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"Crescimento de 2017 teve fraca qualidade" e "não se deve deitar foguetes"
"O crescimento de 2017 teve fraca qualidade, estando associado a uma queda da produtividade, o oposto do que deveria estar a acontecer”, refere o Fórum Competitividade.
O desempenho da economia portuguesa em 2017, com o PIB a crescer ao ritmo mais forte em 17 anos, deve ser visto com cautela e "não se deve deitar foguetes", diz o Fórum para a Competitividade na nota de conjuntura de Fevereiro publicada esta sexta-feira, 2 de Março.
São várias as razões apontadas pelo Fórum para justificar esta visão pessimista da economia nacional. Desde logo assinala que "o crescimento de 2017 teve fraca qualidade, estando associado a uma queda da produtividade, o oposto do que deveria estar a acontecer".
Além disso, realça que "2017 foi também o melhor ano da economia mundial dos últimos 10 anos" e "o valor de 2017 foi empolado pelo péssimo desempenho do primeiro semestre de 2016".
A entidade presidida por Ferraz da Costa (na foto) acrescenta que "2017 não é o início de um novo período de prosperidade, já que a generalidade das instituições (FMI, Comissão Europeia, OCDE, Banco de
Portugal, etc.) aponta para uma desaceleração sucessiva da economia", sendo que "não há qualquer sinal de que o potencial de crescimento da economia tenha subido, devendo manter-se em níveis baixíssimos, em torno de 1,5%".
deitar foguetes, por várias razões Fórum para a Competitividade
No que diz respeito ao emprego, o Fórum assinala que o forte crescimento "é motivo de regozijo", mas o facto de estar a aumentar a um ritmo inferior ao PIB, "é motivo de preocupação, porque significa uma diminuição da produtividade média, o inverso do que se deveria estar a passar".
"Pior ainda, o diferencial entre ambos está a alargar-se, ou seja, a produtividade está agora a cair mais", diz o Fórum, assinalando que "com o emprego a subir 3,2% (no 4º trimestre), o PIB deveria estar a subir a 4,5% e não a 2,4%".
Também nas contas externas o Fórum não vê motivos para optimismo. "Continuamos a alertar para o facto de o equilíbrio das contas externas estar a acontecer por uma má razão: estamos a investir muito pouco, desde 2012 que o investimento não compensa o desgaste do material (amortização) pelo que a quantidade de capital por trabalhador está em queda, o que constitui um claro obstáculo ao crescimento da produtividade", refere.
O saldo das balanças corrente e de capital fixou-se em 2.699 milhões de euros (1,4% do PIB), menos 280 milhões de euros do que no ano anterior.
Os motivos porque não se devem deitar foguetes com o crescimento do PIB em 2017, segundo o Fórum para a Competitividade:
- 2017 foi também o melhor ano da economia mundial dos últimos 10 anos; o facto de no caso português ser o melhor dos últimos 17 não tem a ver com ele ter sido especialmente bom, mas porque já antes da crise a economia nacional estava estagnada;
- o valor de 2017 foi empolado pelo péssimo desempenho do 1º semestre de 2016, quando os investidores se retraíram em consequência da reversão de contratos pelo novo governo;
- Em 2017, repetiu-se o que vinha acontecendo desde 2012, um nível insuficiente de investimento, que nem chega para compensar o desgaste de material;
- O crescimento de 2017 teve fraca qualidade, estando associado a uma queda da produtividade, o oposto do que deveria estar a acontecer; 2017 não é o início de um novo período de prosperidade, já que a generalidade das instituições (FMI, Comissão Europeia, OCDE, Banco de Portugal, etc.) aponta para uma desaceleração sucessiva da economia;
- não há qualquer sinal de que o potencial de crescimento da economia tenha subido, devendo manter-se em níveis baixíssimos, em torno de 1,5%. Um sinal de subida de potencial de crescimento seria um acelerar do crescimento da produtividade, enquanto o que se passa é o oposto.