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Regiões com maior quebra económica não foram as mais atingidas pela pandemia
Apesar de terem sido relativamente poupadas pela pandemia, Algarve e Madeira foram as regiões mais afetadas pela quebra de atividade económica, mostram os dados divulgados pelo INE. Área Metropolitana do Porto foi muito atingida pela pandemia, mas não saiu muito afetada do ponto de vista económico.
Entre março e novembro deste ano, os níveis de faturação caíram quase 15% em termos homólogos. Embora esta quebra seja transversal do ponto de vista geográfico, a sua intensidade variou muito e, aparentemente, sem uma relação clara e direta com a gravidade da pandemia.
É isto que mostram os dados recolhidos pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), com base na informação do E-fatura, cedida pela Autoridade Tribuária e devidamente anonimizada. Com efeito, o Algarve, que destacadamente registou a maior quebra na faturação (cerca de 29%), insere-se na média em termos de número de casos confirmados de covid por cada 100 mil habitantes (pouco acima de 500). A Região Autónoma da Madeira, por seu lado, surge na segunda posição, com uma quebra da atividade económica em torno de 22%, tendo sido a segunda que registou menos casos de covid-19 (bem abaixo dos 200).
Também o Alentejo Litoral (região turística mas também muito marcada pela atividade industrial do complexo de Sines) encaixa no grupo de regiões que tiveram as maiores quebras de faturação, sem que tenha registado níveis de contágios superiores à média.
Apenas Lisboa, entre as regiões com maiores descidas dos volumes de vendas, surge destacada no ritmo de contágios. Mas pelo contrário, a região de Tâmega e Sousa, que, tal como Lisboa teve cerca de 1.500 casos por cada 100 mil habitantes, foi relativamente pouco afetada pela quebra de atividade económica, vincando ainda mais a falta de correlação clara entre crise económica e número de contágios.
Mesmo a Área Metropolitana do Porto, que foi a terceira região mais castigada pela doença, acaba por registar uma quebra de faturação relativamente contida, em torno dos 11%.
Assim, apesar de a maioria das regiões estar abaixo da média de quebra de faturação e do número de contágios, as situações acima referidas levam a crer que o fator mais decisivo terá sido mesmo o peso relativo do turismo, setor muito afetado pela pandemia. As regiões que dependem mais deste setor de atividade parecem ter sido as mais prejudicadas, independentemente do nível regional de casos de infeção.