Notícia
Bankinter estima recessão de 2,7% em Portugal em 2020, mas admite recuperação célere
Mesmo se o surto da covid-19 for controlado até ao final de junho, a economia portuguesa já não escapa a uma recessão. PIB deve cair 2,7% este ano, estima o Bankinter. Retoma será célere, mas exportações e emprego vão levar mais tempo a recuperar.
O Bankinter estima que a economia portuguesa recue 2,7% este ano devido ao bloqueio provocado pelo surto do novo coronavírus, mesmo que comece a recuperar em meados do terceiro trimestre.
"Embora nesta fase ainda exista um elevado nível de incerteza, é altamente provável que a economia portuguesa entre em recessão em 2020. O nosso cenário base aponta para uma queda de 2,7% do PIB em 2020", afirma João Pisco, analista financeiro e de mercados do Bankinter Portugal.
Neste cenário, os analistas do Bankinter assumem uma "contração bastante severa no segundo trimestre", com uma queda de 10,6% do PIB.
João Pisco lembra que a crise atual tem "características bastante peculiares", sobretudo quando comparada com crises anteriores, como a de 2011-2012, por se tratar de uma crise provocada por um choque exógeno à economia (saúde pública) de "carácter (supostamente) temporário".
Os analistas assumem que a pandemia é controlada ainda no decorrer do segundo trimestre e que, consequentemente, o choque económico não causará danos estruturais, nomeadamente ao nível do emprego. No entanto, no cenário mais pessimista, caso o 'shutdown' da economia se estenda por mais de dois meses, o PIB poder retroceder 4% e a taxa de desemprego superar os 10%.
Ainda assim, e assumindo que a pandemia é controlada até junho, o Bankinter espera uma "recuperação relativamente célere" a partir de meados do terceiro trimestre e que se vai acentuar nos últimos meses do ano.
Para 2021, o Bankinter prevê uma recuperação do crescimento do PIB de 3%. Segundo João Pisco, a recuperação económica deve ser "bastante mais célere do que em crises passadas".
Exportações com impacto mais prolongado
As exportações portuguesas serão as mais afetadas: o Bankinter prevê uma queda de 7,7% nesta rubrica em 2020 e uma recuperação lenta em 2021, de 1,7%. "Isto reflete não só o impacto profundo que deverá ser sentido ao nível do turismo, mas também a menor procura por bens, fruto da desaceleração económica global", referem os analistas.
Contudo, a forte queda dos preços do petróleo deverá compensar parte desse efeito e mitigar o impacto ao nível da balança comercial.
Do lado da procura interna, a retoma deve ser relativamente rápida, estima o Bankinter: "Estaremos perante um adiamento de decisões de consumo e de investimento, do segundo trimestre para o segundo semestre, e não perante uma quebra estrutural causada por uma diminuição generalizada dos rendimentos".
Por isso, o reforço da utilização do comércio online pode ter um papel importante na mitigação do impacto ao nível do consumo das famílias, considera o analista.
Em relação ao emprego, o Bankinter estima um aumento da taxa de desemprego para 9,5% em 2020 (contra os 6,7% verificados no final de 2019), que se deve reduzir para 8,2% ao longo de 2021.
"Este aumento expressivo do desemprego em 2020 reflete sobretudo o impacto da pandemia no setor do turismo, que representa, direta e indiretamente, cerca de 20% do total de emprego em Portugal", lembra João Pisco.
"Embora nesta fase ainda exista um elevado nível de incerteza, é altamente provável que a economia portuguesa entre em recessão em 2020. O nosso cenário base aponta para uma queda de 2,7% do PIB em 2020", afirma João Pisco, analista financeiro e de mercados do Bankinter Portugal.
João Pisco lembra que a crise atual tem "características bastante peculiares", sobretudo quando comparada com crises anteriores, como a de 2011-2012, por se tratar de uma crise provocada por um choque exógeno à economia (saúde pública) de "carácter (supostamente) temporário".
Os analistas assumem que a pandemia é controlada ainda no decorrer do segundo trimestre e que, consequentemente, o choque económico não causará danos estruturais, nomeadamente ao nível do emprego. No entanto, no cenário mais pessimista, caso o 'shutdown' da economia se estenda por mais de dois meses, o PIB poder retroceder 4% e a taxa de desemprego superar os 10%.
Ainda assim, e assumindo que a pandemia é controlada até junho, o Bankinter espera uma "recuperação relativamente célere" a partir de meados do terceiro trimestre e que se vai acentuar nos últimos meses do ano.
Para 2021, o Bankinter prevê uma recuperação do crescimento do PIB de 3%. Segundo João Pisco, a recuperação económica deve ser "bastante mais célere do que em crises passadas".
Exportações com impacto mais prolongado
As exportações portuguesas serão as mais afetadas: o Bankinter prevê uma queda de 7,7% nesta rubrica em 2020 e uma recuperação lenta em 2021, de 1,7%. "Isto reflete não só o impacto profundo que deverá ser sentido ao nível do turismo, mas também a menor procura por bens, fruto da desaceleração económica global", referem os analistas.
Contudo, a forte queda dos preços do petróleo deverá compensar parte desse efeito e mitigar o impacto ao nível da balança comercial.
Do lado da procura interna, a retoma deve ser relativamente rápida, estima o Bankinter: "Estaremos perante um adiamento de decisões de consumo e de investimento, do segundo trimestre para o segundo semestre, e não perante uma quebra estrutural causada por uma diminuição generalizada dos rendimentos".
Por isso, o reforço da utilização do comércio online pode ter um papel importante na mitigação do impacto ao nível do consumo das famílias, considera o analista.
Em relação ao emprego, o Bankinter estima um aumento da taxa de desemprego para 9,5% em 2020 (contra os 6,7% verificados no final de 2019), que se deve reduzir para 8,2% ao longo de 2021.
"Este aumento expressivo do desemprego em 2020 reflete sobretudo o impacto da pandemia no setor do turismo, que representa, direta e indiretamente, cerca de 20% do total de emprego em Portugal", lembra João Pisco.