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Constâncio: "Não há dúvida que a economia portuguesa está numa evolução muito positiva"

O vice-presidente do BCE sublinha o bom desempenho da economia nacional, frisando que é também apoiado em exportações, o que revela que os aumentos salariais em Portugal não penalizaram a competitividade.

Bruno Simão/Negócios
25 de Maio de 2017 às 21:39
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O crescimento português impressiona na dimensão da aceleração, pelo facto de ser suportado também pelas exportações, o que atesta a competitividade do país mesmo com alguns aumentos de salários, e por ser acompanhado por uma redução de défice que garante um excedente orçamental sem juros, o que é muito importante para um país altamente endividado.

O número dois do BCE, Vítor Constâncio, falou aos jornalistas no final de uma aula sobre os desafios da política monetária, que leccionou no ISEG, no âmbito do mestrado de Economia Monetária e Financeira, que ele próprio coordenou até 2010. "Não há dúvida de que a economia portuguesa está numa evolução muito positiva, porque é também preciso notar que uma parte dessa aceleração do crescimento resultou de procura externa e não apenas de dinamismo da procura interna", afirmou o também ex-governador do Banco de Portugal, para quem esses dados revelam que "algumas correcções salariais que houve não comprometeram a competitividade externa da economia e não impediram que o desemprego tivesse continuado a diminuir".

O desempenho da economia foi "acompanhado do desempenho na política orçamental, o que levou a Comissão agora a propor que Portugal saia do procedimento dos défices excessivos, o que é também muito importante", continuou. Constâncio salientou ainda a importância de excedentes orçamentais sem juros conseguidos por Lisboa, considerando que tal é "muito importante para diminuir a dívida publica em relação ao produto nacional", e "para a reacção dos mercado financeiros". "Países que têm uma dívida pública elevada têm que manter saldos primários positivos", reforçou.

Na sua aula, o vice-presidente do BCE elencou várias lições da crise – desde os riscos que o sistema financeiro coloca à economia real, que eram desvalorizados antes da crise, até ao reconhecimento de que a gestão da procura agregada é fundamental em situações de depressão económica – e expôs nove reacções possíveis para a política monetária. Nelas incluem-se os vários instrumentos já usados pelo BCE, como a compra de activos, as taxas de juro negativas, ou o "forward guidance", mas também respostas menos ortodoxas, como colocar o banco central a dar dinheiro directamente às pessoas, ou alterar o seu objectivo de inflação do bano central para mais de 2%, entre outras.

Constâncio concluiu que o mais provável será que os bancos centrais tentem regressar lentamente ao enquadramento de política monetária convencional que vigorou antes da crise, mas reforçado com instrumentos de política macroprudencial, que possam contribuir para garantir a estabilidade financeira que a política monetária não conseguir antes da crise, nem deverá conseguir garantir.
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