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Passos Coelho alerta que agravamento da dívida pode comprometer subida do 'rating'

O líder social-democrata considerou uma "boa notícia" a melhoria do "outlook" pela Moody's. Mas alerta que aumento da dívida pode pôr em causa subida da notação no próximo ano.

Correio da Manhã
02 de Setembro de 2017 às 19:00
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O líder do PSD considerou hoje "uma boa notícia" a melhoria pela Moody’s da perspetiva sobre a dívida pública portuguesa, mas alertou que a subida do ‘rating’ poderá ficar "comprometida" mantendo-se a "tendência de agravamento da dívida".

"Se esta tendência que tem oscilado um bocadinho nos últimos meses de agravamento da dívida pública [se mantiver] poderia ficar comprometido o objectivo da melhoria do ‘rating’", advertiu Pedro Passos Coelho, acrescentando, contudo, esperar "que o Governo seja sensível a esses sinais e, até ao final do ano, faça tudo o que está ao seu alcance para que o rácio da dívida pública venha a baixar".

É que – salientou em declarações aos jornalistas à margem de uma visita à AgroSemana–Feira Agrícola do Norte, que decorre desde quinta-feira até domingo na Póvoa de Varzim - "isto, parecendo que são coisas muito financeiras, é essencial para a melhoria das condições de vida dos portugueses, do emprego, da qualidade de vida dos cidadãos e melhoria do rendimento".

Segundo recordou o presidente do PSD, tal como na sexta-feira a agência de notação Moody´s anunciou uma melhoria da perspectiva sobre a dívida pública portuguesa de estável para positiva (embora mantendo o seu ‘rating’ em Ba1 - nível especulativo, vulgarmente chamado de ‘lixo’), também em 2014, perto do final do seu mandato, as agências de ‘rating’ "colocaram a dívida portuguesa num ‘outlook’ positivo".

"Infelizmente a seguir, um ano depois, com a solução eleitoral que acabou por vingar [o actual Governo liderado por António Costa], houve um compasso de espera e um tempo que se perdeu para melhorar o ‘rating’ da República", disse.

Afirmando esperar "que seja desta vez e que, durante o próximo ano, possa concretizar-se essa melhoria do 'rating’" da dívida portuguesa, Passos Coelho salientou que este "é o próximo passo mais relevante" de que o país precisa, "porque isso depois tem repercussões muito positivas noutro tipo de investidores que podem ser atraídos não apenas para a dívida pública, mas também para o investimento privado no país".

Recordando que a melhoria do ‘rating’ "depende no essencial da capacidade para cumprir as metas em termos orçamentais", mas "também da avaliação que for feita quanto ao comportamento da dívida portuguesa e do peso que essa dívida tem no produto", o líder do PSD lembrou que no ano passado a meta do défice só foi atingida com recurso a um "plano B, com medidas extraordinárias, com mais recursos financeiros e com cativações muito fortes".

"Pena que o Governo não tivesse, logo desde o início, posto em prática políticas que nos permitissem não desperdiçar esse tempo e ganhar o ano de 2016 para, no início deste ano, podermos ter a subida do ‘rating’, como era desejado", sustentou.

"Mas o importante – acrescentou - é que existe essa expectativa positiva, isso é bom para o país. Agora é bom que o Governo cumpra o objectivo do défice e preste também atenção à evolução do rácio da dívida pública, que será importante para as agências de notação".

Pedro Passos Coelho aproveitou ainda a visita à AgroSemana para voltar a recomendar ao Governo de António Costa "alguma parcimónia, cuidado e escrúpulo" no anúncio de "medidas futuras que de certa maneira visam condicionar as escolhas dos cidadãos" nas eleições autárquicas de Outubro.

"É o que nós esperamos de uma democracia madura. Os governos, quando há eleições, devem abster-se de tomar ou anunciar medidas que podem condicionar as escolhas dos eleitores. E o que muitas vezes acontece é que dia sim, dia sim, estamos a ver o Governo a anunciar coisas para futuro, agora vai fazer-se o que não se fez durante dois anos de investimento público e assinam-se contratos e promessas, todos os dias este exercício é feito pelo Governo", criticou.

Apesar de "convencido que as pessoas não se deixam enganar por este tipo de comportamento", o líder do PSD considera que "ele não fica bem" e "não faz parte de uma sociedade madura, desenvolvida e democrática" como a portuguesa.
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