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Coface: Subida dos salários vai penalizar a competitividade de Portugal 

A maior seguradora de créditos do mundo manteve inalterada a classificação do risco de incumprimento das empresas portuguesas. Falências vão voltar a cair em 2017 mas manter-se-ão num patamar elevado, prevê a Coface.

Miguel Baltazar/Negócios
24 de Janeiro de 2017 às 15:18
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A economia portuguesa deverá acelerar ligeiramente neste ano, mas voltará a crescer menos do que a média da Zona Euro, devendo a subida dos salários reflectir-se negativamente sobre a competitividade das exportações, antecipa a Coface. A actualização do panorama económico para Portugal e para as principais economias mundiais foi apresentada nesta terça-feira, 24 de Janeiro, em Paris por ocasião da XXI conferência da maior seguradora de créditos do mundo sobre o risco de incumprimento das empresas instaladas em cada país.

 

"O crescimento deverá manter-se modesto em 2017, devido a uma muito tímida recuperação do investimento e uma ligeira desaceleração do consumo privado", calcula o departamento de análise económica da Coface liderado por Julien Marcilly, segundo o qual Portugal deverá crescer 1,3% neste ano, ligeiramente acima dos 1,2% que terá crescido em 2016 mas abaixo dos 1,6% previstos para a Zona Euro. A inflação acelerará de 0,7% para 1,1% e o excedente externo subirá de 0,1% para 0,5% do PIB. 

 

Este cenário resulta do "nível ainda muito elevado de endividamento das empresas e das famílias, da fragilidade do crédito, de uma insuficiente descida do desemprego, da subida dos preços da energia e de um ambiente mais incerto na Zona Euro". As exportações, por seu turno, "deverão subir muito ligeiramente, designadamente devido à subida dos salários que pesará sobre a competitividade". "A redução recente dos custos laborais foi uma dinâmica que ajudou à economia portuguesa e que ainda citamos como sendo um dos pontos fortes do país, mas que pode estar a ser posta em causa por movimentos conjunturais", explicou Marcilly ao Negócios. 

 

Nas contas públicas, a Coface assume uma nova redução do défice orçamental de 2,5% para 2,1% do PIB, assim como uma primeira inversão na trajectória de crescimento da dívida, que deverá passar de 130,2% para 129,5% do PIB. 

 

Quanto ao contexto político e à "aliança inédita" que governa o país, a Coface considera tratar-se de uma solução com fragilidades mas que tem conseguido responder aos desafios mais imediatos. "Até agora, o primeiro-ministro tem conseguido conciliar as exigências da Comissão Europeia com as dos seus aliados políticos, mas estes estão a pressioná-lo com a renegociação da dívida, o que poderá complicar a sua tarefa", lê-se no relatório anual da Coface, no qual a maior seguradora de créditos do mundo manteve inalterada em A4 (ainda na metade inferior da tabela de sete níveis) a classificação do risco de incumprimento das empresas portuguesas. 

 

Ao nível mais micro, a seguradora de créditos antecipa uma nova redução no número de falências, prevendo uma queda de 2,3% neste ano, após uma redução de 4,5% no ano passado. Não obstante, a Coface prevê que morram 14.093 empresas ao longo de 2017, um valor não muito distante do pico ligeiramente superior a 15.500 atingido em 2012 e em 2013, os anos mais severos da mais recente crise.

 

* a jornalista viajou a Paris a convite da Coface 

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