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Investimento estrangeiro em Portugal cresce mas o ritmo abranda
Os números do Banco de Portugal mostram que o Investimento Estrangeiro em Portugal aumentou 4,4% em 2016, o que corresponde a metade da variação registada em 2015. Investimento no imobiliário é o que mais cresce.
A economia portuguesa é muito diferente consoante seja descrita pelo Governo ou pela oposição. Um dos aspectos em que geralmente há divergência e que frequentemente salta para a primeira fila do combate político é o investimento directo estrangeiro. Há quem o pinte de negro, outros de cor-de-rosa.
O debate poderá prosseguir agora com os números relativos ao conjunto do ano passado. Segundo o Banco de Portugal, o Investimento Estrangeiro (IE) acumulado em Portugal aumentou 4,4% em 2016 para um valor acumulado de 112,1 mil milhões de euros. Esta é a parte boa da fotografia tirada pelo banco central. A parte má é que o que o investimento no país abrandou para metade face ao crescimento verificado em 2014 e 2015, de 9,3% e 8,5%, respectivamente. A variação do IE reflecte na prática o saldo líquido entre os novos investimentos e desinvestimentos feitos na economia portuguesa em 2016 por estrangeiros.
Analisando os números trimestre a trimestre, nota-se uma ligeira recuperação no último trimestre do ano. No segundo e terceiro trimestre, o desempenho deste indicador foi mais desapontante, enquanto no quarto regista uma variação face aos três meses anteriores de 1,4%, um valor que, ainda assim, fica abaixo do registado no primeiro trimestre.
Este é um indicador importante para medir a capacidade da economia em atrair capital estrangeiro. Um tema caro para o líder da oposição, Pedro Passos Coelho, que a meio do ano passado perguntava "quem é que põe dinheiro num país dirigido por comunistas e bloquistas?" O primeiro-ministro tem o discurso contrário e no início desde ano, em deslocação à Índia, afirmava que Portugal é "um país de portas abertas e o investimento directo estrangeiro tem sido muito bem sucedido em Portugal.
Porém, dada a dimensão da economia portuguesa, o investimento estrangeiro é facilmente influenciado por negócios de maior dimensão. É o caso, por exemplo, da compra da PT pela Altice em 2015 por 5,6 mil milhões de euros. Se excluirmos este valor, então o IE em Portugal teria aumentado 10,2% este ano.
O Banco de Portugal não disponibiliza informação com um grau de detalhe que permita identificar movimentos mais finos, mas avança informação desagregada por sectores. E aí o que se nota é o excelente desempenho do sector imobiliário, onde o investimento estrangeiro aumentou 11%. Este número reflecte o movimento de compra de imóveis em Portugal, tanto por particulares como por empresas estrangeiras. Também na construção há uma subida assinalável, de 4,2%. Apenas o sector das actividades de informação e comunicação exibe uma quebra, mas que é explicado pela compra da PT. Com efeito, o IE acumulado neste sector quase quadruplicou em 2015, mostram os dados do Banco de Portugal.