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Vacina da Universidade de Oxford tem eficácia de 70% na prevenção de covid-19

Este é já o terceiro consórcio a divulgar resultados preliminares das vacinas que estão a desenvolver, sendo que os outros mostraram uma eficácia superior: Moderna (94,5%) e Pfizer (95%).

23 de Novembro de 2020 às 07:32
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A vacina que está  a ser desenvolvida pela Universidade de Oxford em conjunto com a farmacêutica AstraZeneca revelou uma eficácia média de 70,4% na prevenção da covid-19, um resultado satisfatório mas que se situa abaixo das vacinas da Moderna e da Pfizer.

 

As conclusões foram reveladas esta segunda-feira e têm por base a análise aos resultados de um estudo de larga escala conduzido no Reino Unido e no Brasil em que 131 voluntários ficaram infetados, anunciou hoje o consórcio constituído pela Universidade de Oxford em conjunto com a farmacêutica AstraZeneca.

 

Este é já o terceiro consórcio a divulgar resultados preliminares das vacinas que estão a desenvolver, sendo que os outros dois mostraram uma eficácia superior: Moderna (94,5%) e Pfizer (95%). Estas duas companhias norte-americanas já submeteram a aprovação da sua vacina ao regulador norte-americano, tendo a expetativa de a começar a administrar ainda este ano.

 

Sarah Gilbert, investigadora e professora da Universidade de Oxford assinalou que "o anúncio de hoje deixa-nos um passo mais próximo da altura em que poderemos usar a vacina para colocar um ponto final na devastação" causada pela covid-19. "Vamos continuar  a trabalhar para providenciar informação detalhada aos reguladores", acrescentou.  

 

Os testes da vacina de Oxford foram efetuados tendo em conta dois regimes de dosagem. Um deles, com 2.700 voluntários, mostrou uma eficácia de 90%. Já o segundo, administrado a perto de 9.000 pessoas revelou uma eficácia de 62%. O regime que mostrou melhores resultados passou por dar meia dose a cada voluntário e uma dose total um mês depois. No que revelou menor eficácia foram administradas duas doses completas com pelo menos um mês de intervalo. 

A análise combinada de ambos os regimes de dosagem resulta numa eficácia média de 70%, explica a empresa, acrescentando que "mais dados continuarão a ser acumulados e análises adicionais serão desenvolvidas, refinando a leitura da eficácia para estabelecer a duração da proteção" conferida.

 

O consórcio da AstraZeneca acrescentou que não foram detetados efeitos adversos nos voluntários que foram vacinado, sendo que entre os 131 que contraíram covid-19 nenhum foi hospitalizado.

 

Além da eficácia da vacina, há outros aspetos a ter em conta, sobretudo na distriuição. Aqui a vacina de Oxford tem vantagens, pois a sua vacina só tem de ficar no frigorífico (2-8 graus Celsius, por pelo menos seis meses), o que torna mais fácil a sua distribuição, sobretudo nos países com população com rendimentos mais baixos.

 

A vacina da Moderna permanece estável se estiver refrigerada a uma temperatura entre os 2.º e os 8.º durante 30 dias, enquanto que a da Pfizer-BioNTech só mantém todas as suas componentes durante 5 dias nestas temperaturas - para ativar o seu sistema imunitário contra o vírus terá de estar entre -70.º e -80.º, o que poderá ser um entrave para o seu transporte e armazenamento.

A AstraZeneca assinalou que continua empenhada em colaborar com governos, organizações multilaterais e colaboradores em todo o mundo para garantir o acesso amplo e equitativo à vacina sem fins lucrativos durante a pandemia, pelo que o preço da sua vacina deverá ser inferior à de outras farmacêuticas.

Andrew Pollard, investigador-chefe do gabinete de testes da vacina em Oxford, citado no comunicado, afirma: "Estas descobertas mostram que temos uma vacina eficaz que salvará muitas vidas. Incrivelmente, descobrimos que um de nossos regimes de dosagem pode ser cerca de 90% eficaz e se este regime de dosagem for usado, mais pessoas poderiam ser vacinadas com o fornecimento planeado de vacina. O anúncio de hoje só é possível graças aos muitos voluntários do nosso teste e à equipa talentosa e trabalhadora de investigadores em todo o mundo".

O diretor executivo da AstraZeneca, Pascal Soriot, considera o dia de hoje como "um marco importante" na luta contra a pandemia, sublinhando: "A eficácia e segurança desta vacina confirmam que será altamente eficaz contra a covid-19 e terá um impacto imediato nesta emergência de saúde pública".

"Além disso, a cadeia de abastecimento simples da vacina e nossa promessa e compromisso, sem fins lucrativos, com um acesso amplo, equitativo e oportuno significa que ela será acessível e estará disponível globalmente, fornecendo centenas de milhões de doses em aprovação", acrescenta, citado pela Lusa.

O consórcio entre a Universidade de Oxford e a farmacêutica britânica tinha já revelado na semana passada que os primeiros resultados dos testes mostravam "segurança e imunidade em adultos saudáveis com 56 anos ou mais semelhantes aos demonstrados em pessoas com idades entre os 18 e os 55 anos".

 

Esse estudo publicado a 19 de novembro incluiu 560 pessoas saudáveis, 240 das quais com mais de 70 anos e os resultados indicam que a vacina de Oxford "é mais bem tolerada em pessoas mais velhas comparada com adultos jovens" e produz uma resposta imunitária semelhante em todas as classes etárias.

A empresa diz estar a progredir rapidamente na produção, com uma capacidade de até três biliões de doses da vacina em 2021, numa base contínua, enquanto aguarda a aprovação regulamentar.

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