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Anthony Fauci avisa que a Rússia arrisca “fazer mal a muita gente” com a sua vacina
O diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas considera que a segurança e eficácia da vacina russa não foram suficientemente testadas.
Anthony Fauci, o famoso epidemiologista norte-americano que lidera o Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas há três décadas, avisa que a vacina desenvolvida pela Rússia, e que será administrada já no próximo ano, poderá fazer mal a muita gente, na medida em que a sua segurança e eficácia não foram suficientemente testadas.
Em entrevista à ABC News, na terça-feira, Fauci sublinhou que os Estados Unidos poderiam seguir o mesmo caminho, se quisessem, mas estão preocupados com a segurança e a saúde da população.
"Espero que os russos tenham provado definitivamente que a vacina é segura e eficaz", seguiu Fauci. "Mas duvido seriamente que o tenham feito. Temos uma forma de fazer as coisas neste país, onde nos preocupamos com a segurança e nos preocupamos com a eficácia".
As declarações de Fauci, que tem sido uma figura de destaque na luta dos Estados Unidos contra a pandemia da covid-19, surgem depois de a Rússia ter anunciado que registou a primeira vacina contra o novo coronavírus, após dois meses de testes em humanos. Trata-se da "Sputnik V" que será administrada já a partir do próximo ano, e que já terá recebido pedidos para 1 milhão de doses.
Fauci tem-se mostrado otimista com a chegada de uma vacina no final de 2020 ou no início de 2021, mas também alertou o público sobre as suas expectativas quanto à eficácia de qualquer vacina desenvolvida. A maioria dos cientistas afirma que demora pelo menos um ano a desenvolver uma vacina segura.
O epidemiologista também avisou que é improvável que uma vacina garanta 100% de imunidade; num cenário realista, qualquer vacina desenvolvida teria um grau de eficácia de 70% a 75%.
"O que eu aponto é que, com uma vacina e boas medidas de saúde pública, possamos chegar a um ponto entre um controlo realmente bom e a eliminação", disse Anthony Fauci numa entrevista recente.