Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Endividamento no centro das debilidades estruturais portuguesas

A Comissão Europeia continua a identificar desequilíbrios macroeconómicos na economia portuguesa. Como já tinha ficado explícito no final de Fevereiro, a dívida pública e a dívida privada estão no centro dos problemas referidos no relatório, publicado esta tarde, no âmbito do semestre europeu.

Bloomberg
08 de Março de 2016 às 16:19
  • ...

Bruxelas publicou hoje, 8 de Março, a análise aos desequilíbrios macroeconómicos de 18 países. O relatório já tinha sido conhecido no final do mês anterior. Portugal é colocado entre os cinco países com mais desequilíbrios (Bulgária, Croácia, França e Itália são os outros) e fica sujeito a "monitorização específica".
 

Como já era esperado, Portugal continua a registar desequilíbrios na sua economia. Entre as principais debilidades encontradas está o endividamento do Estado, assim como das famílias e empresas. "O elevado endividamento do sector privado continua a ser uma grande vulnerabilidade da economia portuguesa. Empresas não financeiras estão a ajustar os seus balanços, mas a um ritmo menor do que as famílias", pode ler-se no documento da Comissão. "O nível elevado de dívida empresarial pesa no desempenho das empresas e no investimento e o nível elevado de crédito malparado continua a constituir um risco para a estabilidade financeira e dificulta a alocação produtiva do crédito."

 

A Comissão Europeia admite que a resposta do Governo a estas dificuldades tem sido "apropriada", mas que os resultados estão a demorar a aparecer. Não são só as empresas que estão em dificuldades. O malparado é também um motivo para os bancos não acelerarem a concessão de crédito. Algo especialmente negativo, quando start-ups e PME continuam a ter dificuldades em aceder a financiamento através dos mercados de capitais.

 

O Estado tem problemas semelhantes de endividamento, com a dívida das Administrações Públicas ainda em níveis muito elevados. Os técnicos da Comissão sublinham que a dívida pública "é considerada sustentável em cenários plausíveis", mas que a sua trajectória é permeável a desenvolvimentos económicos negativos. "Disciplina orçamental e reformas estruturais que estimulem o crescimento sustentariam a sustentabilidade orçamental e a capacidade de atingir uma redução significativa da dívida", pode ler-se no documento.  

 

Mas os desequilíbrios da economia portuguesa não são apenas financeiros. O mercado de trabalho é também motivo de preocupação, com quatro indicadores em violação dos limites definidos por Bruxelas: taxa de desemprego, taxa de actividade, taxa de desemprego de longa duração e taxa de desemprego jovem.

 

"A recuperação do mercado de trabalho continuou em 2014 e 2015, mas a absorção de um grande número de desempregados de longa duração permanece um desafio", refere a Comissão. "A negociação ao nível das empresas não está a arrancar, o que pode prejudicar o efectivo ajustamento necessário dos salários, que toma em linha de conta as diferenças entre empresas."

 

Como já vendo hábito, Bruxelas deixa também crítica à subida do salário mínimo, argumentando que, embora possa reduzir a intensidade da pobreza entre quem trabalha, irá comprimir a estrutura salarial e, caso não seja compensado pelo reforço da produtividade, "pode piorar as perspectivas de emprego para os menos qualificados".

(Notícia actualizada às 17h33)

Ver comentários
Saber mais Comissão Europeia Bruxelas dívida privada dívida pública relatório
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio