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Reino Unido corta previsões mas destaca que PIB cresce mais do que Alemanha
No habitual discurso de primavera, o ministro britânico das Finanças revelou que em 2019 a economia do Reino Unido vai avançar 1,2% e não os 1,6% anteriormente previstos. Hammond regozija-se por crescer mais do que a Alemanha, mas alerta para maior abrandamento económico, mais desemprego e maior inflação num cenário de Brexit sem acordo.
A economia do Reino Unido vai crescer menos do que se esperava, mas ainda assim a um ritmo mais rápido do que a Alemanha, o que satisfaz o governo britânico.
Com todos os olhos postos na evolução do processo do Brexit, o ministro britânico das Finanças, Philip Hammond, foi ao parlamento para o habitual discurso orçamental de primavera e logo de início prometeu que desta vez faria uma intervenção célere para não atrapalhar os trabalhos em torno da discussão sobre a saída da União Europeia.
Hammond anunciou uma revisão em baixa para a previsão da evolução do PIB britânico em 2019, que deverá crescer 1,2%, valor que compara com a subida de 1,6% estimada em outubro último.
O titular das Finanças regozijou-se pelo facto de, numa conjuntura de abrandamento da economia global, a economia britânica dever "crescer mais rápido do que a alemã" em 2019, já que Berlim estima oficialmente uma expansão de 1%, embora tenha sido noticiado que o governo alemão trabalhe num cenário de crescimento de apenas 0,8% neste ano.
"É outro passo do Reino Unido rumo ao fim da austeridade", declarou Hammond na Câmara dos Comuns.
A projeção para 2020 mantém-se num crescimento de 1,4%, enquanto para 2021 Hammond aponta para uma aceleração, projetando um aumento do PIB de 1,6% depois de em outubro ter estimado apenas 1,4%.
The Chancellor @PhilipHammondUK is delivering the #SpringStatement. Here’s the economy snapshot. pic.twitter.com/TCBbWQuDSB
— HM Treasury (@hmtreasury) 13 de março de 2019
Philip Hammond adiantou aos deputados que se o Brexit se concretizar com base numa saída acordada, o que permite superar o atual clima de incerteza, poderá avançar com uma avaliação aos níveis de despesa pública para os próximos três anos por altura do próximo outono.
No dia seguinte ao parlamento ter voltado a chumbar o acordo de saída negociado entre Londres e Bruxelas, isto apesar das garantias legais obtidas pela primeira-ministra Theresa May junto dos líderes europeus, o governante conservador voltou a dramatizar alertando para os perigos de uma saída da União Europeia sem acordo.
Hammond avisou que um Brexit desordenado implicará uma "significativa disrupção" na economia britânica, desde logo com o aumento do desemprego, a diminuição de salários e a subida da taxa de inflação. Esta quarta-feira, os deputados votam a possibilidade de sair da UE sem acordo, hipótese que, se for chumbada, levará à votação, esta quinta-feira, do eventual adiamento do Brexit.
"Não foi para isso que o povo britânico votou em junho de 2016", disse aludindo ao referendo que há três anos deu a vitória ao Brexit. Precisamente para atenuar os efeitos de um Brexit sem acordo e prevenir a subida generalizada dos preços, o governo britânico planeia eliminar as tarifas aduaneiras aplicadas a 82% dos bens importados da UE.
O responsável pelas Finanças apelou ainda aos deputados para colocarem as divisões de parte e juntarem esforços para aprovar um acordo de saída capaz de ser apoiado pela maioria da Câmara dos Comuns. Hammond não se referiu em concreto ao plano revisto ontem levado por May ao parlamento mas a "um acordo".
A imprensa britânica lê esta subtileza como uma indicação de que o ministro das Finanças de May é favorável a um Brexit mais suave do que aquele que foi negociado pela primeira-ministra com Bruxelas, hipótese que poderia aproximar os trabalhistas, partido que defende uma ligação mais próxima à UE, designadamente através do estabelecimento de uma união aduaneira "permanecente e abrangente" com o bloco europeu.