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Rússia descarta receios internacionais e anuncia arranque da vacinação já este mês
O objetivo é começar a administrar a vacina a profissionais de saúde e outros grupos de risco dentro de duas semanas, antes de se iniciar a vacinação em massa em outubro.
Moscovo anunciou esta quarta-feira, 12 de agosto, que pretende arrancar com a vacinação em massa contra a covid-19 já este mês, e rejeitou as preocupações internacionais em relação à segurança da sua vacina "Sputnik V".
A vacinação na Rússia será, assim, iniciada antes de os testes clínicos estarem concluídos, o que está a motivar alertas por parte de países como a Alemanha e os Estados Unidos, e da própria Organização Mundial da Saúde (OMS).
"Colegas ocidentais, que podem estar a sentir a vantagem competitiva da vacina russa, estão a tentar expressar algumas opiniões que são completamente injustificadas na nossa visão", disse o ministro russo da Saúde, Mikhail Murashko, numa conferência de imprensa esta quarta-feira. "Esta vacina é uma plataforma já conhecida e estudada", acrescentou.
O ministro da Saúde anunciou ainda que o objetivo é começar a administrar a vacina a profissionais de saúde e outros grupos de risco dentro de duas semanas, antes de se iniciar a vacinação em massa em outubro.
Foi esta terça-feira que o presidente Vladimir Putin anunciou que a Rússia registou a primeira vacina contra a covid-19, a Sputnik V, e que a sua produção vai arrancar de imediato, antes de os testes clínicos estarem totalmente concluídos.
O anúncio despertou dúvidas e vários alertas, como o que chegou da parte do ministro alemão da Saúde, Jens Spahn, que confessou estar "cético" em relação à vacina, que pode ser "perigosa" para as pessoas. "Não se trata de se ser a primeira, tem de ser eficaz, testada e segura", acrescentou.
Na mesma linha, Anthony Fauci avisou, em entrevista à ABC News que a vacina desenvolvida pela Rússia poderá fazer mal a muita gente, na medida em que a sua segurança e eficácia não foram suficientemente testadas.
"Temos meia dúzia ou mais de vacinas, pelo que se quiséssemos arriscar fazer mal a muitas pessoas ou dar-lhes algo que não funciona, poderíamos começar a fazê-lo já na próxima semana se quiséssemos, mas não é assim que funciona", afirmou o epidemiologista. "Ter uma vacina e provar que ela é segura e eficaz são duas coisas diferentes".
A vacina está a ser desenvolvida pelo Instituto Gamaleya de Moscovo, pelo Ministério da Defesa e pelo Fundo de Investimento Direto da Rússia (RDIF), que anunciaram já estar em curso a Fase 3 de testes.