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OCDE alerta para vaga de insolvências com fim das moratórias
Num relatório divulgado nesta sexta-feira, a OCDE diz que os apoios do Governo não chegam para evitar uma vaga de insolvências com o fim das moratórias. Instituição pede mais apoios do Estado - que não são isentos de riscos para as contas públicas.
A Organização Económica para o Desenvolvimento Económico (OCDE) antecipa que as insolvências disparem com o fim das moratórias de crédito, mesmo com o reforço à capitalização das empresas já anunciado pelo Governo.
Num relatório sobre a economia portuguesa divulgado nesta sexta-feira, 10 de dezembro, a OCDE afirma que as vulnerabilidades do setor empresarial aumentaram com a pandemia de covid-19. "É provável que as insolvências disparem depois do fim da moratória de crédito", alerta a OCDE o relatório.
Para os economistas da OCDE, isso pode acontecer "apesar da nova medida de alívio introduzida" pelo Governo, que lançou uma linha de mil milhões de euros para apoio ao pagamento de créditos em moratória.
"A vaga de insolvências poderá traduzir-se num aumento acentuado dos incumprimentos de crédito", lê-se no relatório ‘Estudos Económicos da OCDE: Portugal 2021’.
Nesse sentido, a OCDE defende que o Governo reforce os apoios diretos às empresas de forma "atempada, direcionada e temporária", recorrendo a empréstimos garantidos pelo Estado ou subsídios a fundo perdido.
Passivos contigentes são riscos para as contas públicas
Ao mesmo tempo, a OCDE admite que, com os "grandes aumentos dos passivos contigentes", os riscos orçamentais expandiram-se.
Segundo dados do Banco de Portugal citados pela organização, as linhas de crédito com apoio público cobriram cerca de 12% dos empréstimos concedidos a empresas em março de 2021, totalizando cerca de nove mil milhões de euros. E embora tenham sido sobretudo direcionados para empresas nos setores mais afetados, esses créditos "aumentaram a exposição do Estado a uma potencial onda de insolvências", afirma a OCDE.
Para os economistas da instituição, a execução de garantias pode ser grande, se a recuperação económica "for lenta" nos setores do turismo e dos transportes.