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Possibilidade de controlar aquecimento global está a diminuir, diz estudo

As emissões de dióxido de carbono em 2015 atingiram as 40 mil milhões de toneladas e prevê-se que continuem a aumentar na próxima década, mesmo considerando as promessas de corte destas emissões feitas por cerca de 190 Estados na Cimeira do Clima em Paris.

Bloomberg
24 de Fevereiro de 2016 às 01:30
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A janela de oportunidade para a humanidade controlar o aquecimento global, através da redução da emissão de gases com efeito de estufa, está a fechar mais depressa do que se admitia, segundo um estudo divulgado esta quarta-feira.

 

Estimativas iniciais do 'orçamento do carbono' - a quantidade de dióxido de carbono, gás que retém calor, que se pode libertar na atmosfera sem aquecer a Terra em mais de dois graus Celsius (2ºC) - têm-se localizado entre 590 mil milhões e 2,4 biliões (milhão de milhões) de toneladas. Porém, a nova pesquisa situa o limite máximo em metade deste, nos 1,24 biliões de toneladas de dióxido de carbono.

 

"Concluímos que este orçamento está no limite inferior do que os estudos indicavam até agora", afirmou o principal autor do documento, Joeri Rogelj, um cientista do clima, do International Institute for Applied Systems Analysis, da Áustria. "Se não começarmos a reduzir as nossas emissões imediatamente, vamos rebentá-lo [ao orçamento] em poucas décadas", avisou.

 

O objectivo de conter o aumento da temperatura da superfície em 2ºC, limite visto então geralmente como o limite a não superar sob pena de entrar em zona perigosa, foi estabelecido pela primeira vez em 2010. Mas milhares de estudos científicos posteriores demonstraram que até uma pequena subida da temperatura pode ter consequências severas, em particular para as nações mais pobres. 

 

Com o actual aumento inferior a 1ºC, em relação aos níveis pré-industriais, o mundo está a assistir a secas, inundações e mega tempestades agravadas pelas alterações climáticas. Em resultado, o acordo alcançado em Paris na Cimeira do Clima, promovida pela Organização das Nações Unidas, adoptou o objectivo mais ambicioso para o aumento da temperatura "bem abaixo dos 2.ºC", prometendo perseguir a meta dos 1,5ºC.

 

As emissões de dióxido de carbono em 2015 atingiram as 40 mil milhões de toneladas e prevê-se que continuem a aumentar na próxima década, mesmo considerando as promessas de corte destas emissões feitas por cerca de 190 Estados em Paris.

 

Se as emissões actuais continuarem a este ritmo, o 'orçamento de carbono' associado aos 2ºC será gasto entre 15 a 20 anos, segundo os novos cálculos. Para um objectivo de 1,5ºC, este orçamento "seria esgotado dentro de uma década", disse Rogelj à agência noticiosa AFP.

 

"É indubitável que é preciso aumentar radicalmente a ambição de qualquer coisa que se conheça para estabilizar o aquecimento global, seja nos 1,5 ou 2ºC - ou até já em aumentos superiores", respondeu Rogelj por correio electrónico.

 

Para o estudo, publicado na revista Nature Climate Change, Rogelj e uma meia dúzia de co-autores procuraram compreender porque as estimativas anteriores do orçamento de carbono variaram tanto.

 

Parte da variação é atribuída a diferentes métodos e cenários de projecção de tendências para o futuro. Outro factor é o de muitos estudos considerarem apenas o dióxido de carbono, gás dominante nas emissões com efeito de estufa, tratando os outros da mesma maneira.

 

O dióxido de carbono é responsabilizado por mais de 80% do aquecimento global. "Na nossa proposta de intervalo de variação, consideramos todas as emissões humanas e não apenas as do dióxido de carbono", adiantou.

 

 

 

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