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Baixa de Lisboa passa a ter acesso limitado só a carros de residentes
Parte da avenida da Liberdade, da Baixa e do Chiado, em Lisboa, vão passar a integrar uma zona de emissões reduzidas, o que implicará fortes restrições à circulação de viaturas.
A Câmara de Lisboa anunciou esta sexta-feira a criação de uma zona de emissões reduzidas, que abrangerá a parte da Avenida da Liberdade, Baixa e Chiado. Só veículos autorizados poderão circular e o controlo começará a ser feito entre julho e agosto.
Na prática, será necessário um dístico para se poder aceder àquela zona e, sendo residente, poder estacionar. Além disso, à exceção dos carros dos residentes e dos que transportem pessoas com cartão de estacionamento de deficientes, só viaturas posteriores a 2000 poderão circular. Estão previstos controlo de acessos que funcionarão todos os dias entre as 6:30 e a meia-noite.
O anuncio foi feito pelo presidente da câmara, Fernando Medina. Será uma "transformação impar" na cidade e uma grande mudança da forma como todos podem usufruir da Baixa, dando mais uns passos numa zona que durante décadas foi desenhada para o automóvel, sublinhou o presidente da câmara.
Além dos residentes, poderão circular veículos autorizados, como transporte público, serviços públicos essenciais, transporte de menores a escolas, quadrículas e triciclos para atividade turística ou serviços regulares de transporte turístico.
O estacionamento será reservado, em toda a zona, a residentes com dístico, com exceção de bolsas para cargas e descargas, tomada e largada de passageiros e outros lugares especiais
Haverá também restrições ao tipo de viaturas sem dístico que poderão circular nesta zona. Terão de cumprir a norma Euro 3 - veículos ligeiros fabricados pós janeiro de 2000 e pesados posteriores a outubro do mesmo ano. Só os veículos mais antigos com dístico de residente ou que transportem pessoas com cartão de estacionamento de deficiente poserão circular à vontade.
A nova área abrange uma parte das freguesias de Santo António, Santa Maria Maior e Misericórdia. Será delimitada a norte pela calçada da Glória, praça dos Restauradores e Martim Moniz; a sul, pelo eixo Cais do Sodré, rua Ribeira das Naus, Praça do Comércio e rua da Alfândega; a nascente pela rua do Arco do Marques de Alegrete, Rua da Madalena e Campo das Cebolas; e a poente pela rua do Alecrim, rua da Misericórdia, rua Nova da Trindade e rua de São Pedro de Alcântara.
Pelas contas da autarquia, serão menos 40 mil veículos a circular, uma redução anual de cerca de 60 mil toneladas de CO2 e uma "redução significativa da poluição, que ataca todos, mas sobretudo as crianças, que respiram muito mais do que nós, porque o fazem muito mais vezes", lembrou Medina. Na avenida da Liberdade, recorde-se, o ar excede em 50% o limite máximo recomendado pela União Europeia de dióxido de azoto (em termos de média anual) e o trânsito automóvel é o principal responsável por esses elevados índices de poluição.
Mais passeios e ciclóvias
Na sequência deste plano, a ideia é ter mais 4,6 hectares de passeios que serão "devolvidos à fruição dos cidadãos", com a redução de cerca de 60% dos lugares de estacionamento, a começar pela avenida da Liberdade. Haverá uma redução de 40% dos lugares de estacionamento destinados a rotação. E, em contrapartida, mais 50% de lugares destinados a residentes.
O programa vai também permitir resolver problemas que a Carris enfrenta, nomeadamente "estrangulamentos e atrasos, perdas de centenas de horas provocadas por um estacionamento em cima de uma linha do elétrico", referiu o presidente da autarquia. "Este programa vai permitir melhorar a eficácia dos transportes públicos" em ruas como a de São Paulo, rua da Escola Politécnica ou rua dos Fanqueiros, acrescentou.
Por outro lado, a autarquia promete mais 5,7 quilómetros de rede ciclável entre o Marquês e o rio.
O plano agora divulgadovai ainda ser apresentado à população das freguesias abrangidas assembleia municipal, para depois se apresentado em câmara.
Trata-se de "um dos projetos mais marcantes deste mandato, central" e que se insere no âmbito da Lisboa Capital Verde, sublinhou Fernando Medina. "Uma mudança na forma como vamos viver a baixa de Lisboa".
Medina fez questão de agradecer a Manuel Salgado e à sua equipa, enquanto vereador teve um papel essencial.