Notícia
Bancos dão ordem de penhora à colecção Berardo
O Público escreve que três bancos deram ordem para executar a penhora sobre 75% da colecção Berardo, depois de o investidor ter entrado em incumprimento. A dívida de Berardo ascende a 500 milhões de euros.
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A Caixa Geral de Depósitos, o BCP e o Novo Banco querem avançar com a penhora à colecção de arte de Berardo, a quem emprestaram 500 milhões de euros para, entre outros investimentos, comprar 7% do BCP em 2007. Um banco que, na altura, vivia uma batalha interna pelo controlo do mesmo.
Segundo o diário, as instituições financeiras estão a tentar chegar a acordo com Joe Berardo, procurando evitar que o processo chegue a tribunal, onde se poderá arrastar até haver um desenlace. A penhora cuja execução é agora ordenada tem, entre outros colaterais, 75% da Associação da Fundação Berardo que, por sua vez, detém a colecção de arte exposta no CCB.
Grande parte destes empréstimos serviram para o investidor comprar acções que eram depois usadas como garantias. O problema é que a queda dos mercados financeiros - os títulos do BCP afundaram para 10% do seu preço inicial - desvalorizaram esses colaterais, obrigando os bancos a reconhecer perdas nos seus balanços. Em 2009, CGD, BCP e Novo Banco reestruturaram a dívida de Berardo a cinco anos, com três anos de carência de juros e capital.
O Público sublinha que este caso exemplifica as más práticas de concessão crédito do sistema bancário português no passado recente, com uma deficiente avaliação de risco. Ainda esta semana o Tribunal da Relação de Lisboa pediu ao Ministério Público para que no Banco de Portugal facultasse documentação sigilosa sobre a relação do banco com os grandes clientes, entre eles Berardo. Na CGD, entre 2007 e 2014, há indícios de decisões erradas na concessão de crédito, casos de possível dolo e actos de gestão condicionados politicamente.
A colecção Berardo foi avaliada em 2007 pela Christie’s como tendo um valor de 316 milhões de euros.