Joana Marques Vidal, em outubro de 2017, ficou claro para si que tinha havido uma atuação irregular da PJ Militar e ficou com a convicção de que haveria procedimentos disciplinares, o que não veio a acontecer.
O furto de material de guerra foi divulgado pelo Exército em 29 de junho de 2017. Quatro meses depois, a PJM revelou o aparecimento do material furtado, na região da Chamusca, a 20 quilómetros de Tancos, em colaboração de elementos do núcleo de investigação criminal da GNR de Loulé.
Entre o material furtado estavam granadas, incluindo antitanque, explosivos de plástico e uma grande quantidade de munições.