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Paulo Azevedo está "preocupado" com instabilidade na Fundação de Serralves
O líder da Sonae, empresa fundadora que ajuda a pagar o orçamento da instituição cultural, lamenta o conflito entre a administração de Ana Pinho e o ex-director do museu, lembrando o "prestígio internacional" de Serralves.
Embora não tenha "conhecimento concreto sobre o que se está a passar" na Fundação de Serralves, Paulo Azevedo sublinhou esta quinta-feira, 27 de Setembro, que "naturalmente que preocupado com as notícias" negativas que envolveram a instituição desde o pedido de demissão do director do museu, João Ribas.
"Serralves é uma instituição de que fomos fundadores e um dos principais apoiantes. Temos muito orgulho no caminho feito pela fundação, que tem uma casa, um museu e um parque de prestígio internacional. Haver notícias destas não é bom", acrescentou o chairman e co-CEO da Sonae, uma das empresas privadas que suportam o orçamento da instituição cultural portuense.
Paulo Azevedo falou aos jornalistas à margem da cerimónia de assinatura do acordo de mecenato com a Universidade do Porto, que prevê um apoio de 300 mil euros à Galeria da Biodiversidade durante três anos. O empresário recusou comentar outros temas, como a operação que colocará em bolsa 25% da Sonae MC ou as negociações, noticiadas por um jornal da Galiza, para a compra da espanhola Arenal, uma rede de lojas de cuidados pessoais, beleza e saúde.
A polémica em Serralves estalou na passada sexta-feira, 21 de Setembro, quando o responsável do museu de arte contemporânea decidiu bater com a porta. Quase cinco dias depois, explicou a saída com a "violação continuada da autonomia técnica e artística e do livre exercício das funções" que ocupava desde Fevereiro, denunciando "imposições proibicionistas" e "sistemáticas ingerências" por parte da administração liderada por Ana Pinho.
A gota de água que conduziu a este desfecho foi a exposição de Robert Mapplethorpe, com João Ribas a denunciar "interferências" dos administradores na montagem da exposição de fotografia e na própria selecção das obras, assim como na exigência de um espaço com acesso limitado a maiores de 18 anos onde exibir as imagens com conteúdo sexual explícito.
No entanto, a presidente da Fundação, que termina o mandato de três anos em Dezembro de 2018, rejeita todas as alegações de "censura" e de interferência no trabalho artístico. Em conferência de imprensa, Ana Pinho garantiu que tanto a escolha das fotografias, como a proposta de criação dessa área reservada, foram da inteira responsabilidade do director demissionário do museu, que é também o curador da polémica exposição.