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OCDE revê em alta crescimento do PIB da zona euro para 5,3%
A OCDE melhorou a sua projeção de crescimento para o PIB da zona euro este ano, apontando agora para 5,3%. Mas avisa que o ritmo de recuperação está a afrouxar e que continuam a ser necessárias medidas de suporte.
A OCDE reviu em alta a sua projeção de crescimento para o PIB da zona euro este ano, esperando agora uma subida de 5,3%. Os números foram revelados no Outlook interino da organização, publicado esta terça-feira, 21 de setembro.
As novas previsões da OCDE para o bloco da moeda única superam em um ponto percentual a projeção que tinha sido avançada em maio e são ainda mais otimistas do que a expectativa deixada pelo Banco Central Europeu (que aponta para um crescimento de 5% este ano).
A explicar a melhoria das previsões está uma recuperação forte, suportada por medidas de apoio às economias e pelo avanço do plano de vacinação, adianta a organização. De entre as maiores economias do euro, só a Alemanha sofreu uma revisão em baixa das suas projeções de crescimento: em vez de 3,3%, o PIB alemão não deverá crescer mais do que 2,9%, antecipa a OCDE.
Já a projeção para França foi melhorada em 0,5 pontos percentuais, para um crescimento de 6,3%, para Itália a estimativa subiu em 1,4 pontos, para 5,9%, e para Espanha melhorou 0,9 pontos, para 6,8%.
Quanto à inflação, a OCDE espera 2,1%, para este ano, na zona euro (mais três décimas do que admitia em maio), mas um recuo para 1,9%, em 2022. Os peritos explicam que os preços mais elevados das matérias primas e os custos globais de envio estão neste momento a somar 1,5 pontos percentuais à inflação dos países do G20, explicando em grande medida a subida da inflação ao longo do último ano.
A projeção de crescimento para o G20 foi revista em baixa este ano (diminuiu duas décimas, para 6,1%) e em alta ligeira em 2022 (4,8%, mais uma décima do que o esperado em maio).
PIB mundial superou o pré-pandemia, mas perdeu-se um ano de produção
No relatório, a OCDE explica que o PIB mundial já recuperou o seu nível pré-pandemia e antevê um crescimento global de 5,7% este ano, menos uma décima do que esperava em maio. Porém, explica que estes valores escondem uma divergência grande de realidades: enquanto as economias avançadas recuperam, suportadas por medidas de estímulo e pelo rápido avanço da vacinação, esse não é o caso nas economias emergentes.
"O impacto económico da variante Delta tem sido até agora relativamente suave nos países com elevadas taxas de vacinação, mas afrouxou o momento de curto prazo em todos os outros e somou pressões às cadeias de fornecimento global e aos custos", explicam os peritos internacionais.
"A recuperação continua muito desigual, com resultados surpreendentemente diferentes consoante os países, os setores [de atividade] e os grupos demográficos, em termos de produção e de emprego, deixando os países perante desafios de política diferentes", assinala o documento.
Além disso, nota a OCDE, o PIB continua abaixo do ritmo que era esperado antes da pandemia de covid-19. "A produção em meados de 2021 estava ainda 3,5% abaixo do que se projetava antes da pandemia", lê-se no relatório. "Isto representa uma perda de rendimento real superior a 4,5 biliões de dólares (em paridades de poder de compra de 2015), e é genericamente equivalente a um ano de de crescimento global do PIB em tempos normais", adianta ainda. Por outras palavras, é como se a pandemia tivesse provocado uma perda de um ano de atividade face ao que era esperado antes da covid-19.
Apoio continua a ser preciso
Perante esta análise, a OCDE defende que os Estados devem continuar a apoiar a recuperação da economia, avisando para o risco de retirar as medidas de suporte demasiado cedo.
"Uma retirada prematura e abrupta das medidas de suporte deve ser evitada, enquanto o cenário de curto prazo se mantiver incerto. Qualquer moderação nos gastos orçamentais em 2022 deve resultar de reduções das medidas relacionadas com a crise, à medida que a economia se fortalece e que a cobertura da vacinação aumenta, em vez de medidas de consolidação substanciais e discricionárias", defende a OCDE.
À medida que a recuperação se for concretizando, as medidas de política devem concentrar-se mais em promover um crescimento sustentável e equitativo, "incluindo investimento público adicional em saúde e infra-estruturas de baixo carbono, e em alterações na composição dos impostos", recomendam ainda os peritos.